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Reinvenção da roda

Você torcedor tricolor sabia que seu time não vence uma final de Campeonato Carioca diante do Flamengo há 83 anos?

E você, alvinegro? Sabia que o Botafogo só derrotou o Vasco numa única final de Campeonato Carioca no século XX, em 1997?

Aquele Fla-Flu de 1963, válido pela última rodada, com 177.020 pagantes, não foi uma decisão, compreendem flamenguistas?

O Vasco x Flamengo, que deu ao clube o Super Super Campeonato Carioca em 1958 também não foi uma decisão, viu vascaínos?

Quando o Palmeiras conquistou o Campeonato Paulista no ano do sesquicentenário da Independência (1972), empatando contra o São Paulo, que precisava da vitória para conquistar o título, na última rodada da competição, aquilo não era uma decisão.

O contrário havia se dado no ano anterior. O São Paulo precisava do empate e venceu por 1 x 0, contra o mesmo Palmeiras, que dependia da vitória para conquistar o título. Também não se tratava de uma decisão aquele jogo.

Já o Santos, que atuou na última rodada do Campeonato Paulista de 1984, jogando pelo empate contra o Corinthians, que só levaria a taça vencendo o jogo, conquistou o título, derrotando o rival por 1 x 0, mas isso não se tratou de uma decisão, embora São Paulo inteira entendesse o contrário.

O Fla-Flu da Lagoa, em 1941, disputado cheio de mística, que deu o campeonato ao Fluminense, os títulos do Botafogo em 1948 e 1957 contra Vasco (3 x 1) e Fluminense (6 x 2), a primeira final de Campeonato Carioca da história do Maracanã, valendo o título de 1950 e vencida pelo Vasco, nada disso foi decisão.

Até América e Bangu não venceram numa decisão contra Fluminense e Flamengo respectivamente, porque a partida final entre as duas equipes, que valia o título, não seria, imaginem, uma decisão.

Pobre Botafogo. As inolvidáveis finais contra Flamengo (1962), Bangu (1967) e Vasco (1968) não foram decisões de Campeonato Estadual coisíssima nenhuma, embora houvesse na última rodada duas equipes disputando o título diretamente.

O polêmico título do Fluminense em 1971, diante do Botafogo (que virou livro), também não se trata de uma decisão, o Fla-Flu que decidiu o Campeonato Carioca de 1972, o Vasco x Flamengo que levou o rubro-negro ao título de 1974, o Bi e o Tri do Fluminense, em 1984 e 1985 (contra Flamengo e Bangu), além do gol de barriga do atacante Renato Gaúcho também não foram decisões, assim também como os gols de Marquinho e Tita, que em 1982 e 1987 deram o título na partida final ao Vasco, diante do Flamengo, não eram decisões.

Até mesmo a Copa do Mundo de 1950, definida entre Brasil e Uruguai na última rodada, não se tratou de uma decisão de título mundial. É necessário avisar isso aos uruguaios, que desconheciam o fato até hoje.

Nenhum exemplo dado acima, pois, na cabeça das Organizações Globo e/ou de seus luminares lunáticos, pode ser caracterizada como uma decisão, conforme matérias surgidas nas últimas semanas, veiculadas por seus meios de comunicação e porta vozes.

Ora, se numa disputa com 20 clubes ou três chega-se à última rodada com apenas duas equipes aptas a conquistar o título, sendo garantido a quaisquer das duas vencê-lo com uma vitória naquela partida (dependendo até muitas vezes do saldo de gols) é óbvio e inequívoco que ela é exatamente a decisão do campeonato, torneio, copa, turno…

Se o regulamento da competição permite a disputa direta pelo título, por duas equipes, após fases, turnos anteriores à final terem sido jogados, há decisão. Assim como num triangular final se a última rodada leva a uma embate de dois dos seus protagonistas, idem. Como pode ocorrer isso também na disputa de um quadrangular, pentagonal, hexagonal, octogonal. É o óbvio ululante.

Vamos registrar para o público leitor, a fim de que ele fique bem informado, quais foram as decisões de Campeonatos Cariocas em toda a história.

1921 – Flamengo 2 x 1 América – Partida única decisiva entre os dois clubes, que terminaram empatados em número de pontos no campeonato.
1924 – Vasco 1 x 0 Bonsucesso (Federação Metropolitana de Desportos Terrestres) – Última partida, decisiva para ambos, do triangular final do campeonato.
1929 – Vasco 5 x 0 América – Última partida melhor de três decisiva entre os dois clubes.
1936 – Vasco 2 x 1 Madureira (Federação Metropolitana de Desportos) – Última partida da melhor de três decisiva entre os dois clubes.
1936 – Fluminense 1 x 1 Flamengo (Liga Carioca de Futebol) – Última partida da melhor de três decisiva entre os dois clubes
1941 – Fluminense 2 x 2 Flamengo – Última partida, decisiva para ambos, na última rodada do campeonato.
1944 – Flamengo 1 x 0 Vasco – Última partida, decisiva para ambos, na última rodada do campeonato.
1946 – Fluminense 1 x 0 Botafogo – Última partida, decisiva, do quadrangular de desempate do campeonato (tratado à época como Supercampeonato).
1948 – Botafogo 3 x 1 Vasco – Última partida, decisiva para ambos, na última rodada do campeonato.
1950 – Vasco 2 x 1 América – Última partida, decisiva para ambos, na última rodada do campeonato.
1951 – Fluminense 2 x 0 Bangu – Segunda partida da melhor de três decisiva entre os dois clubes.
1955 – Flamengo 4 x 1 América – Última partida da melhor de três decisiva entre os dois clubes.
1957 – Botafogo 6 x 2 Fluminense – Última partida, decisiva para ambos, na última rodada do campeonato.
1958 – Vasco 1 x 1 Flamengo – Última partida, decisiva, do segundo triangular final do campeonato (tratado à época como Super Super Campeonato).
1960 – América 2 x 1 Fluminense – Última partida, decisiva para ambos, na última rodada do campeonato.
1962 – Botafogo 3 x 0 Flamengo – Última partida, decisiva para ambos, na última rodada do campeonato.
1963 – Flamengo 0 x 0 Fluminense – Última partida, decisiva para ambos, na última rodada do campeonato.
1964 – Fluminense 3 x 1 Bangu – Segunda partida da melhor de três decisiva entre os dois clubes.
1966 – Bangu 3 x 0 Flamengo – Última partida, decisiva para ambos, na última rodada do campeonato.
1967 – Botafogo 2 x 1 Bangu – Última partida, decisiva para ambos, na última rodada do campeonato.
1968 – Botafogo 4 x 0 Vasco – Última partida, decisiva para ambos, na última rodada do campeonato.
1971 – Fluminense 1 x 0 Botafogo – Última partida, decisiva para ambos, na última rodada do campeonato.
1972 – Flamengo 2 x 1 Fluminense – Última partida, decisiva para ambos, do triangular final do campeonato.
1973 – Fluminense 4 x 2 Flamengo – Primeiro jogo decisivo entre o Fluminense, campeão de um turno e de seu grupo no 3º turno e o Flamengo, campeão de apenas um turno.
1974 – Flamengo 0 x 0 Vasco – Última partida, decisiva para ambos, do triangular final do campeonato.
1975 – Fluminense 0 x 1 Botafogo – Última partida, decisiva para ambos, do triangular final do campeonato.*
*O Botafogo precisaria vencer por três gols de diferença para conquistar o título.
1976 – Fluminense 1 x 0 Vasco – Partida extra decisiva, após empate em pontos das duas equipes no quadrangular final do campeonato.
1980 – Fluminense 1 x 0 Vasco – Partida extra decisiva entre os campeões dos dois turnos.
1981 – Flamengo 2 x 1 Vasco – Última partida da melhor de três decisiva entre os dois clubes.
1982 – Vasco 1 x 0 Flamengo – Última partida, decisiva para ambos, do triangular final do campeonato.
1984 – Fluminense 1 x 0 Flamengo – Última partida, decisiva para ambos, do triangular final do campeonato.
1985 – Fluminense 2 x 1 Bangu – Última partida, decisiva para ambos, do triangular final do campeonato.
1986 – Flamengo 2 x 0 Vasco – Última partida da melhor de três decisiva entre os dois clubes.
1987 – Vasco 1 x 0 Flamengo – Última partida, decisiva para ambos, do triangular final do campeonato.
1988 – Vasco 1 x 0 Flamengo – Segunda partida da melhor de três decisiva entre os dois clubes.
1989 – Botafogo 1 x 0 Flamengo – Segunda partida da melhor de três decisiva entre os dois clubes.
1990 – Botafogo 1 x 0 Vasco – Última partida, decisiva para ambos, do triangular final do campeonato.
1991 – Flamengo 4 x 2 Fluminense – Segunda partida da melhor de três decisiva entre os dois clubes.
1993 – Vasco 0 x 0 Fluminense – Última partida da melhor de três decisiva entre os dois clubes.
1994 – Vasco 2 x 0 Fluminense – Última partida, decisiva para ambos, do quadrangular final do campeonato.
1995 – Fluminense 3 x 2 Flamengo – Última partida, decisiva para ambos, do octogonal final do campeonato.
1997 – Botafogo 1 x 0 Vasco – Segunda partida da melhor de três decisiva entre os dois clubes.
1999 – Flamengo 1 x 0 Vasco – Segunda partida decisiva entre os campeões de turno do Campeonato Carioca.
2000 – Flamengo 2 x 1 Vasco – Segunda partida decisiva entre os campeões de turno do Campeonato Carioca.
2001 – Flamengo 3 x 1 Vasco – Segunda partida decisiva entre os campeões de turno do Campeonato Carioca.
2002 – Fluminense 3 x 1 Americano – Segundo partida decisiva entre os dois vencedores dos quadrangulares finais em seus respectivos grupos.
2003 – Vasco 2 x 1 Fluminense – Segunda partida decisiva entre os vencedores das duas semifinais do Campeonato Carioca.
2004 – Flamengo 3 x 1 Vasco – Segunda partida decisiva entre os campeões de turno do Campeonato Carioca.
2005 – Fluminense 3 x 1 Volta Redonda – Segunda partida decisiva entre os campeões de turno do Campeonato Carioca.
2006 – Botafogo 3 x 1 Madureira – Segunda partida decisiva entre os campeões de turno do Campeonato Carioca.
2007 – Flamengo (4) 2 x 2 (2) Botafogo – Segunda partida decisiva entre os campeões de turno do Campeonato Carioca.
2008 – Flamengo 3 x 1 Botafogo – Segunda partida decisiva entre os campeões de turno do Campeonato Carioca.
2009 – Flamengo (4) 2 x 2 (2) Botafogo – Segunda partida decisiva entre os campeões de turno do Campeonato Carioca.
2012 – Fluminense 1 x 0 Botafogo – Segunda partida decisiva entre os campeões de turno do Campeonato Carioca.
2014 – Flamengo 1 x 1 Vasco – Segunda partida decisiva entre os vencedores das duas semifinais do Campeonato Carioca.
2015 – Vasco 2 x 1 Botafogo – Segunda partida decisiva entre os vencedores das duas semifinais do Campeonato Carioca.
2016 – Vasco 1 x 1 Botafogo – Segunda partida decisiva entre os vencedores das duas semifinais do Campeonato Carioca.
2017 – Flamengo 2 x 1 Fluminense – Segunda partida decisiva entre os vencedores das duas semifinais do Campeonato Carioca.
2018 – Botafogo (4) 1 x 0 (3) Vasco – Segunda partida decisiva entre os vencedores das duas semifinais do Campeonato Carioca.

Casaca!

Vasco chegou à 5ª final de Carioca em 6 anos

O Vasco é o clube mais frequente nas decisões do Campeonato Carioca desde 2014. Em 6 anos, esta é a 5ª vez que o Gigante da Colina chega à final do Cariocão. O time cruzmaltino só ficou fora da disputa em 2017.

Clubes mais presentes em finais do Campeonato Carioca de 2014 a 2019
– Vasco: 5
– Flamengo: 3
– Botafogo: 3
– Fluminense: 1

Finais do Campeonato Carioca de 2014 a 2019
– 2014: Flamengo campeão, Vasco em 2º lugar *
– 2015: Vasco campeão, Botafogo em 2º lugar
– 2016: Vasco campeão, Botafogo em 2º lugar
– 2017: Flamengo campeão, Fluminense em 2º lugar
– 2018: Botafogo campeão, Vasco em 2º lugar
– 2019: Vasco x Flamengo nos dias 14 e 21 Abril

* Flamengo campeão em 2014 com gol nos acréscimos em flagrante impedimento. Na ocasião, o goleiro rubro-negro Felipe ficou marcado pela frase “Roubado é mais gostoso”. Se o VAR fosse utilizado em 2014, a arbitragem anularia o gol e o Vasco seria campeão mais uma vez.

CASACA!

O dia que o Vasco vingou o Brasil

– Danilo perdeu para Julio Pérez, que entregou imediatamente na direção de Míguez. Míguez devolveu a Julio Pérez, que está lutando contra Jair, ainda dentro do campo uruguaio. Deu para Ghiggia. Devolveu a Julio Pérez, que dá em profundidade ao ponteiro direito. Corre Ghiggia! Aproxima-se do gol do Brasil e atira! Gol! Gol! Do Uruguai! Ghiggia! Segundo gol do Uruguai.

69 anos já se passaram, mas o tento que silenciou 200 mil pessoas ainda causa arrepios. O fantasma de 50 assombra gerações, mesmo aquelas que só o conhecem dos livros ou, as mais novas, de vídeos resgatados pela internet. É difícil imaginar o sentimento causado pelo gol que decretou a mais inesperada das derrotas menos de nove meses depois do Maracanazo. Especialmente entre os brasileiros mais próximos da história, aqueles que estavam em campo.

Mário Filho celebrou a primeira vitória do Vasco em artigo com imagem de lance do Maracanazo (Foto: Reprodução)

O desejo, porém, era de vingança. Coube ao Vasco, de Barbosa – sim, ele –, Augusto, Danilo, Friaça e Ademir, realizá-la. Em Montevidéu. Foi no dia 8 de abril de 1951, exatos 68 anos atrás, que os comandados do técnico Otto Glória recuperariam o prestígio do futebol brasileiro diante de seu algoz. O amistoso entre Peñarol e Vasco, no estádio Centenário, era o primeiro encontro entre brasileiros e uruguaios desde a final da Copa do Mundo de 1950, justamente entre as equipes que eram bases de suas seleções.

No gramado, 11 dos jogadores que duelaram no Maracanã. Barbosa de um lado, Ghiggia de outro. Friaça, que fez o primeiro gol em 16 de julho de 1950, assim como Schiaffino, que empatou aquela final, também se enfrentaram. O temido Obdúlio Varela, o homem que ergueu a taça que deveria ter ficado no Rio de Janeiro, esteve em campo.

– Quando o Brasil jogou contra o Uruguai na Copa de 1970 (semifinal, 3 a 1 para o Brasil), falaram em vingança de 50. Mas não vi assim. Honestamente: eu lavei minha alma um ano depois da nossa derrota na final da Copa, quando viajei para o Uruguai, pelo Vasco da Gama, para enfrentar o Peñarol – contou o goleiro Barbosa ao jornalista Geneton Moraes Neto em entrevista para o livro “Dossiê 50”.

– Eu disse ao Gigghia que eu também já calei o Uruguai, no estádio Centenário, em Montevidéu. Venci os uruguaios (do Peñarol) por 3 a 0 – completou o arqueiro brasileiro, que pelos anos que lhe restaram – ele morreu em 2000 – carregou a culpa do revés no primeiro Mundial disputado no Brasil.

Sabor do Maracanazo

Poucos uruguaios testemunharam a façanha de sua seleção no Maracanã – apenas aqueles que estavam no estádio, já que as transmissões televisivas era praticamente um sonho à época. O amistoso entre Vasco e Peñarol levava a Montevidéu uma amostra do que havia acontecido meses antes – com a promessa de um jogo de volta para a semana seguinte, novamente no estádio municipal do Rio.

Barbosa, Augusto, Danilo, Friaça e Ademir, titulares do Brasil na Copa do Mundo, titulares também do Vasco. No elenco cruz-maltino ainda estavam Alfredo, Eli e Maneca, reservas na equipe de Flávio Costa, vice-campeão do Mundo. Entre os celestes, Máspoli, Matías González, Obdúlio Varela, Ghiggia, Míguez e Schiaffino. Atração suficiente para encher o Centenário com 70 mil pessoas.

O Vasco chegou à capital uruguaia três dias antes do confronto. Os jogadores buscavam “a reabilitação do football brasileiro”, segundo o Jornal dos Sports, dirigido pelo jornalista Mário Filho, que anos depois emprestaria seu nome ao Maracanã.

– Vamos dispostos a uma grande vitória na certeza de que teremos pela frente uma das maiores expressões do football sul-americano – afirmou, diplomaticamente, o atacante Ademir.

– Acabou a era dos Ghiggias e dos outros. Estamos bem preparados e podemos ganhar do Peñarol em Montevidéu – disse o desafiador Barbosa.

O jogo

A véspera da partida ficou marcada por um episódio inusitado. Escolhido para apitar o amistoso, o árbitro Esteban Marino “adoeceu gravemente” e precisou ser substituído. Com a aprovação vascaína, Cataldi – de primeiro nome ignorado pelos jornais da época – seria o juiz.

Otto Glória escalou seu time com Barbosa; Augusto e Clarel; Danilo, Eli e Alfredo; Tesourinha, Ademir, Friança, Maneca e Djair. O Peñarol teve Máspoli; Matías Gonzalez e Romero; Juan Carlos Gonzalez, Obdúlio Varela e Ortuno; Ghiggia, Hobberg, Míguez, Schiaffino e Vidal.

Imagens dos três gols mostram o Vasco de camisas brancas no confronto em Montevidéu (Foto: Reprodução)

Foi um passeio. Friaça abriu o placar no primeiro tempo. Ademir, mesmo com 39 graus de febre, fez o segundo antes de sair para a entrada de Ipojucan, que fechou o placar. Maneca infernizou Varela, Ghiggia desapareceu em campo.

“A vitória que o Vasco precisava, e o Brasil também”, estampou o Jornal dos Sports, em letras garrafais, em artigo de Mário Filho.

– Eu sou capaz de apostar que os jogadores do Vasco pensaram mais no Brasil do que no Vasco. Em Montevidéu, o Vasco era Brasil – escreveu o jornalista.

Barbosa virou “colosso”; Alfredo “marcou Ghiggia como Bigode deveria tê-lo feito no Maracanã”, lembrando o lateral-esquerdo, outro que não teria dado conta do ponta que anotou o gol do bicampeonato mundial do Uruguai.

Técnico do Brasil na Copa, e comandante vascaíno até meses antes, Flávio Costa enviou um telegrama aos brasileiros para parabenizá-los da vitória. “Um feito glorioso”, disse. Até cartolas rivais se manifestaram. “Consagrou o football brasileiro”, afirmou Carlos Martins da Rocha, do Flamengo. Tanto foi o orgulho de Fábio Carneiro de Mendonça, do Fluminense, que a vitória “deixou a impressão de traduzir feito da própria bandeira tricolor”.

Consagração no Rio

A volta vascaína foi de festa. Houve recepção no aeroporto do Galeão. Barbosa desabafou:

– Nunca em minha vida pisei em campo com tanta disposição. Somente agora quero recordar das maldosas insinuações de após a Copa do Mundo. Fui humilhado.

O goleiro Barbosa havia sido provocado por jornal uruguaio; brasileiros responderam na mesma moeda (Foto: Reprodução)

Havia, ainda, a partida de volta. O jogo estava marcado para o domingo seguinte, dia 15 de abril, no Maracanã. Os uruguaios chegaram ao Rio no meio da semana. Matías Gonzalez, campeão mundial, provocou na chegada:

– No Maracanã vamos desforrar-nos da surra de domingo. Este estádio foi feito para nós.

O confronto, porém, precisou ser adiado ao próximo domingo. Um temporal impediu que ele fosse realizado e a revanche ainda demoraria uma semana. Na quarta-feira seguinte, o Peñarol foi a São Paulo, onde empatou em a 0 a 0 com o Palmeiras.

Em 22 de abril, brasileiros e uruguaios mais uma vez se enfrentaram no Maracanã. Mas Friaça e Ademir enterraram as chances de o Peñarol repetir a frustração de 1950. Outra vitória cruz-maltina, 2 a 0 – bicho de oito mil cruzeiros para cada atleta.

– Quando acabou tudo (a final de 1950), eu pedia muito a Deus que eu jogasse outra vez contra o Uruguai. Terminei jogando, e ganhando pelo Vasco: 3 a 1 (3 a 0, na verdade) em Montevidéu, 2 a 0 aqui. Eu queria ir à forra – declarou Friaça, também no livro “Dossiê 50”.

Mais contido, Mário Filho definiu o feito vascaíno, ainda antes da segunda vitória:

– Enfim, embora reconheçamos que a vitória do Vasco não pôde apagar a derrota sofrida pelo football brasileiro em 16 de julho (de 1950), mesmo porque nada a apagará jamais, o triunfo vascaíno teve grande expressão, em tudo e por tudo, aparecendo ante nossos olhos, como se fora um lenço a enxugar um pouco de nossas lágrimas que ficaram com a Copa do Mundo.

As duas vitórias do Vasco enterraram “o cartaz dos campeões do mundo” (Foto: Reprodução)

Fonte: Globo Esporte

Campanha do Vasco no Cariocão 2019 é a melhor de todos os clubes, Flamengo é vice

Com a vitória do Vasco sobre o Bangu e o empate do Flamengo com o Fluminense, o Campeonato Carioca será decidido no Clássico dos Milhões. Vasco e Flamengo se enfrentarão nos dias 14 e 21 Abril no Maracanã.

Apesar de ter precisado passar pela fase semifinal, o título do Cariocão será disputado pelo campeão da Taça Guanabara e o campeão da Taça Rio. Nenhum dos times entrará na final com vantagem de dois resultados iguais.

Melhor aproveitamento é do Vasco

O Vasco faz a melhor campanha do Cariocão 2019, incluindo todas as fases disputadas até o momento. O Gigante da Colina obteve 11 vitórias, 3 empates, 2 derrotas, 24 gols pró e 10 gols sofridos, totalizando 75% de aproveitamento.

A segunda melhor campanha é do rival rubro-negro. O Flamengo somou 9 vitórias, 5 empates, 1 derrota, 29 gols pró e 13 gols sofridos, totalizando 71% de aproveitamento.

CASACA!

Vasco vence Bangu na semifinal do Campeonato Carioca

Vasco vence o Bangu no Maracanã e está na final do Campeonato Carioca

Por: Assessoria de Imprensa

O Vasco venceu o Bangu por 2 a 1, neste domingo (7/4), no Maracanã, e garantiu vaga na decisão do Campeonato Carioca. Os gols foram marcados por Bruno César e Yan Sasse. Com o resultado, o Gigante da Colina vai encarar o Flamengo na final, que será disputada em dois jogos, nos dias 14/4 e 21/4.

O próximo compromisso do Vasco será nesta quarta-feira (10/4), diante do Avaí, na Ressacada, às 21h30, pela partida de volta da terceira fase da Copa do Brasil. No primeiro jogo, em São Januário, o Cruzmaltino venceu por 3 a 2.

O JOGO

A primeira oportunidade do Vasco veio logo aos três minutos. Marrony avançou pela esquerda e tocou para trás. Bruno César chegou batendo forte, de primeira, mas a bola explodiu na marcação adversária. Aos 8, Danilo Barcelos levantou bola no meio da área, mas a defesa adversária afastou. O adversário chegou em algumas oportunidades, mas sem muito perigo para o gol de Fernando Miguel, que se mostrou seguro.

O Cruzmaltino voltou a criar uma boa oportunidade aos 38. Marrony ajeitou para Yan Sasse, que tentou a finalização de fora da área, mas a bola passou por cima do gol. Aos 44, Bruno César lançou Marrony, que arrancou pela esquerda e antes de virar o jogo acabou travado pela defesa adversária.

O Vasco voltou mais forte para a segunda etapa e logo aos 2 minutos criou a primeira boa oportunidade. Danilo levantou na área e Ricardo subiu mais que todo mundo, cabeceando próximo a trave. O VAR indicou que Lucas Mineiro havia sido puxado, o árbitro conferiu e marcou pênalti. Bruno César cobrou e abriu o placar: VASCO 1 a 0. Aos 10, o adversário empatou com Yaya Banhoro: 1 a 1. A resposta do Vasco foi rápida. Aos 14, Bruno César fez boa jogada pela direita e tocou para Marrony, que deu rápido em Yan Sasse. O jogador teve calma para limpar o zagueiro e bater firme no ângulo: VASCO 2 a 1.

Aos 18, Yan Sasse puxou contra-ataque, mas demorou para dar em Tiago Reis e acabou desarmado. Aos 28, Raul recebeu na entrada da área, ajeitou e bateu colocado, mandando muito perto do gol. Aos 34, Lucas Santos lançou Marrony na esquerda. O atacante foi ao fundo e tocou para Tiago Reis, que bateu em cima da zaga. A bola sobrou para Yan Sasse, que tentou de bicicleta, mandando pelo lado.

Fonte: Site Oficial do Vasco

95 anos da “Resposta Histórica”

O ano de 1924 seria de grande importância para a história vascaína e o futebol nacional, dada a atitude do clube diante do preconceito da elite contra os seus atletas.

Em fevereiro, após muitos entreveros com a LMDT por não terem a maioria qualitativa desejada e ainda por quererem adotar critérios em defesa da pequena elite formada por América, Botafogo, Flamengo e Fluminense, surge entre esses clubes a ideia de sair daquela entidade para fundar a AMEA (Associação Metropolitana dos Esportes Athleticos).

Inicialmente, o Vasco se associaria à nova entidade, mas ao sair o estatuto dela o clube percebe não ser bem-vindo àquela pequena oligarquia formada também pelo Bangu , além dos quatro grandes. O parágrafo único do artigo 5º já trazia um problema ao clube, pois nele era dito claramente que a praça de esportes do clube filiado à Liga não poderia ser arrendada de qualquer outra associação desportiva, vinculada ou não à AMEA. Deveria partir o Vasco para a compra do estádio da Rua Moraes e Silva, alugado até o ano de 1927, ou de algum outro que desejasse e pô-lo em condições de absorver sua torcida a mais popular do Rio de Janeiro à época.

Independentemente disso , no próprio documento formal que regeria a Liga havia uma clara tentativa de impossibilitar atletas menos abastados de participar dela, bem como era imposta uma responsabilização dos dirigentes por tais presenças em seus respectivos times. A questão mais uma vez era atingir os analfabetos, obrigados a passar por novos constrangimentos, e implicitamente impedir esmagadora maioria dos negros de atuar, pois era bastante reduzido na capital federal o número de atletas dessa cor alfabetizados.

Diante do impasse, o Vasco teria que fazer uma escolha. A opção se deu a favor dos seus jogadores e contrária à permanência da AMEA, que considerava os atletas vascaínos – embora campeões e superiores tanto física quanto tecnicamente, desde o ano anterior, aos adversários – inaptos a figurar naquela presunçosa oligarquia. Diante disso a mais famosa resposta dada pelo clube aos intolerantes e intoleráveis foi assinada pelo presidente vascaíno José Augusto Prestes, circulando para além da Liga e sendo, desde então, um marco na história do time, posto como um troféu emblemático (em meio à sala hoje repleta deles), pois retrato de defesa da igualdade social no esporte e do não preconceito. Ei-la:

Rio de Janeiro, 7 de Abril de 1924.

Officio No 261

Exmo. Snr. Dr. Arnaldo Guinle,

  1. D. Presidente da Associação Metropolitana de Esportes Athleticos.

As resoluções divulgadas hoje pela Imprensa, tomadas em reunião de hontem pelos altos poderes da Associação a que V. Exa. tão dignamente preside, collocam o Club de Regatas Vasco da Gama numa tal situação de inferioridade, que absolutamente não pode ser justificada, nem pelas defficiencias do nosso campo, nem pela simplicidade da nossa séde, nem pela condição modesta de grande numero dos nossos associados.

Os previlegios concedidos aos cinco clubs fundadores da A.M.E.A., e a forma porque será exercido o direito de discussão a voto, e feitas as futuras classificações, obrigam-nos a lavrar o nosso protesto contra as citadas resoluções.

Quanto á condição de eliminarmos doze dos nossos jogadores das nossas equipes, resolveu por unanimidade a Directoria do C.R. Vasco da Gama não a dever acceitar, por não se conformar com o processo porque foi feita a investigação das posições sociaes desses nossos consocios, investigação levada a um tribunal onde não tiveram nem representação nem defesa.

Estamos certos que V. Exa. será o primeiro a reconhecer que seria um acto pouco digno da nossa parte, sacrificar ao desejo de fazer parte da A.M.E.A., alguns dos que luctaram para que tivessemos entre outras victorias, a do Campeonato de Foot-Ball da Cidade do Rio de Janeiro de 1923.

São esses doze jogadores, jovens, quasi todos brasileiros, no começo de sua carreira, e o acto publico que os pode macular, nunca será praticado com a solidariedade dos que dirigem a casa que os acolheu, nem sob o pavilhão que elles com tanta galhardia cobriram de glorias.

Nestes termos, sentimos ter que comunicar a V. Exa. que desistimos de fazer parte da A.M.E.A.

Queira V. Exa. acceitar os protestos da maior consideração estima de quem tem a honra de subscrever

De V. Exa. Atto   Vnr., Obrigado. 

(a) José Augusto Prestes

Presidente

Fonte: “Todos contra ele” (Autor: Sérgio Frias)


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7 de abril: uma data, duas goleadas, 14 gols contra o Bangu

Neste domingo, 7 de abril, o Vasco enfrenta o Bangu em partida válida pela semifinal do Estadual 2019. É a terceira vez que as equipes se enfrentam nesta mesma data. Nas outras duas oportunidades, deu Vasco, com duas goleadas e 14 gols no clube da zona oeste do Rio.

No dia 7 de abril de 1929, o Vasco estreava no campeonato carioca daquele ano com uma goleada impiedosa sobre o Bangu: 9×1 , gols de Russinho (5), Sant’Anna, Fausto, Mário Mattos e Hespanhol. Esta é até hoje a maior goleada imposta sobre o clube da zona oeste. O Gigante da Colina acabou se sagrando campeão naquele ano.

A Noite (08/04/1929)

A outra goleada foi no dia 7 de abril de 2002, um 5 a 1 contra o alvirrubro pela penúltima rodada do Torneio Rio-SP daquele ano, com gols de Romário (2), Leonardo Moura, Léo Lima e Felipe.

Jornal do Brasil (08/04/2002)

Ps: Na rodada seguinte o Vasco precisava de uma vitória simples contra o Corinthians para passar de fase, mas foi extremamente prejudicado pela arbitragem, que não marcou dois pênaltis a favor do cruzmaltino, o que ensejou protestos da diretoria contra a CBF . O resultado final acabou 1×0 para os paulistas.

#OVascoHoje