Sérgio Frias
4

Dirigentes Sub

O ocorrido na noite de ontem foi uma das páginas mais infelizes escritas pelo Vasco na história do clássico contra seu principal rival.

Não se deve crer que o clube poupou jogadores para a disputa da partida diante do Boavista, por mais que o atual treinador queira justificar algo nesse sentido.

Não se quer crer que o Vasco optou pela solução dos reservas para “equilibrar” o confronto em favor do rival e não se pode conceber que tenha escalado uma equipe claramente desentrosada para entrar em campo no lugar da principal, por algum receio de que viesse a ser derrotado pelo Flamengo.

Ora, o Flamengo já perdeu para um time todo reserva do Botafogo (1997), empatou com outro do Vasco com 10 suplentes (1998) e já deu lá seus inúmeros vexames históricos, mas nunca deixou se levar pela lógica do Vasco numa disputa oficial.

E nenhuma vez que o Flamengo apresentou um time B contra o A do Vasco saiu-se vencedor. Temos como exemplo a Copa Rio de 1993, disputada em meio à segunda fase do Campeonato Brasileiro daquele ano. Pelo contrário, naquela competição oficial o Vasco não deu o benefício ao clube da Gávea de adiar duas partidas entre ambos por causa do calendário rubro-negro. Eles que se virassem. Se viraram e perderam os dois jogos. A taça está lá na sala de troféus de São Januário.

Em outra determinada oportunidade o Vasco já fora da disputa de um Torneio Quadrangular, em 1960, poderia em vencendo o Flamengo dar o título ao Campo Grande e o vice ao rubro-negro da Gávea. Até então, naquele torneio, os dois clubes haviam atuado com equipes juvenis, mas no último jogo, exatamente diante do seu principal rival, a equipe cruzmaltina surpreendeu com uma formação na qual constavam vários profissionais e derrotou o adversário por 3 x 0, placar construído na primeira etapa.

Não podemos chegar à conclusão em 2020 que os dirigentes de 1960 e 1993 estavam errados e devemos respeitar primordialmente a torcida vascaína, que depois de muitos anos se fez presente no Maracanã em maior número que a do rival ontem.

O movimento dos torcedores cruzmaltinos no fim de 2019 (associação em massa) teve foco no ocorrido, em termos principalmente de imagem e mídia, em favor do rubro-negro, como se fosse dito na entrelinhas que o adversário passara a ser hegemônico no Rio de Janeiro.

A resposta do clube à sua torcida, oportunizando a que o Flamengo tivesse uma chance muito maior que a do Vasco para vencer o primeiro confronto do ano entre ambos, ainda mais com um jejum de vitórias que segue desde 2016, é a prova cabal de que o clube e, mais especificamente, seu futebol estão sendo geridos por curiosos, inaptos ou vascaínos derivados, sazonais.

A partida, com uma pequena noção de divulgação, marketing e motivação do torcedor, deveria ter marcado a estreia de German Cano na equipe, deveria ter sido trabalhada para assustar o adversário e não tranquilizá-lo com a escalação apresentada, poderia ter dias antes ocorrido um refutar do Vasco à atitude do Flamengo, quanto à sua conduta no que diz respeito às transmissões de seus jogos, pois o fato prejudica a torcida do Vasco e, inclusive, os assinantes do pay-per-view.

O Vasco poderia, enfim, usar tudo a seu favor, marcar uma vitória contundente, quebrar um tabu e trazer seu torcedor a orgulhar-se e defrontar-se com seu rival nas ruas, da forma mais jocosa e deliciosa possível para arrefecer suas decepções últimas.

As crianças vascaínas chegariam no colégio mais alegres e, também, orgulhosas, o Vasco se aproximaria mais de uma classificação para a semifinal da Taça Guanabara e empurraria seu adversário para baixo na tabela, correndo o risco de não chegar aos play-offs do turno, o dia seguinte para todo e qualquer vascaíno seria, em suma, mais feliz.

A irresponsabilidade do que foi feito, expondo Vasco, torcida, atletas, todos ao ridículo, deu no que deu.

Da mesma forma que o Vasco há três meses escrevera uma das páginas mais bonitas da história do clássico diante do rival, neste último Vasco x Flamengo desenhou uma das mais vergonhosas com uma derrota justa (apesar do começo muito bom), chutando apenas uma vez em direção à meta adversária no segundo tempo.

Não é só lamentável, não é apenas um acinte aos torcedores do clube, mas, principalmente, a atitude tomada é uma cusparada na história do Vasco e dos que a construíram.

Estamos, talvez, na época da “evolução”, onde evoluir é seguir o caminho que a lógica rubro-negra manda percorrer.

O mesmo Vasco, que implodiu a I Liga em dois anos, recentemente, após tanto bater no Flamengo e levá-lo à lona por duas temporadas seguidas, no confronto direto, hoje era capaz de seguir o clube da Gávea em busca da extinção do Campeonato Carioca e até solicitar ao solícito (quem sabe) rubro-negro um convite para disputar a II Liga ou coisa que o valha.

Desastroso é o mínimo que se pode dizer do resultado obtido, diante daquilo que foi feito pela direção cruzmaltina e por outros gênios do departamento de futebol.

Pensar grande e agir como pequeno não é a senda do Vasco. Longe disso.

Sérgio Frias

4 comentários sobre “Dirigentes Sub

  1. Exato, não tem justificativa pra qq vascaíno de verdade a atitude tomada, INACEITÁVEL, exceto o que digo faz tempo: o presidente é flamerdista, o técnico tricolor e não há nenhum vascaino na diretoria, LOGO PORQUE SERVIR DE BENGALA PRA UMA ADMINISTRAÇÃO DESSA? CHEIA DE CUZADOS (cruzada dizem), cheia de ex-muv´s, cheio de vascainos de merda euricófobos?

    cartas para a fuzarca e para o euriquinho, vcs tem muita culpa nisso, bem como todos os beneméritos que votaram pela permanência desta desadministração.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *