O Vasco realizou, na noite de 19 de janeiro de 2018, muito mais do que a eleição dos seus presidentes. Mais do que isso. Foi declarado, por parte do clube, que jamais admitirá entidades externas decretando o rumo da instituição. O fim da posse dos conselheiros eleitos e consequente votação foi mais um marco histórico para nós vascaínos, mostrando que o respeito ao seu estatuto é que vai ditar o curso e a longevidade de um clube.
A escolha de seu presidente através de conselheiros eleitos e natos tem o intuito de jamais apagar aquilo que os vascaínos construíram em mais de um século de existência. Cada voto depositado na urna ontem teve uma razão de existir, seja recente, com sua visão atual de Vasco, seja histórica, com o passado de dificuldades e glórias que foram materializadas nos votos de ontem.
Porém, mais do que contar um pedaço da história deste clube em cada voto e assim pesar de forma genuína o desejo de seus conselheiros, a eleição do dia 19 foi, além disso, mais um não às tentativas de controle da instituição por meio de outras entidades.
Em um mundo fake, onde muitas vezes se proliferam notícias falsas, é exposta ao vascaíno e ao brasileiro com menos interesse no tema político do futebol, uma série de afirmações inverídicas para que se forme uma opinião que não condiz, de forma alguma, com a realidade dos fatos.
Tudo isso hoje é propagado através de exércitos de fake people, ou pessoas falsas, que ajudam a propagar essas inverdades como forma de opinião, na tentativa de pressionar pessoas e entidades, dando a ilusão de massificação daquele ponto de vista, revolta, ou protesto, dependendo do discurso utilizado.
Essa indústria de fake news, tão utilizada nos tempos de hoje como arma política nas mídias sociais para as mais diversas finalidades, tentou causar danos irreparáveis ao Vasco, impedindo, no final das contas, a continuidade de reconstrução do clube, de seu patrimônio, e de seus expressivos resultados esportivos.
Por várias vezes, alguns canais de comunicação se referiram a eleição de ontem como uma mancha na história do Vasco. Isso claramente é uma conclusão vinda de falta de informação, ou costumeira má fé.
Por exemplo, algo que fizeram questão de omitir foi explicar como você pode ter impedido sócios legítimos, como Benfeitores Remidos, dos seus direitos a voto. Isso certamente gerou tristeza e revolta em sócios que pagaram suas mensalidades por décadas, ininterruptamente, e se viram impedidos em seu direito.
Mas, voltando ao caso atual, alegou-se simplesmente que aquele eleito na assembleia geral, deveria ser confirmado na eleição feita pelo Conselho Deliberativo. Informação superficial que serve apenas para confundir e brotar opiniões incoerentes, numa cadeia de eventos que prejudica a formação de opinião de torcedores, além do correto andamento de uma eleição.
Basta dizer que, embora as chapas tenham uma espécie de líder, que personifica as ideias do grupo candidato, seus nomes nada mais são que simbólicos e com caráter informativo ao eleitor, para que saiba a visão desta chapa. Nada mais que isso.
Nesta eleição, ocorre que duas das chapas opositoras decidiram dividir seus candidatos ao Conselho Deliberativo, formando um grupo único de candidatos, melhorando suas chances de vitória frente a chapa favorita. Se dividiram meio a meio, ou 60/40, pouco importa. O que interessa é que os 120 conselheiros empossados por essa chapa representavam, em realidade, duas chapas que iniciaram seus trajetos eleitorais de caminhos distintos, em cores bem diferentes.
A grande falha daqueles que noticiam é informar que o candidato em questão teria o direito de voto de todos os conselheiros eleitos pela sua chapa. Por motivos que não cabe aqui comentar, cada chapa pegou seus conselheiros e seguiu seu caminho.
A opinião destes conselheiros, somada a 30 da que terminou em segundo lugar em virtude da proibição de voto de sócios que não tiveram suas irregularidades comprovadas, além dos 150 conselheiros natos, formam a mente que elege os presidentes para o próximo triênio. Não custa lembrar, estes conselheiros natos dedicaram décadas de suas vidas ao Vasco, ajudando com sangue e suor a construir essa instituição.
Portanto, mesmo contrariando o que a imprensa desejava, o Conselho decidiu aquilo que considerou ser melhor para o Vasco. Negou a imposição de agências de notícias reais, fake, e também as agências reais que propagavam notícias fake.
O que o Vasco fez, além de eleger seus presidentes, foi reafirmar, mais uma vez em seus quase 120 anos, sua independência.