Em uma noite de reencontro e alívio para a torcida cruzmaltina, o Vasco da Gama venceu o Fortaleza por 3 a 0, em São Januário, pela 9ª rodada do Campeonato Brasileiro. A partida marcou o primeiro jogo de Fernando Diniz diante da torcida desde sua volta ao comando do time, após sua primeira passagem em 2021. E, apesar de sua chegada não ter empolgado de imediato os torcedores, ela representou uma esperança de dias melhores, especialmente diante do retrospecto positivo que o treinador teve em seus últimos trabalhos.
A falta de empolgação inicial tem explicação: o Vasco vinha de um jejum de nove partidas sem vencer, sob o comando de Fernando Carille, técnico que nunca caiu nas graças da arquibancada. Após sua saída, o diretor técnico Filipe Loureiro assumiu interinamente por quatro jogos, com um desempenho ainda mais pífio e preocupante, um empate e três derrotas, sendo uma delas o vexame diante do Puerto Cabello. Era evidente que o time sentia a ausência de comando técnico efetivo.
Na estreia de Diniz, o Vasco perdeu para o Lanús, mas já apresentava uma tentativa de jogo mais organizado em campo. Agora, no entanto, a postura que se viu contra o Fortaleza demonstra uma evolução da equipe em relação aos jogos anteriores e também em relação à partida contra o Lanús, na terça-feira.
Além do desempenho técnico, um aspecto que chama a atenção é o envolvimento direto do treinador durante os 90 minutos de partida. Fernando Diniz tem como característica manter comunicação constante com os jogadores, orientando, cobrando e ajustando o time em tempo real. Um fato observado aos 23 minutos do primeiro tempo ilustra bem esse perfil: durante o atendimento médico a um jogador caído, Diniz chamou todo o elenco para a lateral do campo e passou instruções detalhadas ao grupo. A cena simboliza não apenas sua intensidade, mas também o controle que busca exercer sobre cada momento da partida.
Contra o Fortaleza, o Vasco foi amplamente superior. Abriu o placar logo aos 3 minutos de jogo com Nuno Moreira e manteve o controle da partida durante os 90 minutos. Vegetti marcou duas vezes, aos 48 do primeiro tempo e aos 80 do segundo, sacramentando a vitória cruzmaltina. O Fortaleza, por sua vez, em nenhum momento ofereceu perigo real ao gol defendido pelo Vasco. A equipe carioca teve domínio territorial e técnico, com presença ofensiva constante e equilíbrio nas transições.
O jogo, no entanto, também foi marcado por um momento de descontrole emocional que poderia ter sido evitado. Aos 68 minutos da segunda etapa, Philippe Coutinho e Marinho foram expulsos após um entrevero. Marinho havia cometido uma falta dura em Adson momentos antes, mas não foi expulso imediatamente. Mesmo diante desse cenário e da possibilidade de vantagem numérica para o Vasco, Coutinho teve uma atitude infantil ao partir para cima do adversário, comprometendo a superioridade numérica que o time poderia ter naquele momento.
Apesar disso, o Vasco continuou superior, criou outras chances e poderia ter construído um placar ainda mais elástico. A equipe teve dois gols corretamente anulados pelo árbitro Anderson Daronco. Se houvesse mais capricho no último passe em algumas jogadas, o resultado final poderia ter sido ainda mais expressivo.
Outro ponto de atenção é o comportamento defensivo do Vasco em alguns momentos da partida. Ainda que o Fortaleza não tenha levado perigo, observou-se que o time recua excessivamente quando é pressionado, permitindo que o adversário jogue dentro de seu campo. Esse aspecto precisa ser corrigido nos treinamentos, e é essencial que o Vasco adote uma marcação mais adiantada e combativa, evitando permitir essa progressão do adversário.
Ainda é cedo para fazer projeções mais ousadas, mas é evidente que o Vasco começa a reencontrar um caminho mais sólido com Fernando Diniz. A vitória não apenas quebra um longo jejum, como também resgata parte da confiança da equipe e da torcida. Com ajustes, especialmente no setor defensivo e na disciplina em campo, o time pode dar passos firmes rumo a uma campanha mais consistente no Brasileirão.
Tiago Scaffo