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Maratona exaustiva expõe Vasco e pressiona Carille enquanto diretoria ignora impacto esportivo

O Vasco da Gama vive um dos momentos mais desgastantes da temporada. Sob o comando de Fábio Carille, o time entra em uma sequência brutal de partidas entre o fim de abril e o encerramento de maio. Embora atue oficialmente como mandante em algumas dessas datas, o clube, por decisão da diretoria, abriu mão de São Januário em jogos importantes, ampliando o número de compromissos fora de casa. A logística adotada é alvo de críticas e eleva a pressão sobre elenco, comissão técnica e bastidores.

A maratona começa no dia 27 de abril, contra o Cruzeiro, em Uberaba (MG), pelo Brasileirão. No dia 1º de maio, enfrenta o Operário-PR em Ponta Grossa pela Copa do Brasil. Em seguida, mesmo como mandante, o Vasco abre mão de jogar em São Januário e encara o Palmeiras no Estádio Mané Garrincha, em Brasília (4/5), longe de sua torcida tradicional. A sequência continua com viagens internacionais e interestaduais: visita o Academia Puerto Cabello na Venezuela (7/5), o Vitória em Salvador (10/5) e o Lanús na Argentina (13/5). Só então retorna ao Rio para jogar em São Januário contra o Fortaleza, no dia 17, seguido pelo duelo de volta contra o Operário, no dia 20. Quatro dias depois, novo jogo sem ser o mandante: clássico contra o Fluminense no Maracanã (24/5). O mês se encerrará com dois jogos agendados, a princípio, para os dias 27 e 31 de maio: contra o Melgar, pela Copa Sul-Americana, e o Bragantino, pelo Campeonato Brasileiro, ambos em São Januário.

No total, entre 27 de abril e 31 de maio, o Vasco terá disputado onze partidas, sendo oito fora de casa, se incluirmos os mandos vendidos e o clássico no Maracanã, e apenas três em São Januário. O time se torna um verdadeiro visitante em sua própria temporada, pagando um preço alto por escolhas administrativas.

A decisão de vender mandos, como no caso do jogo contra o Palmeiras, tem sido duramente criticada por torcedores e especialistas. Justificada por interesses financeiros, essa prática compromete a competitividade da equipe. O Vasco abre mão do fator casa justamente em um dos períodos mais exigentes da temporada, com jogos decisivos em três frentes: Brasileirão, Copa do Brasil e Sul-Americana. Essa estratégia evidencia uma falta de planejamento esportivo e mostra despreparo da diretoria para equilibrar finanças com desempenho em campo. Ao colocar arrecadação imediata acima da estabilidade do time, a gestão isola jogadores e comissão técnica da atmosfera de apoio que só São Januário proporciona.

O técnico Fábio Carille, pressionado por resultados e pela desconfiança de parte da torcida, enfrenta o desafio de comandar o elenco em meio a viagens incessantes, pouco tempo de preparação e adversários qualificados. Embora tenha perfil experiente e pragmático, Carille ainda busca encaixe ideal e sofre com o desgaste físico e emocional de um grupo que mal consegue treinar entre os jogos. A Sul-Americana surge como principal esperança de título, mas a maratona imposta pela logística arriscada da diretoria pode cobrar caro nas rodadas finais da fase de grupos, especialmente diante de rivais diretos como Lanús e Melgar.

Maio pode definir o rumo da temporada do Vasco. A escolha da diretoria de abrir mão de São Januário em meio a um calendário já sufocante expõe o elenco a um risco técnico enorme. A maratona como visitante é mais do que uma sequência dura: é o reflexo de uma gestão que priorizou o caixa imediato e negligenciou a base do futebol competitivo, o apoio da torcida, o descanso dos atletas e a força do mando de campo.

Tiago Scaffo.

Entre vaias e empates, Vasco vira refém da lógica “tô dentro, tô fora”

O Vasco vive um ciclo vicioso de instabilidade. A cada jogo, uma nova dúvida sobre o comando técnico. A cada resultado adverso, um novo rumor. E o empate em 0 a 0 contra o Lanús, em São Januário, pela Copa Sul-Americana, foi mais um capítulo desse enredo que parece não ter fim. A torcida saiu vaiando — e com razão. Mas é importante dizer: o problema do Vasco não é (só) o treinador. O problema é a falta de convicção, de comando e de transparência no topo.

Fábio Carille não seria o meu treinador. Nem no início da temporada, nem agora. Mas ele está no cargo. E enquanto estiver, precisa ser respaldado — ou então, substituído com clareza, planejamento e responsabilidade. O que não dá é pra seguir nessa lógica de “se ganhar, fica; se perder, cai”, como se o clube estivesse jogando uma roleta russa a cada rodada. Não dá pra brincar de “tô dentro, tô fora”, como na música do grupo Os Morenos.

Se há confiança no trabalho de Carille, que ela seja pública e enfática. Se não há, que se tenha coragem de fazer o que precisa ser feito. Porque não dá pra seguir empurrando com a barriga, esperando a próxima derrota para tomar uma decisão. Essa instabilidade só afunda o ambiente interno e desgasta ainda mais a relação com o torcedor.

E enquanto isso, Pedro Paulo continua mais preocupado em bloquear torcedores nas redes sociais do que em liderar de fato. Falta comando. Falta projeto. Falta alguém que assuma a responsabilidade. O torcedor pode aguentar fases ruins, mas não aceita mais omissão. Chega de improviso. Chega de silêncio. O Vasco precisa se reencontrar com o futebol e, consequentemente com sua torcida — e isso começa com comando. Porque Carille, goste-se ou não, é o menor dos problemas e de fácil solução.

Fabricio Amaral

Entre a Xenofobia e o Racismo: A Origem Histórica da Resistência Vascaína

Muita gente tenta reescrever a história do Club de Regatas Vasco da Gama, mas os fatos continuam sendo claros: o Vasco foi, sim, pioneiro na luta contra o racismo e a exclusão social no Brasil. E isso tem tudo a ver com sua origem, e com o preconceito que seus próprios fundadores sofreram.

Fundado por imigrantes portugueses pobres no fim do século XIX, o Vasco nasceu de um grupo social marginalizado. Sim, os portugueses eram vítimas de xenofobia no Brasil. Não é “racismo reverso”, é perseguição histórica contra imigrantes, especialmente no Rio de Janeiro, onde os lusitanos eram alvos constantes de piadas, estereótipos e exclusão social. As elites locais viam com desconfiança e desprezo qualquer instituição popular com raízes portuguesas.

Na virada do século XIX para o XX, o Rio de Janeiro vivia um processo de “higienização” urbana e simbólica, influenciado por ideais eugenistas e racistas vindos da Europa. Nesse cenário, os portugueses, apesar da branquitude, eram vistos como “degenerados” pelas elites nacionais, acusados de serem sujos, rudes, atrasados e incapazes de contribuir para o “progresso” da nação. Intelectuais da época, como Nina Rodrigues e Oliveira Vianna, reforçavam essas ideias em textos pseudocientíficos que circulavam nos meios acadêmicos e políticos. Não por acaso, os portugueses eram retratados em charges como caricaturas grosseiras, chamados de “cascudos” ou “galinhas”, e associados à ignorância e ao atraso.

Nas zonas portuárias e nos bairros operários do Rio, brigas e episódios de violência envolvendo imigrantes portugueses não eram raros, muitas vezes provocados por brasileiros que os consideravam intrusos. O preconceito também se manifestava institucionalmente: havia resistência à participação de portugueses em associações, clubes e cargos de prestígio. Em jornais da época, eram comuns textos atacando a presença portuguesa em setores do comércio e da vida pública.

É nesse contexto que surge o Vasco: como espaço de acolhimento e resistência. Assim como outros clubes de imigrantes da época (espanhóis, judeus, italianos, alemães), o Vasco se construiu como um refúgio das classes populares, dos não aceitos pela elite. Só que ao contrário de outros, o Vasco ousou ir além: enfrentou de frente o racismo no futebol brasileiro.

O que começa como um grito contra a xenofobia rapidamente se transforma em uma causa ainda maior: uma luta humanitária por dignidade, inclusão e justiça social. A experiência de exclusão sofrida pelos fundadores portugueses moldou uma sensibilidade coletiva que enxergava os negros, os operários, os pobres, os nordestinos e todos os marginalizados não como rivais sociais, mas como aliados na mesma resistência. A Carta Histórica de 1924, que recusava ceder à pressão elitista para excluir jogadores negros e pobres, é só um dos frutos mais visíveis dessa ideologia nascida da dor e da solidariedade.

O episódio da Resposta Histórica de 1924 é simbólico: o clube foi pressionado a excluir jogadores negros, pobres e analfabetos. Recusou. Preferiu sair da liga do que trair seus princípios. Foi o único. Isso em uma época em que outros clubes simplesmente barravam atletas pela cor da pele ou pelo lugar de origem.

E não foi só isso. O Vasco tinha sócios negros no início do século XX, e um deles foi presidente do clube em 1904. Funcionários como Custódio Moura alfabetizavam jogadores, formando atletas-cidadãos. Isso era revolução social.

Esse histórico, no entanto, tem um preço. Desde o início, o Vasco foi vítima de preconceito institucional. Era o “clube dos portugueses”, “do povão”, o time dos negros, analfabetos, operários. Até hoje, a imagem do Vasco ainda é alvo de piadas, estigmas e desdém, tanto de torcedores rivais quanto de parte da mídia. O preconceito nunca sumiu: ele só se adaptou.

Na verdade, a perseguição que o Vasco sofreu, por ter negros, operários e pobres no time, e por manter suas raízes populares e portuguesas, não foi apenas fruto de intolerância racial ou social, mas também da incompreensão diante de um clube que já naquela época lutava por causas humanitárias, igualitárias e equitativas. O Vasco foi perseguido por ousar defender o óbvio: o direito de todos pertencerem. E essa luta, que começou como defesa contra a xenofobia, cresceu até se tornar um manifesto em nome da dignidade humana. Foi, e continua sendo, uma luta por causas lógicas, mas que, à época, pareciam revolucionárias demais para uma sociedade ainda presa ao elitismo e ao preconceito.

Assim, o Vasco não nasceu apenas como um clube esportivo, mas como um projeto de humanidade. Um símbolo de resistência que carrega, desde o início, a herança de lutar por quem nunca teve vez, porque seus fundadores também não tiveram. A luta do Vasco é, desde sempre, a luta dos de baixo. E por isso ela é eterna.

Tiago Scaffo.

A Criação da Flapress e o Impacto Negativo ao Vasco da Gama: Um Prejuízo que Vai Além das Quatro Linhas

A chamada Flapress não é apenas um termo cunhado por torcedores inconformados. É a manifestação de um fenômeno real, sustentado por interesses midiáticos que colocam o Flamengo em um pedestal, ao mesmo tempo em que rebaixam ou ridicularizam seus adversários históricos, principalmente o Club de Regatas Vasco da Gama. A parcialidade escancarada da imprensa esportiva brasileira, sobretudo da Rede Globo, ao longo das últimas décadas, é um ataque direto à isonomia do futebol nacional.

E ninguém enfrentou essa máquina com mais coragem e veemência do que Eurico Miranda. Presidente mais polêmico e combativo da história vascaína, Eurico travou uma verdadeira guerra contra a Rede Globo a partir dos anos 2000, denunciando publicamente a manipulação da narrativa esportiva, o favorecimento escancarado ao Flamengo e os prejuízos que isso causava ao Vasco dentro e fora de campo. Não se calou diante dos desmandos e não se rendeu ao poder financeiro e midiático da emissora, mesmo quando isso custou espaço, exposição e, em muitos momentos, visibilidade ao clube.

A briga com a Globo foi mais do que uma questão contratual, foi um embate político, institucional e simbólico. Eurico sabia que o Flamengo era utilizado como ferramenta de manipulação popular. Um clube com enorme massa torcedora, explorado como produto emocional para manter audiências, fidelizar públicos e, principalmente, controlar narrativas. O Flamengo se tornou, nas mãos da Rede Globo, uma verdadeira massa de manobra política e social, um “povo” uniformizado, conduzido por manchetes e transmissões que vendem heróis, escondem falhas e empurram uma ideia de hegemonia fabricada nos bastidores, não no campo.

Enquanto isso, o Vasco da Gama, clube de origem popular, pioneiro na luta contra o racismo no futebol, vencedor da Libertadores e protagonista de diversos momentos históricos, foi tratado com descaso. As conquistas vascaínas foram minimizadas; suas crises, ampliadas; seus méritos, ignorados. A Flapress, essa engrenagem midiática a serviço de um único clube, contribuiu diretamente para a deterioração da imagem do Vasco, afetando seu prestígio, sua relação com patrocinadores e até sua autoestima institucional.

Essa cobertura tendenciosa não é inocente. Trata-se de um projeto de poder. Quando a mídia deixa de informar para idolatrar, ela não apenas trai o jornalismo, ela manipula o esporte e reescreve sua história. O Vasco da Gama foi, e continua sendo, vítima dessa engrenagem. Sua torcida foi desrespeitada, sua história marginalizada, e sua luta silenciada.

Hoje, mais do que nunca, é necessário resgatar o legado de resistência de figuras como Eurico Miranda que nunca aceitou que o Vasco se ajoelhasse perante a narrativa imposta pela Rede Globo e seus aliados. A luta contra a Flapress é, portanto, uma luta por justiça, por equidade e pela soberania da verdadeira essência do futebol: a meritocracia dentro das quatro linhas.

Enquanto a imprensa seguir servindo a interesses escusos e tratando o Flamengo como uma ferramenta de manipulação emocional de massas, o futebol brasileiro continuará refém de uma farsa bem produzida, mas profundamente injusta. E o Vasco da Gama, assim como sua imensa e fiel torcida, seguirá resistindo.

Tiago Scaffo

Análise: Carille pode virar escudo político da gestão Pedrinho em momento de turbulência no Vasco.

Por Tiago Scaffo

Com a SAF sob o controle total do associativo, o Vasco da Gama entrou oficialmente em uma nova era. Sem a 777 Partners, toda a responsabilidade pelas decisões (esportivas, financeiras e institucionais) agora recai sobre a gestão comandada por Pedrinho. E, junto com o poder, vieram os ruídos.

As últimas semanas têm sido marcadas por declarações desencontradas, falta de clareza sobre o planejamento, contratações e cobranças crescentes por parte da torcida. Em campo, os resultados ainda não apareceram como esperado. E, nos bastidores, cresce a leitura de que Fábio Carille pode acabar sendo usado como escudo político para desviar o foco das críticas que, inevitavelmente, começam a atingir a cúpula vascaína.

Carille chegou com o selo de técnico vencedor, experiente, e com carta branca para implementar seu estilo. Foi uma escolha da gestão. Recebeu apoio institucional e teve autonomia. A expectativa, naturalmente, era de que fosse o nome da reconstrução em campo.

Mas com o time ainda oscilando em vários jogos, sem padrão claro e com dificuldades ofensivas evidentes, o ambiente começa a mudar. E a velha fórmula do futebol brasileiro de empurrar o peso da crise para o treinador, começa a se desenhar também em São Januário.

A diretoria já ensaia o discurso: “fizemos nossa parte”. Ofereceu estrutura, estabilidade e respaldo. Se o desempenho não apareceu, a culpa não é da gestão, mas da comissão técnica.

É uma estratégia conhecida. Funciona no curto prazo, pois redireciona a pressão para o vestiário e compra tempo institucional. Mas também é arriscada: em um cenário onde SAF e clube associativo são uma coisa só, não há mais desculpas. Não existe mais a 777 para dividir a responsabilidade. Agora, é tudo com o Vasco e seus gestores.

Se a diretoria decidir seguir por esse caminho e empurrar Carille ao centro da crise, pode até aliviar o calor momentaneamente. Mas a torcida não esquecerá quem está com a caneta na mão e com o poder de decisão centralizado.

Carille pode não ser a solução definitiva em campo. Mas também não pode ser o bode expiatório de um clube que ainda tenta se entender fora das quatro linhas.

Vasco trai São Januário, recua diante da pressão e ainda se apoia em acordo desmentido pela dupla Fla-Flu: diretoria expõe fragilidade e despreza torcida.

A decisão da diretoria do Vasco da Gama de manter o clássico contra o Flamengo no Maracanã, mesmo após obter liminar judicial que autorizava a realização do jogo em São Januário, escancarou de vez a fragilidade institucional, a incoerência estratégica e a incapacidade de sustentar o discurso de enfrentamento que vinha sendo propagado até então. Liderados por Carlos Amodeo, CEO da SAF, e por Pedrinho, presidente do clube associativo, os dirigentes vascaínos optaram por recuar num momento chave e, pior, fizeram isso tentando justificar sua escolha com argumentos questionáveis e agora, oficialmente, desmentidos.

Durante dias, a diretoria do Vasco alimentou um discurso firme: o clássico seria em São Januário. A torcida, mais uma vez, fez sua parte. Comprou a briga, mobilizou-se nas redes sociais e nas ruas, exigiu respeito ao seu direito de mando e, por fim, recorreu à Justiça. O resultado foi claro: uma liminar favorável, conquistada por torcedores, garantiu ao clube o direito de jogar em sua casa. A expectativa era de que o clube, enfim, afirmasse sua autonomia.

Mas, em um movimento surpreendente e contraditório, o Vasco optou por manter o jogo no Maracanã. Em seguida, anunciou a adesão a um suposto acordo com o Consórcio do Maracanã (administrado por Flamengo e Fluminense) como justificativa para essa escolha. A diretoria tentou vender essa adesão como conquista, alegando que agora o clube teria garantias para utilizar o estádio em “igualdade de condições”. No entanto, a narrativa desmoronou horas depois, quando o Fluminense, por meio de nota oficial, desmentiu qualquer acordo com o Vasco para que este integrasse a gestão do consórcio.

“A posição do Fluminense segue a mesma: o Vasco não faz parte do consórcio”, afirma a nota publicada pelo clube tricolor, deixando evidente que, mais uma vez, o Vasco construiu sua justificativa em cima de um castelo de areia.

Como se não bastasse, o Flamengo também emitiu comunicado oficial reforçando que não há qualquer novo acordo ou entendimento com o Vasco em relação à gestão ou utilização preferencial do Maracanã. A nota reiterou que o estádio segue sob administração exclusiva do atual consórcio e que qualquer solicitação de uso será tratada caso a caso, como sempre foi. Ou seja, a tentativa da diretoria vascaína de apresentar uma suposta conquista institucional ruiu também diante da negativa do outro integrante do consórcio, evidenciando que a promessa de “igualdade de condições” não passa de retórica vazia.

Não bastasse abandonar a luta por São Januário no momento em que poderia vencer, a diretoria ainda tentou legitimar sua decisão com base em um acordo que sequer existe de fato ou, se existe, não conta nem com a anuência dos principais membros do consórcio.

A incoerência é gritante. A postura é indefensável. Pedrinho, que vinha sendo visto como uma figura política alinhada à tradição vascaína e ao sentimento da arquibancada, compactua agora com uma manobra que esvazia a identidade do clube e despreza sua torcida. Já Carlos Amodeo reforça a imagem de um gestor tecnocrata, alheio ao peso simbólico e histórico de jogar em São Januário um clássico de tamanha importância.

Não se trata apenas de onde o jogo será disputado. Trata-se do que o Vasco quis representar e do que decidiu se tornar. Ao optar pelo Maracanã, mesmo com amparo judicial para jogar em casa, o clube se colocou ao lado de quem sempre lhe impôs barreiras. Ignorou a vontade popular, desprezou a história e, ainda por cima, tentou camuflar sua rendição sob a promessa de um benefício institucional que sequer se concretizou.

A decisão, além de expor o desprezo pelo torcedor, alimenta uma narrativa de submissão aos interesses de Flamengo, Fluminense, da CBF, do BEPE e da imprensa esportiva que sempre tratou o Vasco como corpo estranho ao sistema. O que era para ser um ato de afirmação virou um gesto de capitulação.

O Vasco perdeu uma chance única de mostrar força, de ocupar seu espaço, de dizer: “aqui é nossa casa”. Em vez disso, preferiu agradar ao sistema e ainda tentou mascarar a escolha com promessas vazias. O clássico será no Maracanã, sim. Mas o que realmente estará em campo será a frustração de uma torcida traída e a certeza de que, quando teve a oportunidade de agir com grandeza, a diretoria vascaína preferiu se esconder atrás de um acordo que, segundo Flamengo e Fluminense, nem existe.

Tiago Scaffo

Quando a vontade do Torcedor esbarra na Omissão da Diretoria

Em um episódio que (se confirmado) escancara o abismo entre a vontade da torcida e as decisões da cúpula administrativa, o Vasco da Gama parece ter optado por manter a partida contra o Flamengo, marcada para o dia 19 de abril, no Maracanã mesmo após obter, por meio de uma liminar judicial, o direito de realizar o confronto em São Januário, seu estádio histórico e legítimo mando de campo.

A decisão da juíza Regina Lúcia Chuqer de Almeida Costa de Castro Lima, em resposta a uma ação popular movida por dois torcedores vascaínos, Pedro de Menezes Reis e Marcus Vinicius Reis, autorizava de forma clara e objetiva a realização do clássico em São Januário. A liminar não só suspendia os efeitos da decisão do BEPE, como também permitia a presença da torcida cruzmaltina e, sob avaliação técnica fundamentada, até mesmo da torcida adversária. Trata-se de uma vitória simbólica e concreta, conquistada por vascaínos comuns em defesa de sua identidade e patrimônio esportivo.

No entanto, surpreendentemente (ou talvez nem tanto), a diretoria do Vasco (até aqui) preferiu ignorar esse triunfo popular e manteve o jogo no Maracanã, estádio administrado pelo Flamengo em consórcio com o Fluminense. Na prática, ao seguir com o clássico no Maraca, o clube se alinha às negativas do BEPE e da CBF, recusando-se a exercer o direito que lhe foi restituído pela Justiça. A pergunta que se impõe é: por quê?

O torcedor vascaíno que viu sua luta ser reconhecida nos tribunais tem todo o direito de se sentir traído. A escolha da diretoria simbolizaria não apenas uma renúncia ao mando de campo, mas também uma capitulação institucional diante de forças externas que, historicamente, limitam a autonomia do Vasco. A diretoria, que deveria ser a principal defensora do clube e de sua torcida seria omissa, cedendo espaço e narrativa ao rival e às autoridades que inicialmente vetaram o estádio cruzmaltino.

São Januário, além de representar o território vascaíno, é um símbolo de resistência, inclusão e história. Quando o clube opta por não jogar lá, mesmo podendo, reforça a ideia de que suas decisões estratégicas não são guiadas pelo interesse do torcedor, mas por conveniências políticas, pressões externas ou acordos obscuros que desconsideram a paixão de quem sustenta o clube diariamente.

É preciso reconhecer e exaltar a coragem dos torcedores que buscaram a Justiça e conquistaram o direito de ver seu time jogar em casa. São esses atos que mantêm viva a alma de um clube que nasceu da luta e da insubordinação. Já à diretoria, resta a reflexão: até quando o Vasco será refém das vontades alheias, mesmo quando a lei está ao seu lado?

O Vasco precisa resgatar sua alma histórica de clube que não se curva. Mas isso só será possível quando sua diretoria ouvir a voz da torcida, que como exemplo, nesse episódio lutou e venceu na Justiça pelo direito de jogar em São Januário. Ao ignorar essa conquista, a diretoria não apenas se omite mas trai a confiança de quem moveu a ação, enfrentou o sistema e defendeu o clube quando ele mais precisava. O torcedor vascaíno, mais uma vez é deixado (ao que parece) de lado por quem deveria representá-lo.

Tiago Scaffo.

Tem que poupar é o CARILLE!

O torcedor vascaíno, que carrega esse clube no peito mesmo em seus piores dias, merece mais. Não dá para aceitar um técnico que prega cautela em meio ao caos. Que fala em “controle de carga” após três semanas inteiras de treinos, sem jogos, e decide deixar os melhores no banco como se o Vasco pudesse se dar ao luxo de jogar pontos fora no Brasileirão.

A partida contra o Corinthians foi a materialização da covardia. Um time sem identidade, sem garra e sem comando. E ainda com a cereja podre no bolo: uma entrevista pós-jogo onde Carille diz que “a decisão é minha, mas tenho que respeitar todos”. Respeitar quem, exatamente? O torcedor? O clube? A tradição? Não parece.

Se é para poupar, que se poupe a torcida desse tipo de futebol covarde. Que se poupe o Vasco da omissão de sua diretoria e da incompetência de quem deveria liderar. Está mais do que na hora de parar de aceitar o “menos pior” e exigir o mínimo de dignidade.

O Vasco não é spa para recuperação de técnico sem pulso. Que se poupe, sim… mas que se poupe o Vasco do Carille e do vexame de continuar arrastando esse time ladeira abaixo.

Fabricio Amaral

“De Eurico a Pedrinho: O Vasco que Enfrentava e o Vasco que se Cala.”

O Vasco vive hoje, em 2025, um momento que escancara a diferença entre liderar com firmeza e aceitar passivamente imposições externas. A recente decisão do BEPE de vetar a realização do clássico contra o Flamengo em São Januário, marcada para o dia 19 de abril, expõe não apenas a já conhecida perseguição ao estádio do Vasco, mas também a fragilidade da atual presidência diante de questões cruciais para o clube.

Pedrinho, presidente do Vasco, simplesmente acatou a negativa do BEPE. Não houve contestação pública. Não houve enfrentamento político. Nenhuma coletiva, nenhuma nota forte, nenhum esforço visível para reverter uma decisão que, mais uma vez, retira do Vasco o direito de jogar em sua casa — um estádio com condições estruturais aprovadas, tradição reconhecida e importância histórica indiscutível.

Essa postura contrasta fortemente com o que vimos em 16 de julho de 2017. Naquela data, Eurico Miranda, então presidente do clube, enfrentou de frente o Comandante do GEPE. Não se calou, não recuou, e apontou com clareza o absurdo de se responsabilizar o clube por uma falha de segurança pública. Para Eurico, o Vasco era inegociável — e ele não aceitava ver o clube tratado como culpado por problemas que competem ao Estado.

Hoje, o que vemos é o oposto: um presidente calado, omisso e distante diante de um ataque direto ao direito do Vasco de exercer seu mando de campo. A diferença entre as duas posturas é gritante. Eurico, com todas as suas polêmicas, tinha coragem. Pedrinho, com toda sua imagem simpática, demonstrou fraqueza.

Não se trata apenas de um jogo. Trata-se de defender a dignidade de São Januário, a autonomia do clube e o respeito ao torcedor. Aceitar esse veto sem brigar é dar um passo para trás. É permitir que decisões unilaterais se tornem regra. É abrir precedente para que o Vasco seja tratado como clube de segunda classe em sua própria casa.

O torcedor vascaíno exige — e merece — um presidente que lute pelo clube com a mesma intensidade com que canta nas arquibancadas. Em 2017, Eurico Miranda enfrentou o sistema. Em 2025, Pedrinho se calou. E a história há de registrar essa diferença.

Tiago Scaffo.

A Contribuição do Club de Regatas Vasco da Gama para a Inclusão Social no Futebol Brasileiro a partir de 1923

No contexto da sociedade brasileira do início do século XX, marcada por estruturas socioeconômicas excludentes e pelo racismo institucionalizado, o futebol refletia as desigualdades vigentes, sendo um espaço predominantemente elitista e reservado às camadas sociais mais abastadas. No entanto, em 1923, o Club de Regatas Vasco da Gama protagonizou um episódio de ruptura com esse paradigma, ao conquistar o Campeonato Carioca com uma equipe composta majoritariamente por atletas negros, mulatos e oriundos das classes trabalhadoras. Tal feito transcendeu o aspecto esportivo, gerando um impacto social significativo e consolidando o clube como agente de transformação no cenário esportivo nacional.

A repercussão da vitória vascaína gerou resistência por parte de clubes tradicionalmente ligados às elites cariocas, os quais buscaram impor restrições à participação de jogadores considerados “inadequados” em virtude de sua origem social ou racial. Diante dessa tentativa de exclusão, o Vasco posicionou-se de maneira firme por meio da célebre “Resposta Histórica”, um documento no qual rejeitava as imposições discriminatórias da liga esportiva e defendia os princípios da meritocracia e da igualdade de oportunidades. Tal posicionamento representou um marco na luta contra o preconceito no esporte brasileiro.

O resultado desse embate foi a gradual abertura do futebol aos setores populares, promovendo a inclusão de atletas antes marginalizados pelo sistema. O clube tornou-se, assim, um símbolo de resistência e de democratização do esporte, contribuindo para a consolidação do futebol como fenômeno cultural de massa no Brasil. Além disso, a atitude do Vasco da Gama serviu de referência para futuras mobilizações antirracistas no ambiente esportivo, evidenciando o potencial do futebol como instrumento de transformação social.

Dessa forma, a atuação do Club de Regatas Vasco da Gama em 1923 configura-se como um episódio emblemático na história do esporte brasileiro, cujas consequências extrapolaram o campo futebolístico e influenciaram positivamente o processo de inclusão social e racial no país. Seu legado permanece como referência ética e política, reafirmando a importância do esporte na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

Tiago Scaffo