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Clube dos 13, título do asterisco e Eurico Miranda

 

Nunca uma declaração de Eurico Miranda teve tanta credibilidade na imprensa esportiva. Lógico, ela interpretada da forma que lhe é interessante é o ÚNICO argumento de defesa da maior mentira do esporte nacional. Como podem os rubro-negros irem contra uma decisão transitada em julgado pelo STJ, ou seja, sem possibilidade de recurso, e massificarem a desinformação pelos meios de comunicação de algo que a própria CBF em seu site afirma o contrário? Simples: o Eurico falou que o Flamengo é o campeão. Pronto! Flamengo é hexa, ou melhor, “EXA”.

Vamos deixar de lado toda a história de Copa União, Módulo Amarelo e Módulo Verde e etc e nos concentrarmos na declaração e no porquê dela. Eurico Miranda era o representante do Vasco da Gama no recém criado Clube dos 13. Devido ao imbróglio entre o Clube dos 13 e a CBF, um acordo devia ser firmado para que o campeonato ocorresse sob a influência da CBF caso o Brasil não quisesse ser punido pela FIFA. O representante legal nomeado pela entidade dos clubes para negociar, com plenos poderes, com a CBF foi exatamente Eurico Miranda. Ou seja, o acordo seria a concordância unânime dos clubes membros do Clube dos 13.

Acordo assinado, segue o campeonato. Campeão e vice-campeão, Flamengo e Internacional, deveriam, pelo acordo assinado pelo Clube dos 13 (Eurico Miranda) e a CBF, jogar um quadrangular com Sport e Guarani.

O Clube dos 13 em assembléia, ao final da Copa União, havia decidido que o campeão e vice-campeão brasileiro eram o Flamengo e o Internacional. Eurico Miranda, pivô da mudança do regulamento, é entrevistado sobre o assunto e ratifica o discurso da entidade.

Após o término da disputa dos dois módulos (verde e amarelo), recusam-se a participar do quadrangular Flamengo e Internacional e depois do cruzamento entre os clubes restantes, o Sport é declarado campeão brasileiro e o Guarani vice-campeão brasileiro pela CBF. Confusão gerada que vai para os tribunais.

Agora vamos parar para pensar. Você é o representante de seu clube no Clube dos 13. Você tem um cargo representativo na entidade. Você é perguntado sobre algo que a entidade acabou de votar e decidir. O que você responde? Você vai dizer que o Clube dos 13 está errado? Ora, convenhamos… Não seria uma atitude inteligente. O que nós ganharíamos com isso? O Vasco, com certeza, perderia força política na entidade.

O principal fato que o vascaíno tem que entender é que o principal prejudicado nessa história era o FLAMENGO. Logo, para o desapercebido, Eurico Miranda defendendo o Flamengo é um absurdo, uma falta de respeito do dirigente com o seu torcedor e algo mais grave. No entanto era uma de muitas pernadas que ele como dirigente aplicou no queridinho da mídia. Dois anos depois deu uma ENORME tirando Bebeto da Gávea e o trazendo para São Januário, quando fomos campeões, e no início dos anos oitenta outra quando trouxe de volta o hoje presidente do Vasco que estava de malas prontas para ir jogar no rubro-negro.

Óbvio que Eurico Miranda, pessoa que ASSINOU O ACORDO, sabia as implicações que viriam. Se o Flamengo e o Internacional não quiseram jogar o problema é deles. Mas ele se declarando contra uma decisão da entidade naquele momento o enfraqueceria e prejudicaria o Vasco da Gama. Mais uma vez ele tomou a MELHOR DECISÃO PARA O VASCO! E o melhor de tudo é que ele ainda teve participação DIRETA no fato do Flamengo não ser reconhecido campeão brasileiro.

E que agora não haja mais nenhuma dúvida sobre o assunto.

Por: Carlos Eduardo Rodrigues Pereira

Matéria publicada no Casaca em 12/12/2009

1993 – O Bi da Garotada

 

Aposta na base: essa foi a receita do Vasco no ano de 1993, quando foi em busca da conquista do seu 4º Bi Campeonato Estadual na história.

E começou bem a disputa da Taça Guanabara, marcando 10 gols nos dois primeiros jogos: 4×1 no Bangu e 6×0 no América de Três Rios. Porém não conseguiu manter o ritmo e acabou perdendo pontos bobos para equipes menores, como no empate contra o Olaria e derrotas para Americano e Entrerriense. Mas deixou boa impressão nos clássicos, vencendo o velho freguês rubro-negro por 2×1, o Botafogo por 2×0 e empatando com o Flu em 1×1.

Porém estes resultados não foram suficientes, e o Fluminense acabou se sagrando campeão do 1º turno, garantindo uma vaga na final. Agora só restava vencer a Taça Rio e confrontar o tricolor nas finais.

Depois de 5 vitórias seguidas nas primeiras rodadas do 2º turno, a equipe foi surpreendida pelo imprevisível Bangu, que dentro do Maracanã, nos derrotou por 1×0.

O gol da vitória foi marcado aos 47 do 2º tempo, tendo a equipe cruzmaltina apenas 9 homens em campo. O resultado diminuiu os ânimos do torcedor.

Na partida seguinte, vitória fácil contra o Bonsucesso por 3×0. Então viria a decisiva partida seguinte, contra o rival da Gávea, que naquele momento, brigava cabeça a cabeça com o Vasco pela liderança do turno.

No domingo, dia 16 de maio de 1993, o Maracanã recebeu mais de 50 mil torcedores para aquela final antecipada da Taça Rio. Faltavam apenas 4 rodadas para o final, e quem vencesse, abriria 2 pontos de vantagem contra o rival. Era vencer ou vencer !

E a vitória veio, com um gol de Pimentel. O caminha para o título da Taça Rio estava traçado.

Jornal O Globo 17/05/1993

Faltava apenas uma rodada. Sem sustos, o rubro-negro venceu o São Cristóvão por 3×0. Só restava ao Flamengo torcer por uma derrota do Vasco, o que deixaria os dois times com o mesmo número de pontos e forçaria uma partida extra para decidir o returno.

Já o Gigante da Colina enfrentaria o Fluminense no domingo jogando pelo empate, mas, segundo o regulamento, já estava classificado para as finais do Carioca mesmo se perdesse, pois conquistara o maior número de pontos da competição até ali e só poderia ser igualado pelo Flu, caso o tricolor vencesse o clássico.

Porém, uma informação divulgada horas antes do início da partida, no dia 6 de junho, traria um sobressalto: uma interpretação do regulamento, originada na Gávea e reverberada com entusiasmo por setores da imprensa, sugeria que o Vasco só teria sua vaga na decisão garantida caso empatasse com o Flu, pois a derrota o deixaria com o mesmo número de pontos ganhos na soma do turno com o tricolor. E segundo a interpretação rubro-negra, somente os campeões dos dois turnos poderiam disputar a final.

Ocorre que o regulamento previa as finais disputadas por 2 ou 3 clubes. Era sabido que a razão pertencia ao Vasco, mas aquela era uma forma de tentar desestabilizar a equipe e ao mesmo tempo, motivar o Fluminense. Porém a tática do arco-íris não deu resultado: empate em 1×1, mesmo com Valdir (autor do gol) sendo expulso logo no início do 2º tempo. Vasco na finalíssima.

A melhor de 3 começaria no dia 10 de Junho. E começou bem para o Vasco: vitória por 2×0, com gols de Valdir, que teve sua presença garantida nas finais através de uma ação de Eurico Miranda nos bastidores. A taça estava nas nossas mãos, pois bastava um empate na partida seguinte, eliminando a necessidade de um 3º jogo.

Três dias após a vitória vascaína, diante de um público de 56 mil pessoas, sendo 80% de torcedores cruzmaltinos, o que se viu no Maracanã foi uma atuação polêmica do árbitro José Roberto Wright, que anulou dois gols de Bismarck, um por impedimento quando este estava no máximo na mesma linha do zagueiro tricolor antes de empurrar a bola para as redes, e outro por alegar que o atacante vascaíno tenha empurrado um defensor tricolor. E para completar, deixou de marcar um pênalti em Valdir. Wright chegou a fazer menção de apontar a marca do cal, mas voltou atrás, marcando apenas escanteio. Final de jogo, vitória tricolor por 2×1.

Jornal do Brasil 14/06/1993

A finalíssima do Campeonato Estadual de 1993 foi marcada para a quarta-feira seguinte, dia 16 de junho. Mais de 80 mil torcedores compareceram ao Maracanã. Ao Vasco, bastava o empate, mas a equipe jogaria desfalcada de três jogadores: Jorge Luís, Leandro Ávila e Geovani.

O jogo começa tenso e com algumas faltas duras. Como o empate lhe satisfazia, o Vasco entrou cauteloso. Aos 40 minutos da primeira etapa, um lance que poderia tranquilizar de vez os vascaínos: após chute de Valdir, Marcelo Barreto levanta os braços de forma imprudente e toca na bola. O árbitro Daniel Polmeroy marca pênalti, desperdiçado por Bismarck, que chuta por cima do travessão.

Na segunda etapa, logo aos 9 minutos, Carlos Alberto Dias e Julio César trocam gentilezas e acabam expulsos.  Com 10 contra 10, o jogo fica mais aberto, e em dois lances seguidos, o tricolor quase abre o placar. Porém o Vasco se mostra perigoso nos contra-ataques. Valdir e Hernande passam a infernizara a zaga adversária, criando várias chances de gol.

Os últimos minutos são nervosos, e desesperados por não conseguir mexer no placar, os jogadores tricolores passam a entrar com violência nas disputas de bola. O centroavante Vágner agride o zagueiro vascaíno Alê. Alex parte pra cima do atacante tricolor. Tudo isso longe dos olhos da arbitragem.

Fim de jogo e começa a confusão. Vágner é cercado pelos vascaínos e ao invés de correr para o túnel do Fluminense, vai na direção contrária. é perseguido então pelo time inteiro do Vasco. Após o espetáculo de corrida e fuga, vem enfim a merecida festa. Pela primeira vez o Vasco ganhava um campeonato Estadual em confronto direto com o antigo algoz, atualmente freguês de caderno. Perdera em 1976 e 1980. Novos tempos a vista.

Este foi o segundo passo do Vasco rumo ao inédito Tri-Estadual. Mas esta é uma outra história.

  

Jornal O Globo 17/06/1993

Fonte de pesquisa : Livro “Todos contra ele”, “O Globo” e “Jornal do Brasil”

Mitos e Romances do futebol: o centenário de Bernardo Gandulla

Gandula […] O mesmo que gandulo.

Gandulo […] Garoto. Vadio. Tratante […] (FIGUEIREDO, 2010 [1913], p. 936).

O futebol se apresenta como um dos campos mais favoráveis ao surgimento de mitos e para a “romancialização” de fatos históricos. Nessa direção caminhou a terminologia carioca e brasileira quanto à nomeação dos indivíduos que ficam à beira do gramado nos dias de jogos auxiliando a entrega e a devolução de bolas, os famosos gandulas. No cenário esportivo brasileiro construiu-se a idéia de que o termo surgiu através de um ex-jogador do Club de Regatas Vasco da Gama: Bernardo Gandulla. Nesse 1º de março de 2016, Gandulla completaria 100 anos. Assim, como forma de homenagear tanto a passagem do jogador pelo Clube quanto a essa folclórica página da história vascaína, iremos tratar do surgimento do “gandula”.

Bernardo Gandulla

Data de nascimento: 1º de março de 1916 (Buenos Aires, Argentina)

Data de falecimento: 07 de julho de 1999 (Buenos Aires, Argentina)

De acordo com o mito construído, ao menos em uma das facetas, Gandulla ficaria sempre na reserva e para demonstrar a sua qualidade técnica corria para buscar as bolas que saíam e as repunha em jogo com destreza. Contudo, para surpresa de muitos, a referida expressão era antecessora à vinda do referido jogador para o Vasco e de uso comum no futebol da então Capital Federal. A palavra “gandula” é o feminino de “gandulo”, que significava “garoto”, “vadio” ou “tratante”. No contexto da sociedade carioca do início do século XX, o termo poderia ser utilizado de múltiplas maneiras. Por exemplo, como meio de se referir a pessoas de mau caráter (Correio da Manhã, 1906, p. 02) ou a fatos insignificantes:

Em poucos minutos aquelle trecho de rua ficou, tal como uma praça de guerra. Não havia motivo para tanto. Era um caso “gandula”, vagabundo, sem nenhuma importância. Uma luta entre dois homens, que ficou resolvido atoinha… (A Rua, 03 de maio de 1927, p. 6)

Ainda poderia fazer referência a materiais doados pelo estado aos militares e que depois eram vendidos:

Uma gandula quer dizer, na gíria de quartel, um objecto entregue á praça […] – calça, botinas ou blusa, de que elle se desfaz, para apurar dinheiro (Correio da Manhã, 14 de outubro de 1909, p. 4).

 

No campo esportivo carioca, desde as primeiras décadas, o termo “gandula” era utilizado para se referir aos jovens (“garotos”) que ficavam à beira do gramado ajudando a repor as bolas para o jogo:

Sujeitava-me então á condição de “gandula”. Nem todos sabem o que significa a palavra “gandula”. Cabe, pois sobre ella, uma ligeira explicação: “gandula” é aquelle garoto que fica atraz do goal, para devolver a bola, quando for atirada fóra do campo, por algum “errado”… (Diario da Noite, 05 de agosto de 1933).

 

Nesse sentido, se a expressão “gandula” já existia e era aplicada como gíria do futebol carioca, servindo de apelido e nome de clube, muito antes do jogador argentino Gandulla vir para o Vasco, como construiu-se o “mito Gandulla”?

Expliquemos…

No ano de 1939, o Vasco caminhava para completar três anos sem conquistar o título de “Campeão da Cidade” (Campeão Carioca), jejum que seria findado em 1945, através do “Expresso da Vitória”. O clube já possuía São Januário, era uma das maiores instituições esportivas do país e contava com uma grande massa de torcedores e sócios que pressionavam os diretores do Gigante da Colina para melhores resultados. Adotando uma política de contratação de jogadores estrangeiros, os dirigentes vascaínos, encabeçados pelo presidente Pedro Novaes, trouxeram vários atletas uruguaios e argentinos para constituírem a equipe. É nesse cenário que Gandulla aparecer para fazer parte da história do futebol vascaíno e brasileiro.

Por ocasião da Copa Roca de 1939, Gandulla esteve na cidade do Rio de Janeiro fazendo parte da delegação argentina. Embora não tenha atuado na referida competição, pois, era reserva de Moreno, treinou em São Januário e despertou o interesse dos dirigentes vascaínos. Retornado para a Argentina, Gandulla casou-se em 27 de fevereiro de 1939 (A Noite, 28 de fevereiro de 1939, p. 17). Estando apalavrado com o Vasco, logo após contrair matrimônio, embarcou para o Brasil a bordo do vapor “Conte Grande”, junto de outros atletas platinos e do técnico uruguaio Carlos Scarone:

BUENOS AIRES, 28 (U.P.)

Seguiram para o Rio de Janeiro, a bordo do “Conte Grande”, os footballers Dacunto, Gandulla, Emeal, Aguinelli e Della Torre.

Em Montevidéu, embarcarão Villadonica e Carlos Scarone. Este ultimo actuará como technico do Vasco da Gama (1º de março de 1939, p.7).

 

A onerosa “embaixada platina” do Vasco despertou a atenção e gerou bastante desconfiança nos torcedores e na imprensa.

REFORÇO ARGENTINO PARA O VASCO DA GAMA

Mais tres elementos argentinos vêm de ingressar no Club de Regatas Vasco da Gama. Trata-se dos discutidos players Gandula, Emeal e Dacunto.

Para adquirir esses novos elementos gastou o club cruzmaltino cerca de cem contos de reis. Desse modo será o quadro da camisa preta composto de vários elementos estrangeiros. (Gazeta de Noticias, 08 de março de 1939, p. 14).

O Sr. Pedro Novaes, Presidente do Vasco, ao lado de Gandulla, quando da assinatura do contrato

A Noite, Rio de Janeiro, 07 de março de 1939, p. 8

Para que se tenha uma noção da entrada de jogadores estrangeiros no Gigante da Colina, ao menos nove atletas de fora do país passaram pelo clube no ano de 1939, além dos técnicos uruguaios Carlos Scarone e Ramon Platero (campeão com o Vasco em 1923 e 1924). Foram eles: Agnelli (ARG), Calocero (ARG), Dacunto (ARG), Emeal (ARG), Figliola (URU), Gandulla (ARG), Menutti (ARG), Servetti (URU) e Villadonica (URU).

Noite, Rio de Janeiro, 07 de março de 1939, p. 24

Entretanto, foram as contratações de Bernardo Gandulla, Raul Emeal e José Dacunto, jogadores do Ferrocarril del Oeste/ARG, que movimentaram o futebol carioca. A vinda desses três atletas ficou marcada por um conflito entre o Vasco e o Ferrocarril/ARG. O clube argentino alegou que, por não ter dado o “passe” aos jogadores, eles não poderiam atuar pelo Vasco. Por sua vez, o Gigante da Colina contava com o fato de que esses atletas estrangeiros já tinham os seus contratos vencidos e, portanto, estariam livres para atuarem em qualquer clube. A polêmica se alastrou, envolvendo a imprensa dos dois países, as respectivas entidades nacionais (CBD e AFA) e a própria FIFA. Após meses de disputas fora dos gramados, o que incluiu o campo judiciário dos países envolvidos, os jogadores tiveram as suas situações definitivamente regularizadas e os “passes” custaram mais de 126 mil contos de réis aos cofres vascaínos, uma verdadeira fortuna à época. Os “vascaínos-argentinos” ficariam o ano de 1939 em São Januário.

A despeito da solução extracampo, Gandulla, e também Emeal, eram constantemente escalados. A estreia de Gandulla foi em 23 de abril, diante da equipe do Fluminense. No decorrer do ano, após essa data, o Vasco jogou outras 30 vezes. O jogador argentino jogou nada menos que 29 partidas, atuando como titular da equipe vascaína em quase todas. Nestes 29 jogos, totalizou-se 10 vitórias, 8 empates e 11 derrotas, Gandulla anotou 10 gols.

O Globo Esportivo, Rio de Janeiro, 11 de novembro de 1939, p. 5

Clique aqui e confira a tabela de jogos disputados por Gandulla.

Em questão de números, a passagem de Gandulla foi regular e suas participações eram inconstantes, sendo destaque em alguns jogos e tendo a sua técnica ressaltada. Mas, se levarmos em conta o esforço para a contratação deste e dos outros dois jogadores argentinos, os resultados foram extremamente abaixo do esperado pelos vascaínos.

O “estardalhaço” da imprensa com a vinda dos estrangeiros, especialmente de Gandulla, que foi catapultado pelos conflitos institucionais na disputa do “passe” dos atletas, contribuiu para que o nome jogador servisse de anedota, ora como “munição” para as críticas da imprensa e ora como elogios. Ao fim e ao cabo possibilitou-se a “romancialização” de um termo já preexistente e o surgimento de um mito. Na citação abaixo, o cronista faz referência ao jogo Vasco 5x 1 América (29/10/1939), em que Gandulla atuou bem e marcou dois gols:

Cuidado, pois, snrs. botafoguenses e rubro-negros, a “ala léro-léro” não é apenas uma miragem…

Os Gandullas sabem fazer goals. E que goals […] (Sport Illustrado, Rio de Janeiro, 09 de novembro de 1939, p. 3).

No ano seguinte, Gandulla saiu do Vasco para o Boca Juniors, equipe que disputou o “passe” do jogador durante boa parte de 1939. Antes do início do campeonato de 1940, a Liga de Futebol do Rio de Janeiro deliberou sugerindo que os clubes tomassem providência para que os “gandulas” fossem implantados:

Oficialização dos “gandulas” e medidas para melhorar o padrão do futebol brasileiro

Diante do que ficou resolvido na reunião dos técnicos, o senhor João Teixeira de Carvalho, assistente da Liga de Futebol, tomou as seguintes deliberações as quais entrarão logo em vigor:

[…]

  1. f) – Que se sugira aos clubes filiados, para maior rapidez do jogo, a conveniencia de destacarem, como no tenis, garotos para apanharem as bolas nos fundos dos campos (Diario de Noticias, Rio de Janeiro, 25 de maio de 1940, p. 12).

O Rio de Janeiro era a capital do Brasil, os fatos que ocorriam na cidade ecoavam para todo o país. Assim, sendo o Vasco um dos maiores clubes nacionais, suas ações eram notadas pelas demais regiões brasileiras. De certa forma, a “oficialização dos gandulas” acabou influenciando para que surgisse o “mito Gandulla”, baseado no jogador vascaíno que tanto “deu o que falar”, mesmo que se soubesse à época que o jogador argentino não foi o motivo para a nomeação dos auxiliares de reposição de bola no Rio de Janeiro:

“A Gazeta”, de São Paulo, publicou: “Os Gandulas” – A Liga Carioca pretende oficializar os “gandulas”. São os meninos que, na Europa, ficam atrás das metas para apanhar a bola e que aqui tambem foram colocados no Estadio do Pacaembú, quando do “Toneio Relâmpago”. A denominação de “gandula” nasceu das atitudes do jogador argentino do mesmo nome, cuja passagem, pelo Vasco, se tornou notoria por ir apanhar todas as bolas que saiam e, pondo o couro debaixo dos braços, dirigia-se ao árbitro para reclamar qualquer coisa, com ou sem motivo…Esses cariocas…” O confrade paulista está equivocado. O termo “gandula” tem mais de 20 anos de uso no Rio e não foi sugerido por nenhum jogador desse nome. Naturalmente, o colega pretendeu romancear… Sem a menor idéia de imitar os europeus, os cariocas se utilizavam dos “gandulas”, principalmente nos campos antigos, quando eram circundados por muros baixos, para terem de volta a bola, sem grande perda de tempo, sempre que alcançava a rua. Ignoro como nasceu a palavra “grandula”, mas posso garantir não ser exata a origem assinalada pelo citado jornal. Alem disso, o jogador Gandula não se tornou conhecido pela atitude que lhe foi atribuida […] (Diario de Noticias, 30 de maio de 1940, p. 12).

Se não foi através do Vasco que o termo surgiu, foi através deste que ele se nacionalizou. Com o passar do tempo, a expressão “gandula” ultrapassou os limites da cidade do Rio de Janeiro e foi adotado por todo país na esteira da popularidade do Vasco. Hoje, 77 anos após a vinda de Gandulla para o Clube, o jogador é lembrado como aquele que “batizou” os ajudantes de reposição de bola nos jogos. No futebol, a verdade histórica e o mito se confundem, se misturam, e formam a riqueza cultural desse esporte que tanto amamos.

Fontes

  1. a) Dicionário

FIGUEIREDO, Cândido. Novo Diccionário da Língua Portuguesa. Portugal: Gutemberg Ebook, 2010 [1913]. Disponível em:

. Acessado em: 25 mar 2015.

  1. b) Jornais e Revistas

A Noite;

A Rua;

Correio da Manhã;

Diariode Noticias;

Gazeta de Noticias;

Jornal do Brasil;

O Imparcial;

O Paiz;

Sport Illustrado;

Texto: Walmer Peres Santana (Historiador)

Centro de Memória do Club de Regatas Vasco da Gama

Fonte: site do CR Vasco da Gama

Há 17 anos, Vasco vencia o Santos na 1ª partida da final do Rio-SP de 1999

 

No dia 28 de fevereiro de 1999, há exatos 17 anos, o Vasco entrava em campo no Maracanã para a 1ª partida da final do Torneio Rio-SP de 1999 contra o Santos, em um jogo que praticamente decidiu o título.

Após conquistar o tricampeonato brasileiro, em 1997; a Libertadores e o Carioca , em 1998 – ano de seu centenário –, o Vasco levantou a taça de mais um título memorável e emocionante, consolidando-se como um dos clubes mais vitoriosos da década de 1990. E este jogo histórico entrou para a memória da imensa torcida bem feliz !

O Jornal do Brasil do dia seguinte descreveu assim a partida:

“A torcida do Vasco — 94.500 compareceram ao Maracanã, estabelecendo o recorde de público na competição (81.421 pagantes) —saiu ontem do Maracanã gritando é campeão e tinha motivos para isso. Com a vitória de 3 a 1 sobre o Santos o time pode até perder por um gol de diferença na quarta-feira no Morumbi que terá garantido o título do Torneio Rio-São Paulo, o que não acontece desde 1966.”

  

O jornal o Globo também destacou a excelente vantagem conquistada pelo Vasco em suas páginas:

“O Santos fez um ótimo primeiro tempo, teve boas chances de gol, mas topou ontem no Maracanã com um time mais encorpado e experiente.”

  

O Vasco não fez um bom 1º tempo, pelo menos não aquele esperado pelo seu torcedor, que sabia do potencial e qualidade daquela equipe. O Gigante da Colina abriu o marcador aos 16 minutos com Mauro Galvão, mas sofreu o empate logo depois, aos 20.  Na primeira etapa, a equipe paulista trouxe muito perigo a meta de Carlos Germano, criando várias chances de gol. O Vasco respondia, mas em menor proporção.

Porém o técnico Antônio Lopes mudou a história do jogo com duas substituições: primeiro tirou o apático e inoperante Donizete no intervalo para colocar o veloz e disposto Zezinho. Depois aos 14 minutos da etapa final, quando colocou Vagner no lugar do esforçado Paulo Miranda.

Se com a primeira mexida, o Vasco ganhou mais força no ataque, com a segunda o meio de campo ficou mais criativo e deu ao time cruzmaltino um ritmo que a equipe não teve no primeiro tempo.

Com as modificações, e mais a expulsão do atleta santista Sandro logo aos 8 do 2º tempo após violenta falta em Ramon, o caminho para a vitória ficou mais fácil.

Paulo Cesar Vasconcelos, do JB, descreveu assim este momento da partida:

“Aos 21 minutos — já com Vagner em campo, Juninho cobrou falta cometida por Anderson em Ramon e marcou o segundo gol. Foi o suficiente para deixar o Santos completamente abalado e o Vasco ainda mais confiante.

Com mais criatividade no meio de campo e um ataque mais vibrante, o time chegou ao terceiro aos 27 minutos, quando já estava também com 10 homens, porque Nasa foi expulso após cometer sua sexta falta em Alessandro.

Melhor jogador em campo, Mauro Galvão lançou Zezinho que driblou Zetti e tocou para fazer o terceiro.”

E conforme descrito no texto acima, o capitão Mauro Galvão foi o grande destaque do jogo, pois além de abrir o marcador aos 16 minutos do 1º tempo, foi perfeito na marcação e ainda serviu os companheiros.

Neste dia, também foi registrado o 4º maior público da história do torneio, com 94 mil torcedores presentes.

E como informação histórica, o 1º e o 3º também são de jogos que tiveram o Vasco como protagonista: 1 x 1 contra o freguês da Gávea pela edição de 1958 com 129 mil presentes e outro 1 x 1 contra o rubro-negro no ano de 1953 com 99 mil torcedores.

Os gols do jogo:

https://youtu.be/TzuNym7cIrc

Ficha Técnica:

Torneio Rio-SP 1999 ( 1º jogo da Final )
28/02/1999 ( Domingo )
Vasco da Gama 3 x 1 Santos
Local: Maracanã (Rio de Janeiro-RJ);
Público: 81.421 (Pagante) 94.500 (Presentes)
Árbitro: Paulo César de Oliveira (SP)

Gols: Mauro Galvão 16′ e Alessandro 20′ do 1º; Juninho 21′ e Zezinho 26′ do 2º.
Cartões Amarelos: Gustavo Nery,Odvan, Paulo Miranda e Felipe
Expulsões: Nasa e Sandro

Vasco: Carlos Germano, Zé Maria, Odvan, Mauro Galvão e Felipe;
Paulo Miranda (Vagner), Nasa, Juninho e Ramón (Alex);
Donizete (Zezinho) e Luizão.
Técnico: Antônio Lopes.

Santos: Zetti, Ânderson, Argel, Sandro e Gustavo Nery (Michel);
Claudiomiro, Caíco (Élder), Marcos Bazílio e Jorginho
(Rodrigão); Alessandro e Viola.
Técnico: Émerson Leão.

Outros jogos do Vasco na mesma data. Nenhum empate e nenhuma derrota. Só vitórias:

Vasco 4×3 Fluminense – Torneio Rio-SP 1962
Vasco 3×1 América – Brasileiro 1982
Vasco 2×1 Volta Redonda – Carioca 1993
Vasco 1×0 Friburguense – Carioca 2002
Vasco 6×0 Fast – Copa do Brasil 2007
Vasco 2×1 Volta Redonda – Carioca 2010
Vasco 2×0 Bangu – Carioca 2015

Casaca!

Campeonato Carioca De 1987 – Da festa na véspera ao vice para o Vasco

O Carioca de 1987 foi um grande campeonato. Com três turnos, com três vencedores diferentes e uma fase final. Até o Bangu venceu uma das taças! A competição chegava ao fim quando começava o Pan-americano daquele ano. Os jornais se dividiam entre noticiar o campeonato carioca, o Pan, as rivalidades de Piquet e Senna nas pistas e até a luta de Maguila contra o James Quebra Ossos, vencida pelos juízes, para Maguila.

A Taça Guanabara foi vencida pelo Vasco. A Taça Rio ficou o Bangu. O terceiro turno era a Taça Euzébio de Andrade. Era um quadrangular. Os campeões de cada um dos turnos anteriores e mais os dois melhores classificados na pontuação total do campeonato até ali. O Vasco, já classificado pela Taça Guanabara, somou 40 pontos. O Bangu que venceu a Taça Rio somou 38 pontos. Os outros dois melhores colocados foram o Fluminense com 38 pontos e o Flamengo com 36.

Já no primeiro jogo do quadrangular, em 18 de Julho, o Fluminense empata com o Bangu, mas escalara Eduardo de forma irregular. Foi punido com 5 pontos pela FFERJ e ficou de fora da disputa, pois mesmo vencendo seus dois jogos restantes, só poderia chegar à zero ponto!

Dia seguinte, 19, Flamengo e Vasco ficam no 0x0 e o mesmo Flamengo empata com o Bangu em 2×2 após estar perdendo por 2×0, no dia 22 de Julho. No dia seguinte, o Fluminense vence o Vasco e o Flamengo volta a sonhar com o título da Taça Euzébio de Andrade. Nos dias 26 e 27 de Julho, respectivamente, o Vasco derrota o Bangu por 3×0 e o Flamengo supera o Fluminense pela contagem mínima, vencendo o terceiro turno.

A fase final, um triangular, começa com uma goleada vascaína dia 2 de Agosto. O Bangu foi a vítima dos 4×0 do Vasco. A partida entre Bangu e Flamengo foi jogada em 5 de Agosto e o Flamengo venceu o Bangu por 1×0. A última e decisiva partida ficou com Vasco e Flamengo. Seria realizada em 9 de Agosto, um Domingo. Enquanto no Sábado…

JB – 08/08/1987 Página 24

JB – 08/08/1987 Página 24

Contrastando com a seriedade vascaína, o Flamengo já tinha garantido até duas escolas de samba para a festa. A festa era grande na Gávea. A torcida ia ate ganhar concurso de bandeira mais bonita, como se isso fosse possível se tratando das cores do Flamengo. Imagine então quem apareceu com “a roupa mais exótica”! Deprimente… O Vasco, trabalhava com os pés no chão e a todo vapor.

JB – 08/08/1987 Página 24

No Domingo, o jogo traria a realidade para os flamenguistas. 1987 era o início do TRI-VICE do Flamengo, o segundo em uma só década. (82-83-84 e 87-88-89) O Vasco seria BI campeão em 1988 sobre o próprio Flamengo e em 1989, o Botafogo sai do jejum de 21 anos deixando o Flamengo em segundo.

JB – 10/08/1987 Capa do Caderno de Esportes

JB – 10/08/1987 Capa do Caderno de Esportes

No final, restou o chororô do Flamengo. Choravam no vestiário, jogadores, técnico, dirigentes, todo mundo. Lédio Carmona descrevia assim a tristeza do Flamengo:

“Antes do início do jogo, durante o aquecimento dos jogadores, o clima no vestiário do Flamengo era de total confiança. No fim, consumada a perda do título, houve uma automátca metamorfose: muito choro, evasivas, lamentações e acusações. Tudo isso aconteceu dentro do mais profundo silêncio, só quebrado pelos gritos de casaca que vinham da festa do Vasco.

A maioria dos jogadores – casos de Renato e Aírton, além do técnico Antônio Lopes – entrou chorando no vestiário.”

Sandro Moreyra foi taxativo em sua coluna diária no Jornal do Brasil: “Vasco: Um legítimo campeão”.

Sandro Moreyra ainda escreveu:

“O Vasco é um grande campeão e dessa vez houve justiça na vitória, Sua campanha foi nitidamente superior, marcou mais pontos e teve ainda os dois artilheiros da competição. O Flamengo perdeu-se e muito na politicagem de sua direção, principalmente na briga que tirou os jogadores da Seleção Brasileira, no Clube dos 13, liminares e por aí. Futebol é outra coisa.”

VASCO 1 x 0 FLAMENGO – 09/08/1987
Local – Maracanã (público – 114.628)
Árbitro – Pedro Carlos Bregalda
Gol – 1° tempo: Tita 42 minutos

Vasco – Acácio, Paulo Roberto, Donato, Fernando e Mazinho; Henrique, Luís Carlos (Vivinho)e Geovani;
Tita, Roberto Dinamite e Romário.
Técnico: Sebastião Lazaroni.

Flamengo – Zé Carlos, Jorginho, Leandro, Aldair e Aírton; Andrade, Júlio César Barbosa e Zico (Alcindo);
Renato Gaúcho (Kita), Bebeto e Marquinho. T
écnico: Antônio Lopes.

Fonte: Aqipossa

Há 100 anos nascia “Os Camisas Negras” do futebol

 

“MAIS UM CLUB QUE SE FILIA Á METROPOLITANA

Na secretaria da Liga Metropolitana deu entrada hontem á tarde um officio em que o Club de Regatas Vasco da Gama pede filiação águella liga.

O campo official do Vasco será o do Botafogo F. Club, á rua General Severiano, usando os seus jogadores o seguinte uniforme: calção branco, camisa preta com punho e golla brancos.

O campeonato da 3.ª divisão será portanto disputado este anno pelos sete seguintes clubs: S. C. Brasil, C. R. Icarahy, Ingá F. C., Paladino F. C., Palmeiras A.C., River F. C. e C. R. Vasco da Gama. …” (Gazeta de Notícias – 29/01/1916)*

*Grafia original da época
Fonte: Memória Vascaína

Vasco é o clube brasileiro com mais vitórias sobre grandes times europeus [Atualizado]

Segundo levantamento atualizado do site 90min.com, baseado em pesquisa feita pela Revista Placar no ano passado, o Vasco da Gama é o clube brasileiro com mais vitórias sobre times europeus em toda a história. Empatado com o Santos, o Cruzmaltino soma 20 resultados positivos contra equipes do velho continente. Foram 52 jogos entre vascaínos e europeus, somando, além das 20 vitórias, 20 derrotas e 12 empates.

Alguns confrontos merecem destaque. É o caso da partida histórica contra o Barcelona, no dia 23 de junho de 1957. Com o placar de 7 a 2 para o Almirante, o clube de São Januário decretou a maior goleada já sofrida pelo clube catalão jogando em seus domínios. Este duelo foi realizado nove dias depois do Vasco ter vencido o Real Madrid por 4 a 3 e se sagrado campeão do Torneio de Paris, campeonato reconhecido como o Mundial de Clubes daquele ano.

No dia 08 de janeiro de 2000, durante o 1º Campeonato Mundial da FIFA, o Cruzmaltino derrotou o Manchester United por 3 a 1, dando um show para a torcida presente no Maracanã. O último compromisso contra europeus ocorreu contra o Ajax, da Holanda, no dia 13 de janeiro de 2010 e terminou com vitória vascaína por 1 a 0, na despedida do meio-campista Pedrinho.

Confira todos os jogos do Vasco contra as equipes europeias na história:
28/06/1931 – Barcelona-ESP 3 x 2 Vasco
29/06/1931 – Barcelona-ESP 1 x 2 Vasco
12/07/1931 – Benfica-POR 0 x 5 Vasco
19/07/1931 – Porto-POR 1 x 3 Vasco
26/07/1931 – Porto-POR 2 x 1 Vasco
24/06/1947 – Porto-POR 0 x 2 Vasco
10/06/1955 – Porto-POR 4 x 2 Vasco
12/06/1955 – Barcelona-ESP 1 x 0 Vasco
31/05/1956 – Real Madrid-ESP 4 x 2 Vasco
20/06/1956 – Porto-POR 1 x 2 Vasco
01/07/1956 – Vasco 2 x 5 Real Madrid-ESP
03/07/1956 – Vasco 3 x 0 Porto-POR
10/07/1956 – Vasco 0 x 1 Porto-POR
19/07/1956 – Vasco 2 x 2 Real Madrid-ESP
20/07/1956 – Vasco 2 x 0 Real Madrid-ESP
14/06/1957 – Real Madrid-ESP 3 x 4 Vasco
23/06/1957 – Barcelona-ESP 2 x 7 Vasco
30/06/1957 – Benfica-POR 2 x 5 Vasco
05/06/1958 – Porto-POR 4 x 2 Vasco
11/06/1959 – Milan-ITA 1 x 2 Vasco
08/02/1961 – Vasco 2 x 2 Real Madrid-ESP
05/07/1961 – Porto-POR 3 x 0 Vasco
13/08/1964 – Vasco 3 x 0 Porto-POR
08/07/1965 – Vasco 1 x 1 Benfica-POR
30/03/1966 – Vasco 0 x 1 Real Madrid-ESP
08/06/1966 – Barcelona-ESP 1 x 1 Vasco
02/09/1967 – Real Madrid-ESP 6 x 1 Vasco
10/11/1971 – Porto-POR 1 x 0 Vasco
18/01/1972 – Vasco 0 x 2 Benfica-POR
23/08/1972 – Barcelona-ESP 0 x 0 Vasco
22/06/1975 – Porto-POR 2 x 2 Vasco
08/07/1975 – Juventus-ITA 0 x 1 Vasco
11/06/1977 – Porto-POR 1 x 1 Vasco
18/08/1979 – Barcelona-ESP 0 x 0 Vasco
20/08/1980 – Barcelona-ESP 2 x 1 Vasco
14/06/1981 – Vasco 2 x 1 Porto-POR
12/08/1981 – Porto-POR 3 x 2 Vasco
18/08/1981 – Barcelona-ESP 1 x 0 Vasco
16/08/1984 – Benfica-POR 1 x 1 Vasco
07/02/1987 – Vasco 1 x 1 Benfica-POR
08/02/1987 – Vasco 3 x 2 Porto-POR
14/06/1987 – Benfica-POR 0 x 3 Vasco
07/08/1988 – Porto-POR 2 x 1 Vasco
18/08/1988 – Porto-POR 0 x 0 Vasco
06/07/1989 – Vasco 3 x 1 Porto-POR
08/08/1992 – Porto-POR 5 x 1 Vasco
19/08/1992 – Barcelona-ESP 1 x 3 Vasco
12/06/1994 – Milan-ITA 3 x 2 Vasco
10/08/1995 – Barcelona-ESP 0 x 0 Vasco
01/12/1998 – Real Madrid-ESP 2 x 1 Vasco
08/01/2000 – Vasco 3 x 1 Manchester United-ING
13/01/2013 – Vasco 1 x 0 Ajax-HOL


Fonte: Site oficial do Vasco (exceto título)

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Comentário do Casaca:

Ficaram de fora grandes clubes, enfrentados e vencidos pelo Vasco, mas para criar um critério mais justo vamos considerar aqueles que ao menos uma vez chegaram às finais de uma Champions League. Destes o Vasco enfrentou 11 clubes e venceu nove: 

Arsenal-ING (finalista em 2006).

Atlético de Madrid-ESP (finalista em 1974 e 2014).

Eintracht Frankfurt-ALE (finalista em 1960).

Estrela Vermelha -SER (campeão em 1991).

Hamburgo-ALE (campeão em 1983).

Roma-ITA (finalista em 1984).

Saint Etienne-FRA (finalista em 1976).

Steua Bucareste-ROM (campeão em 1986).

Valência-ESP (finalista em 2000 e 2001).

Um empate foi registrado entre Vasco e Malmo-SUE (finalista em 1979) e uma derrota ocorreu frente ao Mônaco-FRA (finalista em 2004).

Ainda há vários outros nomes, fora os mencionados. Clubes jamais enfrentados pelo Vasco, mas que também devem ser lembrados:

Stade Reims-FRA, Fiorentina-ITA, Partizan-SER, Celtic-ESC, Feyenoord-HOL, Panathinaikos-GRE, Internazionale-ITA, Bayern Munich-ALE, Leeds United-ING, Liverpool-ING, Borússia Moenchengladbach-ALE, Brugge-BEL, Nottingham Forest-ING, Aston Villa-ING, PSV-HOL, Olympique Marselha-FRA, Sampdoria-ITA, Borússia Dortmund-ALE, Bayern Leverkusen-ALE, Chelsea-ING.

Link da matéria completa

Diante disso ficaram de fora mais 34  partidas.

18/08/1935 – Vasco 4 x 0 Atlético Madrid-ESP

22/08/1935 – Vasco 1 x 1 Atlético Madrid-ESP

19/06/1947 – Vasco 4 x 1 Valencia-ESP

25/05/1949 – Vasco 1 x 0 Arsenal-ING

12/06/1951 – Vasco 4 x 0 Arsenal-ING

22/05/1955 – Vasco 3 x 3 Valencia-ESP

18/04/1956 – Vasco 0 x 0 Estrela Vermelha-SER

08/05/1956 – Vasco 1 x 1 Malmo-SUE

07/07/1956 – Vasco 3 x 1 Roma-ITA

14/07/1956 – Vasco 2 x 1 Roma-ITA

20/06/1957 – Vasco 3 x 1 Valencia-ESP

26/06/1957 – Vasco 2 x 1 Valencia-ESP

15/06/1958 – Vasco 1 x 1 Valencia-ESP

14/06/1959 – Vasco 5 x 4 Atlético Madrid-ESP

16/06/1963 – Vasco 2 x 3 Monaco-FRA

01/05/1966 – Vasco 1 x 4 Steua Bucareste-ROM

23/01/1972 – Vasco 2 x 0 Steua Bucareste-ROM

27/08/1977 – Vasco 0 x 3 Atlético Madrid-ESP

09/08/1980 – Vasco 2 x 1 Arsenal-ING

10/08/1980 – Vasco 2 x 4 Estrela Vermelha-SER

26/08/1980 – Vasco 2 x 2 Valencia-ESP

17/07/1981 – Vasco 2 x 0 Saint Etienne-FRA

28/08/1981 – Vasco 1 x 1 Atlético Madrid-ESP

04/08/1983 – Vasco 2 x 1 Eintracht Frankfurt-ALE

12/081/984 – Vasco 2 x 2 Roma-ITA

17/06/1987 – Vasco 0 x 0 Roma-ITA

17/08/1988 – Vasco 0 x 2 Valencia-ESP

28/08/1988 – Vasco 2 x 1 Atlético Madrid-ESP

09/07/1989 – Vasco 3 x 0 Estrela Vermelha-SER

26/08/1989 – Vasco 1 x 0 Atlético Madrid-ESP

09/08/1992 – Vasco 2 x 1 Hamburgo-ALE

29/07/1955 – Vasco 0 x 0 Atlético Madrid-ESP

14/08/1997 – Vasco 3 x 4 Atlético Madrid-ESP

10/01/2008 – Vasco 1 x 2 Hamburgo-ALE

Com isso teríamos:

Temos portanto mais 17 vitórias do Vasco, 10 empates e apenas 7 derrotas.

Quem quiser conferir todos os jogos internacionais disputados pelo Vasco, clique aqui.

Casaca !

Há 15 anos, o Vasco conquistava o tetracampeonato brasileiro

Neste 18 de janeiro a torcida Vascaína celebra os 15 anos do inesquecível tetracampeonato brasileiro, conquistado no Maracanã com uma vitória por 3 a 1 sobre o São Caetano.

Contra tudo e contra todos !

Ficha do jogo:
Quinta-feira, 18 de janeiro de 2001
Vasco 3×1 São Caetano (SP)
Campeonato Brasileiro/2000 – Final
Local: Maracanã
Hora: 16 horas
Público: aprox. 60.000 presentes.
Árbitro: Márcio Rezende de Freitas
Gols: Juninho Pernambucano 28/1ºT (VAS), Adãozinho 36/1ºT (SCA), Jorginho Paulista 39/1ºT (VAS); Romário 7/2ºT (VAS).
Vasco: Hélton, Clébson, Odvan, Júnior Baiano, Jorginho Paulista; Nasa, Jorginho (Henrique), Juninho Pernambucano (Paulo Miranda), Juninho Paulista (Pedrinho); Euller e Romário.
Técnico: Joel Santana.
São Caetano: Silvio Luiz, Japinha (Gilmar), Daniel, Serginho, César; Claudecir, Adãozinho, Esquerdinha (Zinho), Aílton (Leto); Wagner e Adhemar.
Técnico: Jair Picerni.

Todos os gols da conquista:

Campanha:
32 jogos; 15 vitórias; 9 empates; 8 derrotas; 54 gols a favor; 49 gols contra; saldo +5

Artilheiros:
Elenco:

 

Créditos:

Pesquisa, Tabelas e Fichas: Alexandre Mesquita
Fotos: Reprodução Internet
Vídeos: Youtube

Vasco foi campeão da Copa São Paulo em 1992; relembre a conquista

Título vascaíno foi destacado no Jornal O Globo do dia 26 de janeiro de 1992
O Vasco da Gama inicia em 03 de janeiro, contra o Guaicurus (MS), sua participação em mais uma edição da Copa São Paulo, a competição sub-20 mais tradicional do país. Com uma equipe reformulada, contando em sua maioria com jogadores do sub-17 campeão estadual após 15 anos, o cruzmaltino tentará surpreender e chegar ao lugar mais alto do pódio pela segunda vez no importante torneio nacional.

A primeira e única conquista vascaína foi obtida na temporada de 1992. Na oportunidade, o sub-20 era dirigido por Gaúcho e contava no elenco com atletas nascidos em 71, 72, 73 e 74. Por ter feito um espetacular ano de 1991, que foi coroado pelos títulos do Campeonato Carioca, da Taça Belo Horizonte e da Taça Carlinhos Maracanã, o Vasco embarcou para São Paulo acreditando que poderia fazer história.

Na primeira fase, o Almirante duelou com São Paulo, Bahia, Nacional (SP), Portuguesa (SP) e Atlético (MG). Apesar de ter sido superado pelo tricolor baiano, os vascaínos não se abateram e fecharam o grupo na segunda colocação. Foram duas vitórias, dois empates e uma derrota. O Gigante da Colina só não terminou na primeira colocação da chave por ter somado um ponto a menos que o São Paulo.


Valdir Bigode foi o artilheiro da Copa São Paulo de 1992- Foto: Sérgio Berezovsky
Com a classificação, o Vasco passou a ser o único representante carioca vivo na disputa do título. Campeão da Copinha diversas vezes entre as décadas de 70 e 80, o Fluminense caiu na fase de grupos. Botafogo e Flamengo não participaram dessa edição. O cruzmaltino enfrentou a Ponte Preta nas quartas de final e não tomou conhecimento da equipe de Campinas. Vitória por 3 a 1 e vaga na semifinal garantida.

O rival não possuía tanta tradição como os adversários anteriores, porém vinha fazendo uma campanha espetacular. Após superar Corinthians e Fluminense na fase de grupos, o Santa Tereza (MG) eliminou nada mais, nada menos que o Santos nas quartas de final. A equipe mineira, todavia, não teve forças para superar o time liderado pelo matador Valdir Bigode. O triunfo do clube de São Januário foi pelo placar de 2 a 0.

A tão esperada finalíssima aconteceu em 25 de janeiro, data do aniversário da cidade de São Paulo, no Pacaembu. Apesar de duelar contra o São Paulo e sua grande torcida na capital paulista, o Vasco não se intimidou e saiu na frente com Valdir Bigode. Andrei empatou para o tricolor no segundo tempo e levou o jogo para a prorrogação. O empate persistiu e o título acabou sendo decidido nos pênaltis. Melhor para o Gigante, mais competente nas cobranças: 5 a 3.

Além de ter levado o clube de São Januário a inédita conquista, a equipe campeã da Copa São Paulo cedeu inúmeros jogadores para a equipe de profissionais. Nomes como Caetano, Pimentel, Tinho, Alex Pinho, Leandro Ávila e Valdir Bigode participaram de títulos importantes,  em especial do Tricampeonato Estadual (1992, 1993 e 1994), o único da história do clube até o presente momento.

Escalação do Vasco: Caetano; Pimentel, Alex Pinho, Tinho e Josenilson (Fábio); Viana, Leandro Ávila, Vítor e Denilson (Pedro Renato); Valdir Bigode e Hernande. Treinador: Gaúcho.


Vídeo: Reprodução Youtube

Fonte: Site do CR Vasco da Gama | Texto: Carlos Gregório Júnior

15 Anos da Virada do Século

Em homenagem aos 15 da virada do século, iremos reproduzir aqui um texto escrito dois dias após a conquista, mas que continua muito atual, principalmente em se tratando da nossa eterna luta contra aqueles que detestam ver um Vasco forte e campeão.

A verdade é infantil

Num botequim de esquina tijucana, em plena madrugada, um menino de não mais do que três anos acenava duas bandeirolas cruzmaltinas com um sorriso no rosto, olhando para mim. Do outro lado do boteco, uma menina, que não aparentava ter mais de 5 anos, vestia uma camisa vascaína que lhe caía até os pés, compondo um cenário ao mesmo tempo terno e cômico. E eu ali, com um chopp na mão, cantando Casaca e vendo a verdade saracotear por ali, dando berros para os que deixaram de acreditar ou para aqueles que nunca entenderam o significado da grandeza do Vasco.

Aquelas crianças e outras tantas não sabem, não compreendem e, provavelmente, acham muito chato o papo de liminares, recursos, manobras políticas, críticas da imprensa e outras picuinhas menores. Elas apenas sorriem com um gol de Romário, cantarolam musiquinhas, esperneiam com gols dos adversários, adoram jogar papel picado na cabeça de adultos sérios e têm como passatempo predileto tremular bandeiras. Gostam de futebol da forma mais pura. Uma forma que desconhece desmandos, falcatruas, silêncios seculares tipográficos e só entende o gol. Nada mais do que o gol.

A verdade é infantil. Está lá, estatelada para quem quiser olhar. Uma verdade que desbota as tintas de tantos que pintaram o quadro final da trupe vascaína. Tantos pintaram e continuarão pintando, pois não sabem o que é a felicidade infantil de ver um Juninho Paulista correndo a 100 km por hora, extravasando, gritando palavrões, para comemorar um gol. Não sabem o que é a alegria de um menino como Jorginho Paulista comemorando no gramado do Parque Antarctica. Desconhecem os figurantes Gato, Severino, Santana e artesãos dos bastidores que dão suor pelo clube há dezenas de anos. São tolos em pensar que o Vasco se refestela em vilanias, é o mais odiado pelas torcidas adversárias e outras bobagens do mesmo quilate. As crianças podem responder o quanto vale uma defesa de Hélton, uma magia de um Juninho, dois Juninhos, um toque errado genial de Romário e um bom sorriso do velho Mauro Galvão. Descobrirão uma fenomenal fonte de verdade. Se as crianças aí estão não há com o que se preocupar, elas mostrarão no futuro a grandeza desse clube tão apedrejado e escorraçado.

As pedras foram jogadas e tal como craques, os jogadores fizeram embaixadinha com elas, viraram um jogo rodrigueano e compensaram dores por tanto tempo acumuladas. Os vascaínos choravam perdas duras, inestimáveis e só um feito como o de 20 de dezembro de 2000 faz deitar em berço esplêndido todo um arsenal de depressões, culpas, angústias e neuroses acariciadas por todo um ano. Uma virada de amor, como diz o cântico, que aplaca todas as feridas de uma só vez e acalma corações baleados que manquitolavam por aí sem rumo. Uma vitória como nunca houve, nunca ouvi, nunca vi.

Rafael Moreira Fabro ( 22/12/2000 )

Assista o jogo na íntegra no link abaixo:

https://youtu.be/ibRlEXv0ODM