1993 – O Bi da Garotada

 

Aposta na base: essa foi a receita do Vasco no ano de 1993, quando foi em busca da conquista do seu 4º Bi Campeonato Estadual na história.

E começou bem a disputa da Taça Guanabara, marcando 10 gols nos dois primeiros jogos: 4×1 no Bangu e 6×0 no América de Três Rios. Porém não conseguiu manter o ritmo e acabou perdendo pontos bobos para equipes menores, como no empate contra o Olaria e derrotas para Americano e Entrerriense. Mas deixou boa impressão nos clássicos, vencendo o velho freguês rubro-negro por 2×1, o Botafogo por 2×0 e empatando com o Flu em 1×1.

Porém estes resultados não foram suficientes, e o Fluminense acabou se sagrando campeão do 1º turno, garantindo uma vaga na final. Agora só restava vencer a Taça Rio e confrontar o tricolor nas finais.

Depois de 5 vitórias seguidas nas primeiras rodadas do 2º turno, a equipe foi surpreendida pelo imprevisível Bangu, que dentro do Maracanã, nos derrotou por 1×0.

O gol da vitória foi marcado aos 47 do 2º tempo, tendo a equipe cruzmaltina apenas 9 homens em campo. O resultado diminuiu os ânimos do torcedor.

Na partida seguinte, vitória fácil contra o Bonsucesso por 3×0. Então viria a decisiva partida seguinte, contra o rival da Gávea, que naquele momento, brigava cabeça a cabeça com o Vasco pela liderança do turno.

No domingo, dia 16 de maio de 1993, o Maracanã recebeu mais de 50 mil torcedores para aquela final antecipada da Taça Rio. Faltavam apenas 4 rodadas para o final, e quem vencesse, abriria 2 pontos de vantagem contra o rival. Era vencer ou vencer !

E a vitória veio, com um gol de Pimentel. O caminha para o título da Taça Rio estava traçado.

Jornal O Globo 17/05/1993

Faltava apenas uma rodada. Sem sustos, o rubro-negro venceu o São Cristóvão por 3×0. Só restava ao Flamengo torcer por uma derrota do Vasco, o que deixaria os dois times com o mesmo número de pontos e forçaria uma partida extra para decidir o returno.

Já o Gigante da Colina enfrentaria o Fluminense no domingo jogando pelo empate, mas, segundo o regulamento, já estava classificado para as finais do Carioca mesmo se perdesse, pois conquistara o maior número de pontos da competição até ali e só poderia ser igualado pelo Flu, caso o tricolor vencesse o clássico.

Porém, uma informação divulgada horas antes do início da partida, no dia 6 de junho, traria um sobressalto: uma interpretação do regulamento, originada na Gávea e reverberada com entusiasmo por setores da imprensa, sugeria que o Vasco só teria sua vaga na decisão garantida caso empatasse com o Flu, pois a derrota o deixaria com o mesmo número de pontos ganhos na soma do turno com o tricolor. E segundo a interpretação rubro-negra, somente os campeões dos dois turnos poderiam disputar a final.

Ocorre que o regulamento previa as finais disputadas por 2 ou 3 clubes. Era sabido que a razão pertencia ao Vasco, mas aquela era uma forma de tentar desestabilizar a equipe e ao mesmo tempo, motivar o Fluminense. Porém a tática do arco-íris não deu resultado: empate em 1×1, mesmo com Valdir (autor do gol) sendo expulso logo no início do 2º tempo. Vasco na finalíssima.

A melhor de 3 começaria no dia 10 de Junho. E começou bem para o Vasco: vitória por 2×0, com gols de Valdir, que teve sua presença garantida nas finais através de uma ação de Eurico Miranda nos bastidores. A taça estava nas nossas mãos, pois bastava um empate na partida seguinte, eliminando a necessidade de um 3º jogo.

Três dias após a vitória vascaína, diante de um público de 56 mil pessoas, sendo 80% de torcedores cruzmaltinos, o que se viu no Maracanã foi uma atuação polêmica do árbitro José Roberto Wright, que anulou dois gols de Bismarck, um por impedimento quando este estava no máximo na mesma linha do zagueiro tricolor antes de empurrar a bola para as redes, e outro por alegar que o atacante vascaíno tenha empurrado um defensor tricolor. E para completar, deixou de marcar um pênalti em Valdir. Wright chegou a fazer menção de apontar a marca do cal, mas voltou atrás, marcando apenas escanteio. Final de jogo, vitória tricolor por 2×1.

Jornal do Brasil 14/06/1993

A finalíssima do Campeonato Estadual de 1993 foi marcada para a quarta-feira seguinte, dia 16 de junho. Mais de 80 mil torcedores compareceram ao Maracanã. Ao Vasco, bastava o empate, mas a equipe jogaria desfalcada de três jogadores: Jorge Luís, Leandro Ávila e Geovani.

O jogo começa tenso e com algumas faltas duras. Como o empate lhe satisfazia, o Vasco entrou cauteloso. Aos 40 minutos da primeira etapa, um lance que poderia tranquilizar de vez os vascaínos: após chute de Valdir, Marcelo Barreto levanta os braços de forma imprudente e toca na bola. O árbitro Daniel Polmeroy marca pênalti, desperdiçado por Bismarck, que chuta por cima do travessão.

Na segunda etapa, logo aos 9 minutos, Carlos Alberto Dias e Julio César trocam gentilezas e acabam expulsos.  Com 10 contra 10, o jogo fica mais aberto, e em dois lances seguidos, o tricolor quase abre o placar. Porém o Vasco se mostra perigoso nos contra-ataques. Valdir e Hernande passam a infernizara a zaga adversária, criando várias chances de gol.

Os últimos minutos são nervosos, e desesperados por não conseguir mexer no placar, os jogadores tricolores passam a entrar com violência nas disputas de bola. O centroavante Vágner agride o zagueiro vascaíno Alê. Alex parte pra cima do atacante tricolor. Tudo isso longe dos olhos da arbitragem.

Fim de jogo e começa a confusão. Vágner é cercado pelos vascaínos e ao invés de correr para o túnel do Fluminense, vai na direção contrária. é perseguido então pelo time inteiro do Vasco. Após o espetáculo de corrida e fuga, vem enfim a merecida festa. Pela primeira vez o Vasco ganhava um campeonato Estadual em confronto direto com o antigo algoz, atualmente freguês de caderno. Perdera em 1976 e 1980. Novos tempos a vista.

Este foi o segundo passo do Vasco rumo ao inédito Tri-Estadual. Mas esta é uma outra história.

  

Jornal O Globo 17/06/1993

Fonte de pesquisa : Livro “Todos contra ele”, “O Globo” e “Jornal do Brasil”

3 comentários em “1993 – O Bi da Garotada”

  1. REALMENTE!

    AQUELE TIMAÇO é INESQUECÍVEL!

    O Edmundo foi vendido ao Palmeiras/Parmalat por 3 Milhões de Dólares e no seu lugar aparecia o VALDIR BIGODE e 90% daquele TIME BI-CAMPEÃO 1992/93 eram PRATAS-de-CASA, no início daquele anos achava difícil obter o tão sonhado BÍ-CAMPEONATO, e era também um recém- casado naquele ano!

    E por aqui ainda não havia a Internet o jeito era ligar para o serviço de uma Companhia Telefonica Internacional que a cada 24 horas atualizava as informações do Brasil e foi desse jeito que soube daquela CONQUISTA! COMEMOREI COMO UM LOUCO POR AQUI e os paulistas não entendiam nada…..!!!!!

    E COMO É ÓTIMO poder REVIVER TUDO ISSO OUTRA VEZ !

  2. Tive o prazer de estar ao vivo em todos esses jogos mostrados.
    O 2º jogo da final contra os flores, a torcida do Vasco fez a maior festa na entrada do time em campo que eu já vi!!

    SV.

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