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Camaleões

Os tricolores, ao que parece, realmente se acham no direito de ocupar o lado direito do Maracanã e ontem compareceram ao estádio, infiltrando-se na nossa torcida, em dia de jogo do Vasco.

A turma pó de arroz vaiou Julio dos Santos desde a escalação (que foi um dos melhores do time na partida até o momento de sua saída) e na condição de tricolores, entendedores de nado sincronizado, mas não de futebol, tiveram dificuldade de compreender quando, vez por outra, apertado pela marcação, o meia tocou uma ou outra bola para trás. Ele que pôs duas vezes Nenê na cara do gol em condições de arremate, ele que serviu diversas bola a Madson, ele que se não vinha bem em outros jogos, ontem foi injustamente perseguido pela horda tricolor.

Mas a manifestação pó de arroz de ontem já foi botafoguense em 2009. Após atuação tenebrosa da equipe cruzmaltina diante do time de General Severiano no jogo da eliminação do Estadual daquele ano, apanhando de 4 x 0 na partida semifinal da Taça Rio, a última da equipe na competição, parte da torcida do lado direito das tribunas aplaudiu efusivamente os atletas. Ontem, após o empate contra o Grêmio, terceiro colocado do Campeonato Brasileiro e segunda melhor defesa do certame, os atletas se uniram para acenar à torcida e ouviram da trupe tricolor, que já foi botafoguense, vaias.

Nas mídias sociais, a mesma parte camaleônica de nossa torcida gosta também de ser Flamengo, quando diz que o estadual nada vale e põe 12 pontos perdidos pelo clube no campeonato, em função da arbitragem (contra nenhum ganho) como algo menor porque seu totem, Eurico Miranda, está acima de qualquer instituição para eles. Perda ou diminuição de conquista do Vasco deve ser devidamente pontuada de acordo como nossos oponentes prescrevem.

Parte da torcida do Vasco torce contra Eurico Miranda e depois a favor do Vasco e ela própria criou uma fantasia para justificar suas sandices e atitudes oligofrênicas contra o clube, dizendo simplesmente o contrário. Que quem apoia Eurico Miranda põe o Vasco em segundo plano.

Não podemos nos esquecer que com o propósito de tentar o vice nas eleições ultimas do nosso clube o apelo final da chapa amarela foi resumido no seguinte dizer de seu candidato, para além de qualquer projeto mambembe ou inviável: “‘Sou o anti-Eurico. Tudo o que ele pensa, penso o contrário”

A condescendência e o ódio permitiram a que o clube fosse rebaixado institucionalmente e tivesse uma dívida aumentada em 400 milhões de reais aproximadamente (num mesmo período em que outros 400 milhões teoricamente entraram no clube). Resignação e tolerância levaram a isso.

Na atual gestão, falando apenas de futebol, o Vasco foi Campeão Carioca e, portanto, fez um trabalho exemplar até abril, juntando os cacos e mantendo os salários em dia.

O clube contratou um lateral e um volante dois dias após o título, um atacante entre a terceira e a quarta rodada e acreditou no técnico Campeão Estadual, hoje empregado no São Paulo e que fez razoável campanha na Ponte Preta até sair.

Com três empates e cinco derrotas seguidas no espaço de um mês e meio houve a troca de treinador e as aquisições de Andrezinho e Herrera. Em seguida veio Bruno Gallo.

Após a chegada do novo técnico, em seis partidas ocorreram três vitórias e três derrotas no Campeonato Brasileiro, uma última aposta em Dagoberto e aí sim uma demora para a contratação de outros nomes.

As vindas de Nenê e Jorge Henrique não coincidiram com a demissão de Roth, após os fiascos diante de Palmeiras e Corínthians. Naquele momento a mudança era necessária. Um centroavante deveria ter chegado junto, mais um volante inquestionável visto que o Vasco não tinha ainda em Diguinho um atleta em condições de fazer uma sequência na competição. Carecia ainda o time de alguns nomes para dar opção de substituição em outras posições, uns trazidos, outros não.

O Vasco perdeu tempo e pontos importantes contra Joinville e Coritiba. Quando trouxe Jorginho e Zinho para o comando o clube ainda não tinha um centroavante (Thales vivia péssimo momento), nem contava com um lateral esquerdo de confiança e acabou por iniciar o returno em meio a problemas, vistos de forma cabal contra Figueirense e Internacional-RS.

Mas, convenhamos. A contratação de Jorginho foi um coelho tirado da cartola no momento em que poucos queriam vir treinar o Vasco. Das 12 contratações feitas pelo clube para o Campeonato Brasileiro sete se encaixaram no time, na condição de titular ou primeira opção de banco (Diguinho, Julio Cesar, Andrezinho, Bruno Gallo, Nenê, Jorge Henrique, Leandrão). João Carlos e Bruno Teles ainda não estrearam (este último deveria ser o substituto natural de Julio Cesar ontem, mas não estava na relação devido provavelmente ao rodízio de atletas no banco, pois esteve relacionado contra o São Paulo), Riascos fez alguns gols (seis no total) mas caiu, Herrera evoluiu porém isso só será percebido quando seu esforço for traduzido em assistências ou gols e Felipe Seymour não disse a que veio. O técnico recuperou alguns atletas do plantel e quando contou com os novos contratados já em forma tornou o elenco mais coeso, modificou o panorama do Vasco na competição e só não houve a reversão total da situação do clube por inacreditáveis 9 (NOVE) pontos perdidos apenas no returno, oriundos de erros proporcionados pela arbitragem. Somados aos três pontos do turno temos um total de 12 a menos na tabela de classificação. Ou seja, ao invés de 30 o clube teria hoje 42 pontos no Brasileirão 2015.

As críticas pontuais foram feitas pelo Casaca!? Foram. Os elogios também? Sim. Identificamos o real inimigo do Vasco na competição? Da mesma forma. Desde a partida contra o Goiás falamos da arbitragem, após o time que vencera o Flamengo três dias antes pela Copa do Brasil ser operado em Goiânia.

A modificação da postura do Vasco no âmbito institucional parece ter incomodado a muitos, o título estadual idem, postar o mais queridinho de quatro também, consolidar a reação da equipe no Brasileiro, entretanto, pode causar até mesmo algumas tentativas de suicídio, tal é o sentimento de ódio, que não pode parar.

Fica aqui uma menção honrosa àqueles que não embarcaram na banana inflável furada pós jogo e calaram as vaias com aplausos ao esforço do time na partida, sabedores que o futebol jogado pelo Vasco hoje e já há algum tempo é de primeira divisão, diferentemente das arbitragens de quinta categoria, responsáveis por nos tirar pontos e vitórias aos cachos.

Sérgio Frias

Sentimentos represados

Curioso como parte da imprensa tentou taxar o jogo ontem, mesmo diante de mais uma atuação do árbitro prejudicial ao Vasco, curioso como o fato de o Vasco ter perdido inúmeras chances de gol puseram num lugar mais brando duas falhas graves da arbitragem contra a equipe visitante na partida, curioso como o santo Rogério Ceni entrou em cena para falar aquilo que a imprensa gostaria de ouvir após o fim do jogo e a inibiu em parte de tecer uma opinião imparcial a respeito da arbitragem.

Logo no início do clássico o São Paulo, antes do primeiro minuto, abriu o marcador após falha de Rodrigo no lance, diga-se de passagem sua única na partida.

O Vasco não se intimidou e por volta dos 10 minutos já havia se mostrado um adversário à altura do oponente, mesmo jogando na casa do adversário e em desvantagem no marcador.

Uma falta para cartão, cometida por Matheus Reis sobre Madson neste curto espaço de tempo não teve do árbitro a devida punição.

Logo depois, nova falta para cartão do mesmo atleta em Madson e desta vez o amarelo foi aplicado.

O primeiro tempo seguiu equilibrado com o Vasco desperdiçando uma ótima chance de gol com Jorge Henrique e o São Paulo outra com Rogério, cabeceando após ganhar no alto de Bruno Gallo. Nenê pelo Vasco e Pato pelo São Paulo deram outros arremates, mas o lance que mudaria a partida ocorreu mesmo aos 43 minutos. Em pênalti claro cometido pelo atleta Matheus Reis do São Paulo, após cruzamento de Madson, foi dado o segundo cartão amarelo ao infrator e o Vasco ainda obteve o empate após perfeita cobrança de Nenê.

Já no intervalo o goleiro Rogério Ceni jogou pressão para cima do árbitro, agradando órgãos da imprensa paulista que precisavam de um combustível para tentar desmerecer a atuação e reação do Vasco.

Com apenas um minuto da segunda etapa outro pênalti a favor do Vasco, mas desta vez o árbitro já devidamente pressionado não marcou. Não se pode marcar dois pênaltis a favor do time visitante ainda mais depois de uma reclamação pública do homenageado da tarde (Rogério Ceni) quanto à primeira.

Apesar de contar com um homem a menos em campo, o São Paulo rondou por várias vezes a área do Vasco, tendo desperdiçado uma grande oportunidade para aumentar com Luís Fabiano aos oito.

A esta altura Jorge Henrique, sentindo a perna, já fora substituído por Rafael Silva aos sete minutos, mas o Vasco ainda parecia não se achar no jogo e o time da casa permanecia rondando a área de Martin Silva.

A segunda substituição feita por Jorginho, pondo Diguinho no lugar de Julio dos Santos aos 12, modificou o panorama. O Vasco passou a ter mais a bola, a girá-la e o adversário começou a ser envolvido em campo.

O gol da virada saiu de bola parada aos 17 minutos, em bela cabeçada de Rodrigo, disputando o lance entre os zagueiros do time adversário, após córner cobrado por Nenê.

Dos 18 minutos aos 43 o Vasco arrematou a gol oito vezes nas seguintes oportunidades:

Defesa de Rogério Ceni em falta cobrada por Nenê aos 23.

Defesa de Rogério Ceni em chute dentro da área desferido por Rafael Silva aos 24.

Furada de Nenê próximo à marca do pênalti após cruzamento de Madson aos 25.

Defesa de Rogério Ceni em chute de Nenê dentro da área aos 27.

Chance desperdiçada por Rafael Silva dividindo na pequena área, após cruzamento de Luan aos 28, com a bola chegando às mãos de Rogério Ceni.

Alguns minutos se passaram sem que o Vasco encaixasse seus contragolpes de forma eficiente mas Jorginho voltou a dar vida nova ao time aos 35, substituindo Leandrão por Herrera.

Com menos de 30 segundos em campo Herrera cruzou para Nenê, que deu a Andrezinho próximo à área. Novo arremate para mais uma intervenção segura de Rogério Ceni.

Aos 39 Herrera chutou de fora da área e Rogério Ceni defendeu em dois tempos.

Aos 40, em cruzamento de Julio Cesar, Rafael Silva cabeceou na trave.

E o São Paulo?

Dos 18 aos 42 minutos deu apenas três chutes de fora da área, todos tortos, pela linha de fundo, e tentou alçar algumas bolas, sem sucesso.

Aos 43 minutos surge o gol irregular do time da casa, validado pela arbitragem. Bola alçada na área do Vasco e Ganso faz falta sobre Bruno Gallo impedindo que este tivesse qualquer chance de alcançá-la. A pelota chega então a Rodrigo Caio que toca para o gol com tranquilidade.

Nos minutos finais o São Paulo, empolgado com o tento de empate quase virou, tendo uma grande oportunidade para isso, e do lado vascaíno, Andrezinho, já dentro da área, errou o passe final para Herrera, embora pudesse até tentar arrematar no lance, desperdiçando a última chance da partida.

O Vasco mais uma vez foi prejudicado pela arbitragem e se após o gol relâmpago do São Paulo no início da partida muitos vascaínos temeram por uma derrota contundente, o revés sofrido aos 43 minutos serviu como uma ducha de água fria, diante de uma vitória já quase garantida.

Faltam sete jogos e com mais 14 pontos o Vasco deve se garantir na Série A, mas caso as arbitragens simplesmente cumprissem a regra do jogo o clube teria mais 12 pontos na tabela de classificação, fato que desequilibra o campeonato em favor de equipes como o Avaí por exemplo e prejudica frontalmente o nosso clube, embora parte da imprensa faça força para passar outra informação ao público, como tentou mais uma vez ontem e continuará assim procedendo, pois seu discurso de time horroroso, já rebaixado, pior da história, caiu por água abaixo diante do que vem jogando o Vasco e dos prejuízos insofismáveis sofridos pelo clube até aqui.

Se o Vasco hoje em campo se mostra um time a ser temido e respeitado, como já o é o clube em função de quem o representa, cabe à parte da mídia, teimando em ignorar as coincidências de arbitragens contrárias ao Vasco, sentar-se no divã e tentar se reinventar porque o ocorrido e os motivos disso teoricamente seriam ponto de partida para inúmeras matérias investigativas e discursos inflamados, mas, pelo que vemos, parece ser mais simples tapar a boca e agir de forma conveniente, afinal a chamada lisura do futebol é algo secundário quando afeta interesses outros de quem supostamente se diz imparcial.

Por fim, sem essa de que o Vasco merece isso ou aquilo porque foi mal no primeiro turno. O campeonato tem dois turnos, isso está no regulamento e a reação do Vasco se deu num prazo até confortável (15 rodadas antes do fim da competição). Não é aceitável, entretanto, que o clube perca 12 pontos (nove no returno) por conta de prejuízos quase sequenciais de arbitragem, lembrando ainda que mesmo nas vitórias contra Atlético-PR e Sport o Vasco também foi prejudicado por ela.

Sérgio Frias

Fonte do Vídeo: Rede Globo

Fonte da foto: ESPN Brasil

 

Dez pontos

Os problemas que rondam a CBF já há algum tempo criam um cenário sombrio no qual muito se discute sobre a fragilidade de seu presidente e o fortalecimento de seu vice, Delfim Peixoto, dentro da própria entidade.

A relação de Delfim com Santa Catarina já está sedimentada, afinal é ele presidente da Federação Catarinense de futebol pelo incrível espaço de 30 anos ininterruptos.

O número de favorecimentos de arbitragem a equipes catarinenses neste Campeonato Brasileiro é algo no mínimo curioso. Uma incrível coincidência. As quatro equipes são inferiores ao Vasco, mas em três dos sete jogos contra elas, até aqui, o Vasco foi “operado”, mesmo quando venceu o Avaí no turno.

Num momento de reação do time cruzmaltino os prejuízos constantes e consecutivos de arbitragem saltam aos olhos. Dos últimos sete jogos o Vasco foi prejudicado simplesmente em cinco deles, mesmo conseguindo quatro vitórias e três empates neste período.

A esta altura da competição parece um contrassenso ser a equipe do campeonato que sofreu mais faltas até aqui, exatamente o Vasco, a recordista de cartões amarelos e vermelhos (103 e 12 respectivamente), sem ser uma das que mais comete faltas na competição. Para completar o número de adversários expulsos contra o Vasco é de apenas quatro.

Dissemos em matéria recente que o Vasco não havia, até o jogo com a Chapecoense, ganhado um ponto sequer por conta do apito neste Campeonato Brasileiro.

Por outro lado, o time cruzmaltino já havia perdido oito pontos por erros de arbitragens, contra Internacional-RS e Sport (turno), Atlético-MG, Cruzeiro e Avaí (returno), sem contar a partida frente ao Goiás, também no returno, encerrada na prática aos 19 minutos do primeiro tempo por bandeira e árbitro da partida com a expulsão de um atleta vascaíno injustamente e um gol irregular do Goiás na vitória parcial até ali de 2 x 0.

O que ocorreu na noite de quinta-feira no Maracanã foram inexplicáveis e indefensáveis prejuízos contra o Vasco de arbitragem, mais uma vez. Um pênalti pessimamente marcado a favor da Chapecoense aos 40 minutos do 2º tempo e um claríssimo não assinalado a favor do Vasco dois minutos depois.

Para quem estava no Maracanã a sensação foi a de que o árbitro apitou os lances como se estivesse comprometido em prejudicar o Vasco. A atitude do apitador foi infantil nos dois lances citados, digna de um juiz de pelada entre solteiros e casados. Foi simplesmente ridícula a sua análise nos respectivos casos.

Enquanto o incrível Edinho, comentarista do Sportv, via falta de Rodrigo no gol do Vasco, o árbitro da partida amarelava atletas cruzmaltinos por reclamação, e em dose tripla. Houve lance em que o juiz não conseguiu distinguir pé alto na cara do adversário como infração, optando por falta da vítima, seguido de cartão a ela. Mesmo assim o Vasco vencia a partida com autoridade, após melhorar e muito seu jogo na segunda etapa.

O pênalti marcado contra o time da casa, no qual a bola não bateu na mão de Rodrigo dentro da área e se tivesse batido, com este tendo o braço colado ao corpo, não caracterizaria a penalidade, foi um desrespeito a todos os torcedores que pagaram ingresso para ver futebol e não o árbitro do espetáculo.

Mas o show de horrores da arbitragem ainda não tinha chegado ao fim. Dois minutos depois do gol de empate dos visitantes, o atleta da Chapecoense simplesmente esticou o braço até onde pôde após cobrança de escanteio, desviou a bola com a mão, dentro da área – na frente do bandeirinha, perto do árbitro – e o inacreditável Ricardo Ribeiro deixou o lance seguir, bem como seu auxiliar.

Segundo Nenê – presente na jogada do pênalti a favor do Vasco – disse em entrevista após o jogo, a justificativa do árbitro teria sido a de que o toque fora dado sem querer. Não são dois pesos e duas medidas não. É um escárnio mesmo. Uma dose dupla de lambanças, um movimento que põe sob suspeita sua capacidade para arbitrar uma partida de futebol profissional.

Os inimigos externos do Vasco pretendem rebaixar o clube num movimento orquestrado, ao que parece, no qual se tenta dizer com enorme cara de pau não ser um acinte à inteligência dos torcedores vascaínos os sistemáticos erros de arbitragem contra o nosso clube.

A desculpa está preparada para justificar um rebaixamento que muitos vaticinaram após o jogo contra o Figueirense, ou Internacional-RS ou ainda Atlético Mineiro no returno. Não contavam os apressados com a reação cruzmaltina e hoje já se mostra completamente injusto para com o Vasco a permanência do time no chamado Z4, mesmo porque, por mérito próprio, deveria ter o clube nas últimas sete partidas mais seis pontos na tabela e com isso já estar fora da zona de rebaixamento nesta rodada. O problema para tantos não terá sido a arbitragem, mas o tempo de reação, a troca de técnico, a demora na contratação de A ou B. E a mídia motivará tal análise.

Não foi pela arbitragem que o Vasco deixou de ser Campeão Carioca invicto em 1923, Campeão Carioca em 1944, do Torneio Rio-SP em 1950, 1952, finalista da Copa Rio de 1952, finalista do Estadual em 1973, Campeão Carioca invicto em 1977, Campeão Carioca em 1986, finalista do Campeonato Brasileiro de 1992, Campeão Carioca em 1999, Campeão Mundial Interclubes em 2000, Campeão Carioca em 2001, Campeão Carioca Invicto em 2003, Campeão Carioca em 2004, classificado para a Libertadores em 2006, finalista da Copa do Brasil de 2008, finalista da Copa do Brasil em 2009, Campeão Brasileiro em 2011, de se manter na primeira divisão em 2013, de ser Campeão Carioca de 2014, porque sempre se levantarão outros fatores para encobrir as absurdas, contínuas e históricas arbitragens contrárias ao Vasco, principalmente pelos pseudo formadores de opinião da imprensa.

Não tenham dúvida que a partir de agora teremos em qualquer lance polêmico nos jogos do Vasco uma lente de aumento e quando houver um favorecimento ao clube (caso haja) será dito ser a lei da compensação ou coisa que o valha, mas ter o Vasco 10 pontos, eu disse DEZ, a seu favor, por conta de arbitragens, nem tempo há.

O time cruzmaltino deve continuar lutando pois já demonstrou que possui condições de obter os pontos necessários para sair dessa situação. Se obtiver nos próximos sete jogos os mesmos 15 conquistados nos últimos sete provavelmente se garantirá na primeira divisão com uma rodada de antecedência e a equipe já mostrou ter condições para isso, mas é absolutamente inaceitável o que o apito e as bandeiradas têm feito contra o Vasco, contra as regras do futebol e contra o bom senso.

Sérgio Frias

Medo

O Vasco no último sábado atuou mais uma vez melhor que o adversário, mas não obteve êxito, ou seja, não venceu, não fez gols e frustrou sua torcida presente ao estádio e digna de elogios novamente, pois apoiou até o fim.

 

Se eram 30, 31 pontos necessários em 18 jogos, agora são em 17.

 

Continuo afirmando precisar o time de contratações que estejam na ponta dos cascos para a reta final da competição.

 

Não é hora de questionar o porquê de Dagoberto não ter dado certo no time, de Riascos ter se descomprometido, assim como Thales, de Herrera não ter encontrado seu futebol, do porquê da insistência na permanência de Roth, de ficar se discutindo sobre o supervisor, gerente, diretor. A hora é de olhar para frente. De perder o medo.

 

Quem torce efetivamente para as coisas darem certo não pode ter medo que venham continuar a dar errado.

 

As últimas cinco partidas do Vasco, desde a chegada de Nenê e Jorge Henrique, mostraram uma sensível melhora na equipe, não traduzida em gols por três vezes muito pelo fato de o clube não ter um matador, embora em tese Thales fosse um. Ontem foi trazido Leandrão, que como opção no mercado nacional era a mais viável e não se deve ter medo de apostar nela.

 

Continuo afirmando ter de haver uma contratação inquestionável para o meio campo e não interessa se vai estar apto em uma, duas ou três semanas. O reforço pega ainda metade do turno para atuar. Não há porque ter medo de se apostar nisso por questões de adaptação ou algo similar.

 

A reação do Vasco só virá se houver coragem. Do time, da direção e da torcida. Sem dúvida, mais exposta, a direção demonstra coragem ao voltar para o mercado, sem medo de errar, em busca de um “9” para ajudar a resolver a questão dos gols da equipe ou ser a solução. Ela própria decidirá sobre a chegada ou não de novos reforços, mas acredito que os traga ainda, pois se a permissão dada pelo regulamento da competição é contratar até 15 de setembro isto significa não ser qualquer problema trazer atletas até a data limite. A regra existe exatamente para isso: delimitar o razoável.

 

Voltando à questão do “medo”. O Vasco faz até aqui a terceira pior campanha de sua história em Brasileiros, pois foi lanterna em 1969 e 1970, ganhando dois jogos apenas em 16 por dois anos consecutivos, com uma pequena diferença. Aqueles campeonatos acabaram, este não.

 

Então o primeiro fantasma foi embora. Já foi sim pior, e o presidente Agathyrno da Silva Gomes foi eleito para presidir o Vasco até 1973 ( triênio 1970/73) pela conquista do estadual de 1970, 11 anos depois, embora tivesse assumido o clube no final de 1969, terminado dois anos na lanterna do Brasileiro da época. Para completar, ainda experimentaria no Campeonato Carioca de 1971 o maior número de derrotas consecutivas do clube na história da competição, sete.

 

O Vasco vinha de uma década horrenda, na qual cairia duas vezes, caso as regras fossem essas, na qual perdera nos confrontos diretos contra todos os grandes cariocas, na qual se disse à época que o clube falira por conta da falência do Banco Pan-americano, onde teoricamente o Vasco guardava toda a sua receita com o maior plano de sócios da história do clube pós construção de São Januário (os títulos patrimoniais vendidos a partir de 1964); na qual houve impeachment de um presidente (Reinaldo Reis), na qual fomos tão somente a uma final de Campeonato Carioca, levando uma sova do Botafogo de 4 x 0, na qual se contabilizou, entre 1960 e 1969, por nove vezes, o título de quarto do Rio entre os grandes na referida competição

 

Mas a torcida cruzmaltina não desistia. O rebaixamento era anual, simbolizado nos mais diversos e consecutivos fracassos, mas o Vasco continuava sendo o clube da massa e o Flamengo o do povo. O vascaíno não tinha medo. Ele se revoltava, se indignava, mas frequentava os estádios, enfrentava os adversários e não deixava de acreditar. Dessa crença obteve-se o título da Taça GB de 1965 contra o quase imbatível Botafogo de Garrincha, dessa crença o técnico Tim conseguiu algo miraculoso: uma virada improvável de vitórias consecutivas que deram ao Vasco a conquista do Estadual de 1970, após um começo trôpego e uma Taça GB anterior lamentável.

 

A imprensa tratava o Vasco da mesmíssima maneira como faz agora, embora as baterias fossem carregadas contra o clube e não usando um dirigente como camuflagem de suas pérfidas intenções. Éramos indiscutivelmente (para eles) a quarta força do Rio e por vezes levávamos surras de América ou Bangu.

 

Numa época na qual as convocações para Copas do Mundo eram feitas apenas com atletas que atuavam no Brasil passamos três seguidas com apenas um jogador cedido para o “scratch”, Brito em 1966.

 

Um samba de Martinho da Vila (Calango vascaíno – 1974) dizia: …”minha única alegria é ver o Vasco jogar. Minha alegria é ver o Vasco jogar. Eu tô cansado de derrotas mas não vou me entregar”…

 

Eurico Miranda transformou novamente o Vasco num clube tão grande, tão enorme, que nada feito por ele na situação catastrófica encontrada no fim de 2014 agrada. E nem vai agradar. A torcida do Vasco abandonou o time no começo do campeonato após ser campeã depois de 11 anos, viu o campeão vencer três vezes seguidas o Flamengo, mas não compareceu da forma devida em nenhuma delas, goza com a eliminação do adversário, mas virtualmente. Ao vivo foram poucos os que demonstraram acreditar.

 

Há 10 anos, exatos 10 anos, o mais queridinho estava virtualmente rebaixado, a oito rodadas do fim. Nem Maracanã havia na época. Obteve 6 vitórias e dois empates e escapou. Isso após ser derrotado pelo Vasco a 10 jogos do epílogo daquele certame. Faltando oito apenas para o encerramento da competição figurava em vigésimo primeiro (entre 22 participantes), na zona de rebaixamento.

 

E o “horroroso” time do Vasco de 2005? Aquele da derrota para o Atlético-PR de 7 x 2. Aquele que dependia de Alex Dias para tudo. Pois bem. Nas últimas oito rodadas, sem Alex, ganhou cinco partidas e empatou duas, contando com um artilheiro a um, dois meses de completar 40 anos de idade para conduzi-lo. Falamos aí de 17 pontos em oito jogos, ou de 23 em 11, caso contemos três rodadas para trás naquele mesmo ano.

 

Não se pode ter medo de ajudar a conduzir o clube a sair dessa fase, que é um contrassenso em relação à Copa do Brasil, que surge num ano de conquista do Estadual, que ocorre diante de um momento no qual o Vasco institucionalmente volta a se reerguer, com muito trabalho e dedicação.

 

Não importa quem errou, se alguém errou mais ou menos, não importa o que passou. Importa como lição apenas.

 

De forma pragmática o time deixou de somar quatro pontos nas primeiras duas rodadas e precisará recuperá-los em jogos subsequentes. Perder do Internacional e empatar contra Atlético-MG em casa e Ponte Preta fora era a princípio algo aceitável neste início de turno. Que se recupere pontos nos próximos três jogos e se não for possível nos posteriores. O Vasco deve lutar pelos resultados e sua torcida carregar no colo o time em todas as partidas disputadas no Rio de Janeiro, contando ainda com a colaboração que puder nos jogos fora. Sem medo, sem previsões, sem resignação.

 

E que se danem as estatísticas atuais. Que se danem os futurólogos, os mesmos que cravavam Flamengo classificado na Copa do Brasil, Vasco quarta força do Rio, Nenê e Jorge Henrique contratações que não dariam certo e cravam Leandrão como um fracasso.

 

Não tenham medo do verão carioca, nem do frio da Sibéria. Tenham orgulho de poder torcer por um clube que só fez se superar em sua história, bem como bisou várias vezes isso no próprio ano de 2015.

 

Sérgio Frias

Prejuízo

Continuo afirmando precisar o time do Vasco de um primeiro volante dos considerados inquestionáveis e alertando que há poucas opções no mercado; permaneço pontuando ser importante um meia de criação para o restante da competição pois expulsões e contusões impedirão a manutenção do nível da linha de três no setor que conta, em tese, com Jorge Henrique, Andrezinho e Nenê; insisto na qualificação do time com novas opções para lateral e na busca por um centroavante de confiança da nova comissão técnica, primordialmente do treinador, pois Riascos e Herrera quebram um galho por ali, e pelo fato de termos como único atleta “top” da posicão, ainda no mercado, Pizarro, ex- Bayern Munich, peruano de 36 anos e que custaria ao Vasco, caso viesse a aceitar atuar no clube, valor superior a 10 milhões de reais ano, certamente.

Mas o assunto principal desta data é a inacreditável atuação da arbitragem CONTRA o Vasco em Goiânia.

O time começou na frente, tomou o gol antes dos 10 minutos, praticamente na primeira investida do adversário, poderia até ter levado o segundo num outro ataque, mas o pênalti marcado pela arbitragem pouco depois foi uma brincadeira de péssimo gosto. Um puxão na camisa do atacante goiano que nem ao próprio incomodou, visto ter ele mesmo pedido escanteio ao final da jogada. Um lance no qual no momento do tal puxão, que não alterou em nada a jogada, o atleta esmeraldino estava com um pé fora da área e outro dentro. A frenética marcação do bandeira foi no mínimo estranha. O mesmo bandeira que na segunda etapa deixou de marcar falta claríssima sobre Madson em jogada na direita, por trás, no nariz dele e assinalada pelo árbitro da partida.

Pouco depois um atleta do Goiás estica o pé para atingir bola ou rosto de Jorge Henrique, que na sequência dá um toque por baixo na perna do infrator, que por sua vez põe a mão no rosto como se tivesse sido atingido na face. O árbitro de longe expulsa Jorge Henrique, enquanto o bandeira, frenético minutos antes, se omite.

Na segunda etapa, em contragolpe goiano, Martin Silva faz uma bela defesa, mas parcial apenas, e no rebote Rodrigo vai para a briga com um avante goiano que sentindo o toque do zagueiro cruzmaltino se joga de forma acintosa ao chão. O árbitro marca o pênalti e expulsa Rodrigo, terminando o Vasco a partida com nove em campo.

Houve antes, quando o placar ainda era de 2 x 0, um lance na área do Goiás no qual Nenê percebe que vai ser tocado pelo defensor adversário (como de fato foi) e força a queda, mas a arbitragem, em cima, nada marca.

O irmão de Paulo Cesar de Oliveira – ex-árbitro, com o histórico de ter apitado de maneira ridícula uma partida contra o Vasco em 1999 diante do Paraná, em São Januário, a qual lhe trouxe consequências na época – só pode ter se inspirado naquele evento para atuar de forma tão esdrúxula, assessorado por um de seus bandeiras.

Já fico imaginando o que ocorreria se ao armar a bicicleta no primeiro gol do Goiás o atacante da casa fosse tocado ou impedido por Anderson Sales com uma paredinha ou um deslocamento comum. Talvez houvesse mais um pênalti contra o Vasco na partida. 

Tivesse hoje o Vasco Edmundo, Juninho, Viola, Mauro Galvão, Felipe e cia. em Goiás, perdendo por 2 x 0, com 19 minutos de jogo, 10 contra 11, fruto de prejuízos oriundos da arbitragem (duas vezes, em lances cruciais), o destino do embate não se modificaria.

Problemas existem ainda, mas a postura tática do time hoje, mesmo com um homem a menos em campo, não se compara àquela vista contra Corínthians, Palmeiras, Santos entre outras partidas as quais nada mais foram (no 11 contra 11) que um autêntico ataque contra defesa. 

Sobre permanência na primeira divisão, continuamos precisando de 30 pontos, mas agora em 18 jogos. Um empate hoje seria muito importante e a derrota fará com que o time tenha de buscar este ponto diante de um adversário mais difícil fora de casa. Já em seus domínios, com direito a errar muito pouco, o Vasco precisará de vitórias e muitas, para permanecer na Série A. Mas pelo visto a briga por isso terá de se iniciar fora das quatro linhas.

Sérgio Frias

Returno

Escrevo para aqueles com crença no Vasco e não para os que já jogaram a toalha.

Quem tem escutado o programa Casaca! no Rádio sabe das críticas que temos feito à atual situação do clube no futebol.

A lentidão para conclusão de algumas contratações, manutenção de técnico com prazo vencido, falta de percepção do momento de se agir para solucionar problemas futuros tem levado o clube a experimentar inúmeros problemas, até mesmo desnecessários.

O Vasco ainda carece de alguns reforços inquestionáveis, dois são suficientes, para reerguer-se no Campeonato Brasileiro.

O problema da saída de bola é crônico. O Coritiba não foi parâmetro, pois a marcação frouxa e a série de espaços dados pela equipe paranaense proporcionaram a que Serginho e Lucas tivessem um pouco mais de tempo para concatenarem jogadas, atuando ambos de forma elogiável, primordialmente nos primeiros 30 minutos de jogo.

Uma mínima melhora na organização tática do adversário, mais notada na etapa final, iniciou novamente a mesmice de ligações diretas. Sem um nome que comandasse as saídas de bola, dando segurança ao time e ao outro volante viu-se pela enésima vez chutões com pouco rumo e muito improviso, normalmente sem qualquer sequência de jogada a favor do Vasco.

Ainda sobre o jogo, especificamente, a absurda saída de Jorge Henrique e manutenção de Lucas – já sem forças, sob o aspecto físico, para desenvolver o jogo desde a intermediária do Vasco – resultaram numa desarmonia e falta de compactação do time que, nervoso, pressionado em função de a bola não entrar, passou a dar oportunidade a contragolpes cada vez mais perigosos da equipe visitante.

A inoperância ofensiva do Coritiba impedia que o time paranaense abrisse o placar, até a falha de Jomar, bem na partida até ali. Mas o gol foi um acidente de percurso. A partida ia para um 0 x 0, consequência até então de algumas chances inacreditáveis perdidas pelo Vasco.

Como gancho nisso, ressalte-se que o time precisa e muito de um centroavante nato, pois Riascos e Herrera quando atuam por ali quebram um galho e Thales se mantém fora de forma, de ritmo e de jogo, atuando mal consecutivamente até aqui.

Na parte criativa, a contratação de Nenê modificou um pouco o quadro, mas a responsabilidade não pode ir toda para as costas dele. Andrezinho ainda é uma incógnita, embora se espere mais dele quando voltar, e Jorge Henrique vem para ocupar a outra vaga da linha de três. Um meia com talento e experiência seria importantíssimo para o time, até porque serão 19 decisões mais a Copa do Brasil e a tendência é a de que não se consiga contar com essa linha de três (Jorge Henrique, Andrezinho e Nenê) em várias das muitas decisões futuras. Um nome incontestável no setor seria de suma importância.

Para a zaga foi acertadíssima a contratação de João Carlos. O Vasco agora possui três zagueiros de primeira linha, o que é o ideal, pois não dava para imaginar ter Rodrigo e Luan (hoje ainda contundido) até o fim do ano atuando em todos os jogos, sem alterações.

Além disso mais um lateral precisa ser contratado. Cabe aí enxergar a nova comissão técnica se Julio Cesar pretende se comprometer com a reação do Vasco ou não. Christiano continua sendo o melhor preparo físico do elenco, tem agora Nenê ao seu lado para ações ofensivas, ou mesmo Jorge Henrique, se houver qualquer inversão, mas precisa traduzir em gols seus avanços. Este é um setor que ainda dá dor de cabeça ao torcedor, mas pode vir a ser importante como válvula de escape, caso o time finalmente esteja bem articulado, agora com mais peças para isso.

Na direita Madson está absoluto e isso pode também ser um problema. O Vasco não tem reserva à altura para a posição e Jean Patrick quebra mais um galho, mas sua ação ofensiva é muito tímida.

Há ainda laterais no mercado de bom histórico e currículo. Um deles vindo já será importante para a trajetória cruzmaltina até o fim da temporada.

O Vasco tem sim amplas condições de mudar sua história no campeonato. Precisará da torcida e contará com o nosso apoio. Muitos torcem contra por enxergarem no rebaixamento do clube uma oportunidade para o pilharem futuramente e nós precisamos ter a mais ampla noção disso.

É hora de ação, pois a morosidade demonstrada para a tomada de decisões não foi sinônimo de prudência, mas sim de letargia. Em função dela se perdeu um tempo precioso, pois atletas como Nenê e Jorge Henrique poderiam ter vindo muito antes, um volante inquestionável que qualificasse a saída de bola do time idem e a reposição pela saída de Gilberto, ato contínuo a ela, também.

A janela de contratações abriu e fechou com o Vasco fazendo tão somente duas contratações de maior impacto (Andrezinho e Herrera) e as oportunidades no mercado atual para que se traga ainda alguns atletas rareiam. Existem, mas rareiam.

Há de se imaginar quais são as consequências de uma queda, principalmente no ponto nevrálgico do clube: suas finanças.

Todo o trabalho feito com tanto esforço, denodo e dedicação para tornar o Vasco novamente viável não pode ser posto em xeque pela ridícula e inaceitável campanha do time de futebol.

Por fim, continuaremos a nos manifestar, como fazemos semanalmente no programa Casaca! no Rádio, e fizemos em relação à inacreditável permanência de Roth, tanto quanto à necessidade de se qualificar o time quando o rendimento de vários atletas passou a decair.

No mais, boa sorte à nova comissão técnica e que use tanto o CAPRRES como o setor de Desempenho do clube, tocado por profissionais qualificados e com visão de alcance inatingível para as comissões técnicas anteriores, por falta de conhecimento ou medo do novo. Um medo que quase sempre, em qualquer lugar e circunstância, engessa a evolução.

Sérgio Frias

Curto e médio prazo

A derrota do Vasco contra a Chapecoense ontem foi desenhada com a expulsão de Christiano no início da segunda etapa, sob o aspecto prático, mas no âmbito teórico se deu desde a escalação da equipe.

O belo gol marcado por Biancucchi na quarta passada contra o Avaí apagou a partida burocrática que fazia, espelho de outras diante de Atlético-PR, Cruzeiro e Sport.

A insistência recente, tanto do ex-treinador Doriva como do atual, Celso Roth, em prescindir do futebol de Julio dos Santos na equipe titular para escalação de Biancucchi ou Jhon Clay cria dois problemas de cara para o Vasco quando entra em campo: Madson não tem seu apoio na lateral direita para executar as jogadas ofensivas (cada vez mais raras) e o Vasco perde a chance de usufruir de um atleta com bom passe, proteção de bola, visão de jogo e tranquilidade em campo.

A lentidão de Julio dos Santos seria a justificativa pela barração segundo muitos, mas esta é compensada por suas qualidades, como se viu no Campeonato Carioca, inclusive nos clássicos. A reserva amargada pelo atleta pode se dar também pelas observações em treinamentos, o fato de não ter entrado bem em algumas partidas (exceção da última contra o Avaí quando não comprometeu) ou ainda por qualquer problema de ordem física, mas dentro do elenco atual, sem contar ainda com os novos reforços, ele sobra no setor de meio campo.

Falando de reforços, há a real possibilidade da estreia de dois deles contra o São Paulo, em Brasília.

Andrezinho chega com boa expectativa, não só por suas qualidades ofensivas, como também pelo bom momento vivido no futebol asiático, que possui o calendário norteado no nosso e não no europeu, portanto em meio de temporada.

Falta e continuará faltando, até a contratação de um outro meia ofensivo, um companheiro para o novo reforço, não deixando de se reafirmar que Julio dos Santos seria uma boa opção até a confirmação de tal contratação.

Alguns lembrarão que Dagoberto poderá retornar no futuro, mas o tempo de recuperação ainda é considerável e suas atuações no Estadual e início de Brasileiro deixaram a desejar.

Na frente o treinador poderá promover a estreia de Herrera, banco de Riascos e Gilberto, ou já atuando com um dos dois. Deve somar e muito no time, caso esteja em boa forma física.

Éder Luís é a grande incógnita. Se recuperado fisicamente pode brigar pela posição de titular, mas somente no campo será possível tirar a prova dos 9, no caso dos 7.

Sobre o sistema defensivo do Vasco, sofre com o fraco desempenho do time na frente, não só pelo pouco número de gols como de oportunidades criadas. Rodrigo e Guiñazu permanecem muito bem; Luan, hoje na seleção pan-americana, mostrou-se instável no Brasileirão; Anderson Salles tenta se entrosar com Rodrigo enquanto o titular não retorna; Martin Silva faz muita falta (Charles não teve culpa no gol tomado ontem, mas ainda demonstra insegurança); Madson (absoluto na posição) e Julio Cesar (provável lateral titular) não são marcadores excepcionais, mas compensam, um pela experiência e outro pela qualidade no apoio, e Serginho permanece com altos e baixos, desde o início do ano. Espera-se agora ter uma sombra no banco, com possibilidades até de ganhar a posição no time, caso ratifique o bom momento vivido no futebol português na temporada 2014/2015. Falamos de Bruno Gallo (considerando que se confirme a contratação), apto inclusive a atuar em outras posições, entre elas a lateral esquerda.

Afinal, o time precisa da contratação de mais um centroavante? Esta posição é outro mistério. Renderá Gilberto, junto a novos reforços, com a bola chegando mais até ele e em melhores condições? Thales – embora mais voluntarioso nas últimas participações – não é nem sombra do atleta que brilhou no time entre o final de 2013 até o fim do estadual de 2014; Herrera pode jogar como referência na frente, mas funciona muito bem atuando pelos lados do campo. Precisaria o Vasco do chamado “fazedor de gols”? Os números (até aqui) dizem que sim.

Sobre o treinador, apesar da clara discordância quanto à ausência de Julio dos Santos na atual equipe titular, ficou evidente ter entrado o Vasco mais ligado nos jogos, mais alerta e mais combativo. Para que se torne compacta a ponto de subir bastante na tabela, a equipe dependerá da produção dos reforços contratados, adaptados ao atual elenco, bem como de quem ainda venha a chegar, com o espírito de não apenas somar, mas sim multiplicar ações ofensivas.

Sobre arbitragens, o chamado ”dois pesos e duas medidas” não pode imperar contra o clube no Brasileirão e na Copa do Brasil, até o final do ano. Se um “agarrão” de Lucas dentro da área do Vasco é pênalti (Atlético-PR x Vasco), uma cotovelada que fez sangrar Gilberto na área adversária também o é, a nosso favor (Sport x Vasco); se Christiano foi expulso ontem pela interpretação do árbitro quanto à cor de cartão, que se faça a mesma a nosso favor em lance similar de algum adversário. E que erros crassos não sejam mais cometidos contra o Vasco, como a anulação do gol de Gilberto diante do o Avaí, por impedimento mal marcado de Jhon Clay.

Reação a curto e médio prazo, até o final do turno, é o objetivo. Serão quatro jogos contra os grandes paulistas, Grêmio fora de casa, um clássico contra o Fluminense e dois adversários teoricamente mais fáceis em casa: Coritiba e Joinville. Espera-se muita melhora ofensiva do time para encarar os desafios e uma compactação da equipe, a fim de impor seu ritmo em campo, independentemente do poderio encontrado nos seus próximos oponentes.

Quanto aos torce contra, deixemos que sofram com as vitórias do Vasco. Como o destino do clube é vencer mais que perder, o sofrimento será um sentimento que não poderá parar, conforme o clube vá se recuperando na competição.

Sérgio Frias

Miopia

O Vasco foi mal escalado novamente. O treinador Doriva não soube fazer o simples, o óbvio.

Julio dos Santos na direita e Julio Cesar na esquerda, dando apoio a Christiano.

Ele escalou mal e sua primeira substituição foi pior ainda. Tirou Jhon Clay e ao invés de pôr Julio dos Santos na direita, preferiu Rafael Silva. Depois trocou Biancuchi por Julio dos Santos, mas aí trouxe Riascos para o meio (que jogava bem pelo lado esquerdo do campo) e colocou Rafael Silva na esquerda. Riascos se contundiu e aí sim entrou Julio Cesar, cerca de um minuto antes do time tomar o segundo gol, na função que deveria ter sido escalado desde o início do jogo. A esta altura Julio dos Santos, ao invés de ser o homem da armação pela direita, jogava quase enfiado na área por aquele lado e o Vasco já tinha se desarrumado de vez, perdendo uma partida que poderia ter vencido com certa autoridade.

Para completar, o consultor/comentarista Juninho Pernambucano afirmou que não gosta de Julio dos Santos na direita, elogiou a formação com o nulo Rafael Silva no início da segunda etapa, cobrou a torcida do Vasco para ir ao estádio, mas depois percebeu que este não era o melhor caminho para “conduzir o gado” e afirmou que a ação da diretoria em preservar o time de xingamentos, insultos, etc…, não informando à imprensa o traslado do time após o jogo, afastava a torcida, criticando ainda o fato de o Vasco jogar em São Januário, pois lá os públicos são baixíssimos.

Claro que o Vasco está contratando e vai se reforçar ainda mais, claro que o campeonato ainda está no começo, claro que a fase vai passar e o Vasco voltará ao eixo, mas perder jogos seguidos por opções completamente equivocadas do seu treinador desde a escalação, passando pelas mexidas e posicionamento dos atletas em campo, após estas terem sido feitas, é perder não para o adversário, mas para si mesmo.

Em tempo, a manutenção de Charles no gol foi um acerto do treinador e a escalação inicial de Riascos (o melhor do time enquanto jogou pelo lado esquerdo do ataque) como segundo atacante, idem. Mas no geral o técnico deixou a desejar e o Vasco, que tinha tudo para somar três pontos na partida, terminou sem nenhum.

Sérgio Frias

Análise

Quatro jogos em São Januário e nenhuma vitória. Esta é a realidade mais preocupante do Vasco hoje, pois seu estádio deixou de ser o tradicional caldeirão de outrora, longe, muito longe da panela de pressão que se fazia contra os mais diversos adversários, independentemente das condições técnicas deles.

Por outro lado, o comportamento do time cruzmaltino no jogo de ontem, após tomar o primeiro gol do Cruzeiro, demonstra o estado de nervos dos atletas, a intranquilidade de seu treinador e evidencia o cenário inaceitável posto em seus rostos, além da falta de condições emocionais para reagirem.

O que se viu após a equipe sair atrás no marcador foi desorganização e insegurança. De todos, menos da torcida presente, que ainda se uniu na segunda etapa para tentar empurrar o time desde as arquibancadas.

Sem muitas opções no ataque, Doriva escalou a dupla de frente, na prática, com Jhon Clay e Gilberto. A instabilidade do substituto de Riascos – impedido de atuar por ser atleta do Cruzeiro – tem como contraponto certa criatividade, responsável por boas jogadas do ataque cruzmaltino até a primeira meia hora de partida.

Neste período, os laterais do Vasco não se apresentaram como se impunha diante do esquema escolhido e quando o fizeram o ineficiente Biancucci não lhes serviu de forma adequada, muito menos quaisquer dos volantes, com uma ou outra jogada de exceção.

A escalação de Caucaia e Biancucci nos lugares de Lucas e Julio dos Santos não são justificáveis, seja pela produção de ambos contra o Atlético-PR na rodada anterior, seja pela produção dos outros dois, que já mostraram futebol suficiente para serem primeiras opções no elenco atual, ainda carente de reforço.

Sem Rafael Silva no banco de reservas, machucado, e diante da péssima relação da torcida com Yago, praticamente queimado, o gol do Cruzeiro aos 37 minutos da primeira etapa não deveria ocasionar uma mexida na estrutura tática da equipe, imediatamente depois.

Com a saída de Diguinho, Lucas deveria naturalmente substituí-lo e para a segunda etapa a entrada de Julio dos Santos no lugar de Caucaia era algo até certo ponto óbvio, pois ele, junto a Madson, são responsáveis por uma das mais contundentes jogadas ofensivas do time. A alteração demorou cerca de 10 minutos e quando Julio entrou, logo no minuto seguinte o Cruzeiro ampliou em falha lamentável do goleiro Charles, que leva os mais afoitos a pensarem no retorno de Jordi, o que pode causar uma ciranda entre os dois até a volta de Martin Silva.

Pior que a demora pela participação de Julio no jogo, foi seu posicionamento em campo, hora na meia-esquerda, hora centralizado, sem a devida aproximação com Madson.

A inoperância de Biancucci na partida e o vazio na direita fizeram com que Luan passasse a ocupar aquele setor, mas já não havia cobertura, concentração, nada.

E quanto a Jhon Clay, o mesmo que começara bem? Foi recuado mais para a meia em função da entrada de Yago (veloz mas pouco objetivo) e caiu muito de produção. Acabou substituído por Thales, quando o jogo ainda estava 0 x 2, tendo sido transformado o Vasco num bando em campo até o fim da partida.

Uma menção honrosa a Rodrigo pelo belíssimo gol de falta.

A desorganização do time pareceu ontem ser um reflexo de tantas mexidas e mudanças táticas do seu treinador, independentemente de alguns desfalques.

Diante do atual quadro, o Vasco – que na visão da maioria precisava apenas de um reforço para a criação no meio campo, uma vez que Marcinho e Dagoberto não atuaram nesta temporada da forma como se esperava – pode vir a carecer de mais, conforme os atletas forem sentindo a pressão oriunda dos maus resultados.

A notícia boa é o fato de o desastre ter ocorrido no começo da competição. Que se inicie a reação.

Sérgio Frias

Exemplar

O cair da tarde ontem no Vasco nos trouxe mais luz para o futuro de nossa base imortal.

O assunto do dia era a inauguração da Pousada do Almirante em São Januário – batizada com o nome de “Amadeu Pinto da Rocha”, em homenagem póstuma a quem trabalhou por mais de 50 anos em prol do clube – que servirá às categorias infantil e juvenil.

Primeiro pude ver os atletas profissionais de hoje, que naquele espaço estiveram por anos, abismados ou surpresos com a nova estrutura do local.

Depois me encontrei com gente que vivencia o Vasco semanalmente ou diariamente e era perceptível uma ponta de orgulho no rosto de todos por mais esta realização do nosso clube.

Mas a obra tem – desde a idealização dela por parte de Eurico Miranda, passando pela experiência de quem cuida do patrimônio do Vasco por anos a fio, na condição de vice-presidente do setor, José Joaquim Cardoso Lima, o nosso Quim, robustecida por ajudas anônimas – um nome incontestável de destaque para sua execução: André Luiz Vieira Afonso.

Ele, o Vice-Presidente de Obras e Engenharia, era completamente desconhecido no âmbito político e administrativo do clube e foi não uma aposta, mas uma certeza pessoal de Eurico Miranda, quando o chamou para fazer parte de seu quadro administrativo.

A escolha se mostrou não só acertada como cirúrgica e a prova está na belíssima transformação de um espaço em condições lamentáveis para uma referência a ser vista, admirada e até copiada no futuro (quem sabe) pelos sem estádio da zona sul.

Num momento de crepitação contra preço de ingressos para jogos no estádio de São Januário, um modelo como este – que está longe de ser o único dentre colaboradores, diretores, assessores e vice-presidentes das mais diversas áreas, prontos a labutar em prol do clube por prazer e com responsabilidade – faz soar como mera desculpa a justificativa de alguns vascaínos pela ausência em São Januário por conta de R$20,00 a mais cobrados do valor mínimo para ingresso inteiro permitido neste Brasileirão.

Não é preciso gastar muitas linhas para dizer o óbvio: o Vasco está sendo reconstruído, após quase sete anos de iniquidades, descaso e destruição. Exemplos dos que lutam por isso devem ser seguidos (no limite de cada um é claro), pois a união de esforços da torcida vascaína torna o clube praticamente imbatível, independentemente das circunstâncias, favoráveis ou não.

Sigamos juntos.

Sérgio Frias

* Nasceu na última quinta-feira, 28 de maio, mais um vascaíno. Seu nome é Eduardo e veio ao mundo já Campeão. Afinal o Cariocão 2015 é nosso!