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A sessão da tarde dos CTC

Não, não há correlação à extinta CTC, companhia estatal de transporte público do estado do Rio de Janeiro, ainda que se prestasse tal imagem a perfeito carro alegórico, ilustrando os políticos sem mandato que assumiram o clube. Na verdade os CTC nada mais são do que os redivivos representantes do grupo dos competentes, transparentes e críveis. Uma boa parcela deles. Minoria, é bem verdade, posto que o grosso da patota cerrou fileiras com o bobo-adjunto da corte do Imperador. O filme é repetido, uma espécie de Lagoa Azul na paradisíaca ilha dos idiotas, sem o refrigério da belíssima Brooke Shields.

Deparei-me com uma entrevista do Sr. Vice-Presidente de Finanças que, entre um e outro chavão, dispara que está analisando todos os contratos, referindo-se às vendas dos cracaços da última hora, Madson e Mateus Vital, bem como ao contrato de patrocínio com a empresa Lasa. Causou-me espanto que o referido CTC, ou preposto deles, haja inserido, no mesmo contexto, na mesma ideia, que sofria com as “dificuldades de informações que encontramos ao chegar aqui”, conforme transcrevo da matéria em tela. Não seria o contrato o instrumento que lhe concederia acesso às informações? Se os está estudando, é porque os tem sob sua análise. Se há dificuldades, devem-se essas a limitações pessoais? Confesso que não compreendi, ainda que não tenha em meu DNA o gene CTC ativado. Se é que o tenho. Há quem diga que essa seja uma mutação que faz de seu portador um convicto herbívoro. De minha parte, não dispenso um bom churrasco. Perdoe-me a subfamília de mamíferos artiodáctilos bovídeos…

Há poucos dias, o Bobo-adjunto e o Bobo-boleiro iniciaram sua cruzada das diretas já. O movimento prega que o vascaíno aja como não vascaíno. Ou seja, que o torcedor aja como eles próprios, os bobos, agem diuturnamente. E aqui encerro qualquer outra menção a esse pessoal, motivado pela mais absoluta vergonha alheia.

E por falar em vergonha, não poderia deixar de citar o novo Sr. Vice-Presidente de Marketing, em sua estreia triunfal – com direito a selfie, estilo SALE na vitrine da loja – no quesito bobagens de neófito. Em uma frase sobre a conservação do patrimônio, impecável sob a administração Eurico Miranda, demonstrou que não é chegado a frequentar a barra pesada do Bairro Vasco da Gama. Pior: foi leviano. No que diz respeito à sua pasta, deveria ater-se em vestir uma camisa com a marca do patrocinador do clube.

Por fim, deixo um conselho de sócio humílimo ao Sr. Presidente, no sentido de que o mesmo se furte a determinadas declarações. Não lhe caíram bem, visto que são de conhecimento público os motivos pelos quais foi eleito, muito embora as declarações sigam o melhor estilo cusparada ao alto da própria cabeça. E mais, cito a questão da governabilidade e sua obrigação de viabilizá-la, sob pena de tornar-se o Carlos Roberto da vez.

Portanto, presidente, menos, muito menos… Ademais, verdade seja dita, os quadros que compõem sua sustentação política e administrativa, em que pese a extrema habilidade do Cardeal de Richelieu de Vermelho, são tão competentes quanto mostraram ser no âmbito da política convencional. Barbas de molho, pois a caneta é sua. De mais ninguém. Sou Vasco sempre, nunca sempre Vasco. Portanto, boa sorte. E juízo…

Rafael Furtado

 

Os desafinados

O último dia de janeiro de 2018 foi especial para o vascaíno. Fazia tempo, infelizmente, desde a nossa última participação na Libertadores. Após 2012, com o estopim da falta de gestão do clube, o Vasco viveu período de derrocada vertiginosa da instituição, levando a crise quase insustentável até 2014. Sua reconstrução, iniciada em 2015, com toda a dificuldade em meio a dívidas que batiam na porta do Vasco a cada semana, veio a dar frutos somente agora em 2017, recuperando o direito de participar da principal competição do continente.

Os mais ansiosos, como eu, já respiravam a partida desde muito antes, analisando onde fica Concepción no mapa, certificaram que dentre os adversários bolivianos da próxima fase, é o Oriente Petrolero que não joga na altitude, além de já se prepararem para o inevitável grupo da morte.

Por isso mesmo, dia 31, os vascaínos amanheceram num misto de alegria e guerra. Alegria por voltar para a Libertadores, ser estudado pelos jornalistas argentinos (“Atento, Racing”), matérias e mais matérias na imprensa cobrindo a equipe, ler sobre a recepção ao time no Chile, entre outras mais. A guerra vinha do próprio clima de Libertadores! Dia de dar chutão, de enfrentar torcida te xingando em espanhol e sacanear flamenguista com secador na mão.

Por isso mesmo, cada vascaíno, ao seu jeito, foi se preparando pra noite de estreia. Alguns abarrotaram a geladeira, outros marcavam aquele lugar cativo no bar com os amigos, outros fizeram figa o dia inteiro, com a mulher falando apenas o indispensável, já sabendo que o risco de uma resposta desaforada seria grande. No entanto, considerando que cada um tem sua maneira de se preparar para jogos importantes do Vasco, todos os vascaínos estavam focados e compenetrados em passar de fase na Libertadores, torcendo muito pelo time.

Bem… nem todos.

Alguns, certamente, nem ligaram pra isso. Realmente não pareciam nada preocupados com o desempenho da equipe, com um bom resultado no Chile, em chegar a fase de grupos, nada disso. Na véspera, se preocuparam em desrespeitar a vontade daqueles que mais devem ser reverenciados dentro do clube. Os Beneméritos e o Conselho da qual fazem parte. Aquele seleto grupo de pessoas que dedicaram décadas de suas vidas em benefício do Vasco. Para a eleição deste Conselho, vencida pelo Grande Benemérito Eurico Miranda, as palavras rancorosas destas pessoas foram: “parabéns ao Imperador”.

Uma infelicidade que traduz falta de respeito nem tanto com o presidente eleito, mas com os próprios Beneméritos, insinuando talvez uma subserviência destes senhores. Logo eles, que se dedicaram e se dedicam a servir ao Vasco, estariam, pasmem, intimidados a votar contra o que considerariam o melhor para o clube. É dever primário de alguém que vive e atua no âmbito político de uma instituição, respeitar seus poderes e as pessoas que as compõem.

Infelizmente, para o bom andamento do clube, não foi isso o que aconteceu. Felizmente, para nós vascaínos, a presidência do Vasco não foi para pessoas que pensam dessa forma, que tratariam de ignorar funções exercidas pelo Conselho de Beneméritos, como sugerir e acompanhar as iniciativas da Diretoria Administrativa.

Para essas pessoas, a avassaladora vitória por 4 a 0 não mereceu uma linha sequer de comemoração. É sério. A vitória não valeu nem um “tapinha nas costas”. O tal “time do Eurico” havia vencido, convencido, anunciado com autoridade sua volta à Libertadores. O comentarista da TV, veja você, elogiou a façanha de se contratar um jogador qualificado e experiente como o Desábato, em meio a conturbada situação política, mas teve logo que mudar de assunto para não dar nome aos bois. Sabe como é, elogiar quem contratou no “time do Eurico”, não é coisa que se faça em pleno horário nobre.

Eu poderia muito bem me dedicar a rir da imprensa em geral, seja pelas previsões da partida, que apontavam o Concepción como vitorioso na maioria das vezes, seja ao final do jogo, que trataram logo de diminuir o feito, dizendo que o adversário é fraco, que o goleiro falhou, que “deu tudo certo para o Vasco”, etc. Ganhar do Madureira na Copa do Brasil levando sufoco em campo neutro, não tem problema, mas a chuva de desculpas vem certeira quando se trata do Vasco. Porém, deixemos pra lá, vamos voltar aos desafinados de quem vínhamos conversando.

No dia seguinte, o vascaíno saiu de casa e parou diante do jornaleiro para ver as manchetes, procurou no celular os memes sobre a vitória, tratou de almoçar diante da televisão pra acompanhar os jornais esportivos. Conversou com os amigos sobre o jogo, riu da pedalada do Riascos com o jogo já ganho… enfim, aproveitou o dia seguinte como todo vascaíno deveria.

Bem… novamente, nem todos.

Alguns se preocuparam em retomar o discurso de ódio, em trazer de volta a novela das eleições que tanto nos prejudicou, em buscar não o melhor para o Vasco, mas para seus próprios interesses. Neste período em que o vascaíno quer paz para torcer pelo seu time, falar de futebol e deixar a política de lado, alguns desafinados teimam em tumultuar o andamento do clube, com ações que visam apenas perturbar a instituição no âmbito político. Por um lado, começam num descompassado abaixo assinado pedindo eleições diretas, agindo contra o clube quando incentiva o torcedor a virar sócio apenas em caso de mudança no processo eleitoral. Por outro lado, a disputa judicial pelo HD prejudica mais uma vez os vascaínos, colocando a instituição nas páginas policiais dos jornais.

Não é de hoje que o CASACA! avisa. Mas, passada a eleição, fica cada vez mais claro quem quer ajudar o Vasco e quem acha que o clube só pode caminhar se for sob seu controle. Caso contrário, vão tratar de inviabilizar toda e qualquer gestão que se apresentar, abdicando de uma oposição justa e propositiva em benefício ao Vasco, propagando o ódio, disseminando a discórdia entre os torcedores e levando ao caos em cada oportunidade. Sempre em sabotagem ao Vasco.

Estranhos tempos

Em tempos onde contratações estratégicas se fazem exclusivamente por indicação, o Vasco inicia de fato sua temporada com a Libertadores que se anuncia. Certame cujo ingresso é celebrado por muitos clubes, mas que quando chega ao Vasco, os fatos que fazem desmerecer o feito são cantados por comentaristas de todo tipo, e que infelizmente ecoam entre torcedores, muitos deles vascaínos.

São tempos estranhos, onde não se contrata mais analisando os últimos feitos de profissionais que ocupam cargos de extrema importância e confiança. O clube é desdenhado mesmo disputando as mais importantes competições do continente, campeonatos estes que não contarão com a participação de times com situação financeira muito saudável, casos e Atlético-MG e São Paulo. Estes clubes mostram poder de compra muito além das possibilidades atuais do Vasco. O último deles, inclusive, chegou a contratar os dois atletas de maior nome que tínhamos em 2017. No entanto, o que estes rivais fizeram no ano passado não os credenciaram a participar da Libertadores em 2018. Mas tudo bem, tudo certo, tudo em ordem com eles. Já conosco foi acidente de percurso, onde nos beneficiamos pela profusão de vagas distribuídas pelo inchaço da competição. Para eles, o perdão para a não classificação é garantido. Para nós, o desmerecimento e desdém do feito. Nem mais é lembrado os mandos de campo perdidos, fruto de ações pra lá de suspeitas, e apenas um pênalti marcado durante o longo Campeonato Brasileiro.

Nestes tempos em que para economizar recursos se dobra o número de executivos gerentes/diretores de futebol (vai entender), nós vascaínos devemos seguir caminhando (navegando talvez soe mais apropriado) cientes de que a má vontade com o Vasco é histórica, de todos os tempos, não é exclusiva contra uma pessoa, um dirigente, ou mesmo um charuto. A artilharia se voltará sempre contra aqueles que desafiarem a ordem futebolística traçada há aproximadamente cem anos, com uma mudança aqui ou ali. Vilanizaram alguns ao longo do tempo e trataram de exaltar outros. Mas esta exaltação só seguirá enquanto a subserviência se mantiver. Não se iludam. Se por acaso novos comandantes nossos ousarem desafiar o status quo esportivo brasileiro, sua própria luta o transformará em vilão. Primeiro perante os adversários. Depois, os próprios vascaínos.

Em tempos em que se contrata com extrema rapidez um executivo com grandes acusações em passagem por clube anterior, discursos de reconstrução do Vasco são feitos, sem que se diga de onde veio o processo de destruição. Pelo que se ouve nas últimas declarações, o clube viria de falta de gestão e apenas agora retoma seu curso administrativo. Sabemos que nem de longe é o caso, em virtude da reconstrução que começou em 2014 com a revitalização do patrimônio, recomposição de dívidas e aderência às certidões negativas de débito, que permitiram participar de programas de captação de recursos, o que fez renegociar/quitar dívidas passadas e, com muita responsabilidade, permitiu a formação de times competitivos, não só por nomes, mas também por estrutura e recursos materiais para preparação.

São tempos em que se fala com tranquilidade que o clube tem que ter 30% a 40% de jogadores da base sem mencionar que o processo de formação não muda de um ano para o outro. Vale lembrar, em todas as oportunidades, que após Phillipe Coutinho (que nos rende até hoje), fruto da gestão pré-Dinamite, nossa base desmoronou por completo, chegando ao cúmulo da vergonha que foi o período de Itaguaí. Essa reconstrução, trazendo de volta a base para São Januário, formando os atletas com os valores cruzmaltinos, veio de 2014 pra cá. Em que pese grande parte da base que jogou nos profissionais em 2017 ter ficado na reserva, ainda assim, o percentual chegou em níveis aceitáveis, ainda mais considerando o processo de reconstrução que foi iniciado em 2014.

Estes tempos que se iniciam agora, em que dizem iniciar um processo de reconstrução, tem que ser cuidadosamente explicados, pois reconstrução não se iniciou no último dia 22. A retomada da evolução do Vasco enquanto clube começou antes disso. Pode-se dizer que a reconstrução continua, pois há muito o que fazer, sem dúvida alguma. O que não consideramos correto é dizer que começa agora. Como exemplo final, podemos citar os recursos chegando através de patrocínio nunca antes visto no clube, obra do CASACA!, que trarão os ventos mais que necessários para nossa caravela navegar com êxito em 2018.

Se dizem isso que reconstrução começa apenas a partir de agora, certamente fecharam os olhos para 6 anos em que o Vasco foi abandonado. Estes sim, tempos em que chegamos a temer pela manutenção da existência do nosso clube.

Antes e depois

O trabalho evidente de reconstrução do Club de Regatas Vasco da Gama se mostrou tão claro e com tantos resultados favoráveis ao longo dos últimos três anos, a ponto de se tornar algo ridículo qualquer menção contrária a isso.

Futebol e Arbitragem

De um elenco no qual se tinha Martin Silva (Charles), Nei, Rodrigo (Douglas Silva), Luan (Rafael Vaz), Henrique, Guinazu, Sandro Silva, Bernardo, Montoya, Rafael Silva e Thales como pilares, Jordi, Lorran, Jhon Cley, Yago, Renato Kayser e Marquinhos do Sul como destaques das divisões inferiores, temos hoje um de outro nível e com a base repleta de promessas, que em campo já demonstraram capacidade para não só assumirem a titularidade da equipe, mas também serem fonte de vultosos negócios para o clube.

O Vasco foi entregue em 2014, colocado em terceiro lugar na segunda divisão sem liderar nenhuma das 38 rodadas daquela competição e deixado em janeiro de 2018 na posição de classificado para a Taça Libertadores da América deste ano.

Sobre a falácia de obtenção da sétima vaga para a Taça Libertadores, isso é conversa para boi dormir. Haviam seis vagas para os clubes partícipes do Campeonato Brasileiro, independentemente de qualquer coisa, e o Vasco conquistou a quinta (não foi a quarta porque até derrota com gol de mão sofremos). Caso Grêmio e Cruzeiro, campeões respectivamente da Taça Libertadores da América e Copa do Brasil, ficassem abaixo do Vasco, o clube obteria sua classificação da mesma forma, portanto em nada o Vasco dependeu de Cruzeiro e Grêmio para se classificar à principal competição do continente. No ano de 2016, por exemplo, tanto Grêmio como a Chapecoense, campeões da Copa do Brasil e Sul-Americana, respectivamente, não figuraram entre os seis primeiros do Brasileirão. Com isso, Botafogo e Atlético-PR obtiveram a quinta e sexta vaga, da mesma maneira, só que ocupando quinto e sexto lugares, respectivamente.

De um clube que não conquistava o Campeonato Carioca há 11 anos e perdera na gestão MUV seis disputas de taça em seis possíveis, o Vasco passou a ser o papão de títulos no Rio neste triênio, afinal não só venceu dois Estaduais (um invicto), como ainda conquistou uma Taça Guanabara (assim como Botafogo e Fluminense) e uma Taça Rio. Ou seja, terminou o período com quatro conquistas contra uma de Flamengo, Fluminense e Botafogo, deixando os vices para outros.

Em todas as disputas diretas de taça o Vasco foi o vencedor, três vezes contra o Botafogo e uma diante do Fluminense.

No que tange ao tricolor das Laranjeiras, uma sequência impressionante de reversão das conquistas em confronto direto ocorreu a partir de 1988. Dali por diante foram oito disputas de taça e oito vitórias consecutivas do Vasco (1988, 1992, 1993, 1994 {duas vezes}, 2003 {duas vezes}, 2004), que, até então, perdera as sete últimas para o Fluminense (1948, 1973 {duas vezes}, 1976, 1980 {duas vezes}, 1984) e só derrotara o adversário uma única vez, na decisão do Torneio Municipal de 1946. No período do MUV uma disputa e uma derrota, na final da Taça Guanabara de 2012 (confronto direto sem vantagem de nenhuma equipe). Neste último triênio, nova vitória vascaína na Taça Guanabara de 2016, com o adversário precisando apenas do empate, mas sendo derrotado por nós por 1 x 0, gol de Riascos, novamente atleta do clube em 2018.

Em relação ao Botafogo, jamais o Vasco havia derrotado o adversário numa final de Estadual, em quatro oportunidades: 1948, 1968, 1990 (decisão polêmica) e 1997. Pois bem, foram duas vitórias seguidas, com três triunfos e um empate nos quatro jogos decisivos. Finais de turno em se tratando de estaduais, considerando a vitória de um dos lados na partida a garantia do título sem disputas extras (disputa extra que poderia ter ocorrido em 1977 quando o Vasco venceu, caso se desse o contrário), foi a primeira conquista do Vasco sobre o adversário. Derrotas na Taça Guanabara de 1997, Taça Guanabara de 2010, Taça Rio de 2012, Taça Guanabara de 2013. O erguimento da Taça Rio de 2017 quebrou o tabu.

Quanto ao maior rival, por cinco vezes houve disputa eliminatória contra ele. O Vasco venceu quatro (Estadual 2015, Copa do Brasil 2015, Estadual 2016, Taça Rio 2017), obtendo posteriormente o título em três das quatro ocasiões, e perdeu apenas uma (Taça Guanabara em 2017, dando a oportunidade de mais um vice aos rubro-negros).
No confronto direto contra os três outros grandes do Rio foi este o saldo:

Vasco 6 x 1 Botafogo
Vasco 6 x 4 Flamengo*
*Em jogos oficiais 6 x 3
Vasco 5 x 3 Fluminense

Algo a ser destacado, contrário ao Vasco ao longo do último triênio, foram as arbitragens.

Em 76 jogos do Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão (2015 e 2017), o clube não obteve um único ponto por ajuda da arbitragem. Foi prejudicado em incríveis 14 pontos no Brasileirão 2015 e em 7 no ano passado, com lances capitais (pênaltis não marcados a favor ou marcados equivocadamente contra o clube, transformados em gols, tentos mal anulados marcados pelo Vasco e ilegais dos adversários, validados).

Em 2015 o prejuízo na tabela chegou a 14 pontos em jogos contra Internacional (C) – 2 pontos, Sport (F) – 1 ponto, Atlético-MG (C) – 1 ponto, Cruzeiro (F) – 2 pontos, Avaí (F) – 2 pontos, Chapecoense (C) – 2 pontos, São Paulo (F) – 2 pontos, Coritiba (F) – 2 pontos. Contabilizados os 14 pontos teria o Vasco ficado em oitavo lugar no Brasileirão e não na décima oitava colocação, o que trouxe por consequência, a queda para a segunda divisão.

Já em 2017 os prejuízos caíram pela metade. O Vasco perdeu sete pontos em função da arbitragem nos seguintes jogos: Chapecoense (F) – 1 ponto, Flamengo (C) – 1 ponto, Santos (C) – 2 pontos, Corínthians (F) 1 ponto, Coritiba (C) – 2 pontos, em função de pênaltis cometidos sobre Alan Cardoso, pelo rubro-negro Everton Ribeiro, jogando vôlei, sobre Wagner e ainda sobre Ramon, sem nos esquecermos do gol feito com a mão por Jô, do Corínthians. Contabilizados os sete pontos a favor do Vasco, o clube teria terminado o Campeonato Brasileiro na terceira colocação, com o mesmo número de pontos que o segundo colocado.

Também na Copa do Brasil, outra competição organizada pela CBF, o Vasco teve vários prejuízos que desequilibraram as disputas de mata-mata nas quais foi eliminado do certame.

Em 2015, contra o São Paulo, o segundo gol tricolor, marcado por Luís Fabiano, hoje atleta do Vasco, foi ilegal, pois o centroavante tirou a bola das mãos de Martin Silva, quando o goleiro vascaíno a tinha em uma de suas mãos presa junto ao solo, lance por sinal muito parecido com o gol bem anulado do Manchester United-ING contra o Vasco no Mundial da FIFA de 2000, sendo na época protagonistas da jogada o arqueiro Hélton e o atacante Sheringham (que substituíra Solskajaer no intervalo). Além disso, na segunda etapa houve pênalti claro sobre Nenê não marcado pela arbitragem. Com a vitória tricolor por 3 x 0, que seria por um placar mínimo e sofrendo gol em casa, caso a arbitragem se comportasse com acerto, o Vasco lançou um time praticamente reserva no segundo confronto, o qual terminou empatado em 1 x 1.

Em 2016 contra o Santos foi muito escancarado o ocorrido contra o Vasco em São Januário no jogo de volta da disputa (o Santos havia vencido em seu estádio por 3 x 1). Na primeira etapa três lances polêmicos poderiam ter ensejado a marcação de pênaltis para o time da casa, um deles claríssimo, após cobrança de falta e toque na mão do zagueiro santista dentro da área, flagrante. Na segunda etapa, quando o Vasco buscava o terceiro gol para empatar a disputa (vencia por 2 x 1), uma falta não marcada nas proximidades da área santista a favor do Vasco iniciou a série de erros de árbitro e auxiliares no mesmo lance, com a não marcação de impedimento do ataque santista no contragolpe, em dois momentos diferentes. Três erros em apenas uma jogada deram à equipe paulista o segundo gol naquele empate com máculas ocasionadas por apito e bandeiras.

Ano passado, no jogo de ida da Copa do Brasil, em São Januário, o lance que oportunizou a abertura da contagem por parte do Vitória adveio de um pênalti em lance no qual, na origem, o atacante vascaíno Manga foi derrubado por um zagueiro e crendo na marcação da falta pôs a mão na bola, tendo o juiz ignorado a infração a favor do Vasco e marcado a outra, a favor do adversário. O gol de empate que selaria o placar final do primeiro jogo daquele confronto originou-se de um pênalti bem marcado contra o Vitória e na partida de volta a equipe baiana venceu por 1 x 0, classificando-se para a quarta fase da competição.

No que tange aos Estaduais, o Vasco, tal como ontem diante da Cabofriense, quando um pênalti não foi marcado a seu favor no início da partida, se viu prejudicado em número maior de vezes do que foi beneficiado.

Em 2015 nos jogos contra Barra Mansa, Fluminense, Botafogo e Friburguense, válidos pela Taça Guanabara, gols ilegais sofridos, pênaltis não marcados e gol legal invalidado foram todos contrários ao Vasco, tendo ainda ficado a dúvida se na segunda partida semifinal contra o Flamengo a bola cabeceada por Rafael Silva entrou ou não, quando o placar ainda era de 0 x 0.

Em 2016 o Vasco foi ajudado pela arbitragem na vitória sobre o Volta Redonda (2 x 0), através da marcação de um pênalti inexistente a seu favor, quando o jogo ainda estava empatado e na vitória diante do Madureira por 1 x 0, pela não marcação de um pênalti claro a favor do adversário, sendo que na ocasião o Vasco vencia o jogo.

No último Estadual disputado, um prejuízo e um benefício no clássico contra o Flamengo, válido pela primeira fase da Taça Rio (pênalti não marcado sobre Jomar aos 44 do 2º tempo e pênalti inexistente assinalado a favor do Vasco dois minutos depois).

Vê-se com isso que o equilíbrio entre erros e acertos nos jogos promovidos pela FFERJ passam longe do absurdo desequilíbrio visto nas partidas promovidas pela CBF, exceto às da segunda divisão, onde erros e acertos estiveram perto de se equipararem.

Por falar em segundona, aquela competição – rechaçada por todos nós, até pela forma como o Vasco foi atirado nela pelas arbitragens, independentemente de qualquer questionamento sobre ações administrativas no curso do Brasileirão de 2015 – teve o Vasco na liderança por 29 rodadas consecutivas (as primeiras 29), até o início de outubro e em nenhuma das 38 figurou o clube fora da zona de classificação para a primeira divisão do ano seguinte, mas independentemente disso os últimos 55 dias da equipe foram abaixo da crítica, acumulando em tal período 4 vitórias, 2 empates e 5 derrotas, o que levou a uma mexida geral no elenco ao fim do campeonato e a um investimento maior para a temporada seguinte com 16 contratações entre o final de 2016 e julho do ano passado.

Finalmente, em 2017 o Vasco apresentou um elenco mais caro e com atletas trazidos de qualidade inquestionável em várias posições. Breno, Anderson Martins, Ramon, Wagner, Kelvin, Luís Fabiano, entre outros, aumentaram a folha e compromissos do clube com parceiros ao longo do período. Se Gilberto, Paulão, Jean, Bruno Paulista, Wellington, Escudero, Muriqui, Manga Escobar e Andres Rios deram ou não conta do recado, o mercado os tinha como atletas de nível, oriundos de grandes clubes ou com propostas, sondagens de outros grandes clubes. A exceção foi Lucas Rocha, zagueiro já dispensado.

Por não ter vendido Paulinho nas duas janelas possíveis, agora em janeiro com o tempo mais apertado é verdade, e por ter sido vítima de sabotagens nos últimos meses de gestão por opositores ao Vasco, o clube não pôde fazer investimentos maiores em contratações e trouxe jogadores dos quais se espera um pouco mais (Erazo, Fabricio, Desabato, Rildo, Riascos) e outros que são incógnitas, casos de Rafael e Thiago Galhardo, além de Luís Gustavo. Perdeu-se um ótimo zagueiro, um lateral direito contestado e um meia pouco convincente em mais de 30 oportunidades nas quais este último atuou pelo Brasileirão do ano passado. Duas outras contratações ficaram alinhavadas e podem ter prosseguimento com a nova gestão. Caso isso ocorra e os atletas ora machucados possam voltar em plena forma teremos um time competitivo para essa temporada.

O que esperamos em termos de futebol nesse próximo triênio é que haja o mesmo número de conquistas obtidas entre 2015 e 2017 (ou mais), uma arbitragem neutra nos jogos do Vasco válidos por competições organizadas pela CBF, como houve nas partidas válidas pelos Estaduais no mesmo período, a manutenção da supremacia nos confrontos contra o trio da zona sul carioca e também a supremacia em títulos, comparando-se aos outros três.

Aguardar ou exigir que se iguale ou se bata o recorde de partidas oficiais invictas de toda a história do clube, como ocorrido entre novembro de 2015 e junho de 2016 (34 jogos) seria um pouco demais, afinal foi uma marca que superou 100 anos de história do clube, ultrapassando de uma vez só as maiores de Atlético-MG, Flamengo, Internacional-RS e Palmeiras, além de igualar as de Cruzeiro e Corínthians, obtidas, como no caso do Vasco, no atual século.

Presente e Futuro

Encontra-se hoje o Vasco muito melhor estruturado do que em 2014, com mais de 20 milhões a receber em menos de 10 dias (verba suficiente para pagar as folhas até janeiro, inclusive, e devolver o adiantado pelo parceiro, emprestado para acertar parte do referido montante esta semana), mais um montante represado, ainda sem ter o clube em 2017 tido a oportunidade de levantar adiantamentos junto à Rede Globo, que serviriam num primeiro momento para pagar outros valores devidos (fora salário), grande oportunidade de crescimento dos sócios-torcedores e obtenção de mais verbas focadas no patrocínio para outros pontos do manto cruzmaltino (fora ações próprias da gestão que chega) e também sendo todos sabedores ser a venda de um ou dois atletas da base ao longo da temporada fator de tranquilidade à gestão atual no que concerne ao pagamento de compromissos durante o ano.

Não é fácil, não é simples, desde dezembro de 2014 nunca foi. Minha opção em duas votações (novembro e janeiro) foi pela continuidade da reconstrução e tendo na responsabilidade administrativa seu norte, apostando ser essa a visão da eleita, como o discurso de posse do novo presidente assim ratificou. Claro que minha preferência se evidencia. Eurico Miranda é meu candidato à presidência do Vasco, desde antes de eu ter idade para votar (Eurico 86 – O Vasco acima de tudo permanece colado no vidro da janela de meu quarto no apartamento onde residi e hoje mora apenas a minha mãe). Ele, com ou sem o cargo, atuando em função executiva no clube, cumpriu de maneira exemplar seu dever nos triênios dos quais participou dessa forma, tornando-se a figura viva com maiores serviços prestados ao Vasco, entre todos.

Que a nova gestão atue sem medo de prever o melhor, porque o Vasco é movido a desafios, como foi a classificação à Taça Libertadores do ano passado, mas com trabalho no lugar de loucuras, com unicidade no lugar de divisões tolas e inúteis, sem temor de se ter ou não o aval da imprensa e sabedores todos que querer gerir o Vasco é um direito, ninguém é compelido a isso, mas administrá-lo com respeito à sua história, seus homens e comprometimento com seu futuro, uma obrigação.

Sérgio Frias

Princípios

O campeonato estadual começou e o Vasco já disputou duas partidas, com o saldo de uma derrota e uma vitória. É normal, e até mesmo óbvio, uma equipe que está começando a temporada, não apresentar um bom futebol. No momento, o mais importante é o resultado, visando uma classificação para a próxima fase, e também a preparação pra principal competição neste primeiro semestre, que é a Taça Libertadores.

Porém o assunto mais tocado neste início de 2018, infelizmente não é o campo e bola, mas sim o eterno cenário eleitoral, que muitas vezes, acaba influenciando negativamente no desempenho da equipe.

Eu disse algumas vezes no programa “Casaca no Rádio” no final do ano passado, que mais importante que o resultado dentro de campo, seria aquele fora do campo. Que uma derrota nos gramados poderia ser compensada com uma vitória na rodada seguinte, mas que o resultado do pleito , este duraria 3 anos e poderia trazer boas ou más consequências pro processo de reconstrução do clube.

Na última sexta-feira, na sede náutica da Lagoa, foi eleito o novo presidente do clube pro próximo triênio. Não o presidente que nós desejávamos e que sabíamos que continuaria a reconstrução já citada e que dava nome a chapa. Depois de toda judicialização e injustiças cometidas, que culminaram com a eliminação absurda dos votos de sócios legítimos, chegamos a um cenário que apresentava duas opções: uma que tínhamos a certeza que traria aquele cenário caótico que assolou o clube entre julho de 2008 e dezembro de 2014.

Uma chapa onde quem colocava a cara como candidato ao cargo máximo era um completo desconhecido até 2014, alguém que não se rogou a desrespeitar os homens do Vasco e que servia apenas como fantoche de ex-jogadores e empresários ávidos por tomar o Vasco de assalto. Junto desse pessoal, até grande benemérito do Flamengo apareceu como patrocinador.

Do outro lado, uma chapa que tem nomes partícipes da gestão de Roberto Dinamite, que fizeram parte da pior administração da história do clube, mas que conta com pessoas que ao menos tem história no Vasco, que conhecem o clube. O voto na sexta-feira foi plebiscitário. Era votar contra ou a favor da chapa amarela. Na verdade, a melhor definição é que o que tivemos foi um voto de protesto. Protesto contra a influência externa promovida pela imprensa, contra o conluio jurídico midiático que insiste em querer se meter nas coisas do Vasco. Que manipulou informações, criou factóides e reverberou absurdos como a história do roubo de aparelhos do CAPPRES. Quem viveu o massacre midiático do início de 2001, sabe do que estou falando. Janeiro de 2018 foi o janeiro de 2001 com redes sociais.

Esse pessoal tem que entender: O Vasco é gerido de dentro pra fora, e não o contrário !

E foi esse o recado dado pelos conselheiros do clube.

Vejo pessoas reclamando que em 120 anos, essa é a primeira vez que um candidato eleito pela maioria, não toma posse. Isso aconteceu sim, quando os votos da urna 7 foram sumariamente anulados, tirando da chapa “Reconstruindo o Vasco” o direito a ter os seus 120 conselheiros eleitos.

Falam de golpe, mas se esquecem que a chapa amarela só conseguiu a quantidade de votos que obteve, porque no meio do pleito, de maneira atropelada, se uniu a chapa verde e a chapa branca. Não fosse isso, os votos da oposição se fragmentariam e eles brigariam apenas pelo 2º lugar. E ao invés de 120 conselheiros, teriam apenas os 30 da minoria.

Reclamam de traição, mas admitem que as chapas eram completamente antagônicas. Sendo antagônicas, era óbvio que rachariam. Até porque o único projeto de Vasco desse pessoal, é tirar o Eurico.

Pra sorte do Vasco, racharam antes de assumir o poder. Se acontece depois, o clube ficaria inviável, com uma eterna briga por espaço e cargos.

Dizem também que o processo indireto de escolha do presidente é injusto. Discordo frontalmente!

Quando o estatuto do Vasco determinou que fosse assim, já previam que num futuro próximo, o poder financeiro e midiático pudesse influenciar na escolha daquele que comandaria o clube. E fizeram isso sem saber que um dia existiriam mídias sociais, com seus fakes remunerados que manipulam e alienam a informação. Que transformam completos desconhecidos em salvadores da pátria. Que elevam a categoria de “messias” do Vasco um rapaz que, pasmem, não pagava nem suas mensalidades em dia!

Se não fossem os homens do Vasco, com 40, 50, 60 anos de história no clube, correríamos o risco de ter num futuro próximo, até mesmo alguém da família Marinho presidindo o Vasco ! Ou alguém duvida do poder de influência dessa gente?

Por fim, deixo uma mensagem aos torcedores e sócios do Vasco que sempre confiaram e acompanharam o CASACA! ao longo dos 18 anos de existência do grupo. Vocês devem imaginar que temos muito a falar sobre o início de Alexandre Campello como presidente do Vasco, as primeiras escolhas de vice-Presidentes, pronunciamentos noticiados na imprensa, etc.

Porém, o momento é de trégua, já que o time de futebol estreia na tão cobiçada Libertadores em menos de 10 dias e o clube precisa respirar um pouco de tranquilidade para avançar de fase.

Por enquanto, releiam os princípios do CASACA!. Nossos próximos passos estão ali.

Rodrigo Alonso

Perguntas que não calam

Eu só gostaria de saber alguns pontos dos “bastiões da moralidade”, que criticam a soberana decisão do Conselho Deliberativo, em eleger Alexandre Campello presidente do Vasco:

1) Por que eticamente vale se associar ao Campello para tirar Eurico, mas não vale se associar a Campello para tirar Brant? A democracia não pressupõe direitos iguais?

2) Por que a providência judicial de 2006 (determinar novas eleições) estava certa, e agora o certo não é novas eleições, mas anular tão somente uma urna? Porque não reclamam da impossibilidade estatutária do pedido final da ação? O estatuto fala de novas eleições, e a jurisprudência de 2006 idem. Porque isso não é considerado golpe?

3) Por que a nomeação da junta após término de mandato de Dinamite (2014) era ilegal (por alegada falta de previsão estatutária), mas essa dos três administradores não? Porque nenhum simpatizante da oposição reclamou disso?

4) Por que a democracia e as consequências ao clube não importavam quando duas chapas antagônicas se uniram para derrotar a chapa de Eurico (inclusive sabendo que poderia haver um racha pós eleição, prejudicando o Vasco, o que se confirmou antes) e agora importam, quando dois grupos se unem para evitar Brant?

5) Por que um grupo pode achar, democraticamente, que qualquer coisa é melhor que Eurico e outro não pode achar que qualquer coisa é melhor do que Brant?

6) Por que o Vasco tem que comprovar na justiça pagamentos de quem não precisa pagar? (Sócios remidos, isentos de pagamento)

7 ) Por que os simpatizantes não reclamaram quando a justiça negou (sem fundamentação) uma liminar em Mandado de Segurança após 10 minutos de tê-lo recebido? Porque não reclamaram da aparente celeridade da justiça?

8) Por que o mandato de Roberto Dinamite pode ser prorrogado por 3 meses em 2014 (e muitos comemoraram isto), mas o de Eurico não pode ser prorrogado por 5 dias, mesmo com a concordância das outras chapas?

9) Se a urna 7 estivesse valida e o conselho elegesse Brant pra tirar Eurico, vocês reclamariam do desrespeito aos sócios?

10) Por que os simpatizantes da oposição a Eurico se acham titulares do monopólio do uso da ética consequencialista? Porque “os fins justificam os meios” só pra eles, mas não para outros grupos?

11) Por que o traidor é o Campello, se ninguém sabe o que efetivamente aconteceu entre eles? Eu não estive lá pra saber se houve ou não rompimento do trato entre eles. Apenas achei que entre um e outro, eu poderia escolher um. E o um que eu escolheria foi o que venceu.

12) Por que chamam a gente de torcedores de dirigente, mas agora, só porque o conselho nao votou no Brant, querem boicotar o clube? O Vasco só presta quando o candidato de vocês é o presidente?

Não respondam para mim. Apenas reflitam.

Obrigado.

P.S. Não sou da chapa de Campello, não estive lá pra votar. Ao contrário, fui prejudicado em meu direito de ser conselheiro (fui eleito pela chapa Reconstruindo o Vasco, de Eurico Miranda) por um processo que, apesar do meu parco conhecimento, me pareceu eivado de vícios legais. Não estou situação, não quero e nunca quis cargos. Apenas defendendo a legalidade e a política, que deve ser igual para todos os grupos.

Sérgio Coelho

Reafirmação da Independência

O Vasco realizou, na noite de 19 de janeiro de 2018, muito mais do que a eleição dos seus presidentes. Mais do que isso. Foi declarado, por parte do clube, que jamais admitirá entidades externas decretando o rumo da instituição. O fim da posse dos conselheiros eleitos e consequente votação foi mais um marco histórico para nós vascaínos, mostrando que o respeito ao seu estatuto é que vai ditar o curso e a longevidade de um clube.

A escolha de seu presidente através de conselheiros eleitos e natos tem o intuito de jamais apagar aquilo que os vascaínos construíram em mais de um século de existência. Cada voto depositado na urna ontem teve uma razão de existir, seja recente, com sua visão atual de Vasco, seja histórica, com o passado de dificuldades e glórias que foram materializadas nos votos de ontem.

Porém, mais do que contar um pedaço da história deste clube em cada voto e assim pesar de forma genuína o desejo de seus conselheiros, a eleição do dia 19 foi, além disso, mais um não às tentativas de controle da instituição por meio de outras entidades.

Em um mundo fake, onde muitas vezes se proliferam notícias falsas, é exposta ao vascaíno e ao brasileiro com menos interesse no tema político do futebol, uma série de afirmações inverídicas para que se forme uma opinião que não condiz, de forma alguma, com a realidade dos fatos.

Tudo isso hoje é propagado através de exércitos de fake people, ou pessoas falsas, que ajudam a propagar essas inverdades como forma de opinião, na tentativa de pressionar pessoas e entidades, dando a ilusão de massificação daquele ponto de vista, revolta, ou protesto, dependendo do discurso utilizado.

Essa indústria de fake news, tão utilizada nos tempos de hoje como arma política nas mídias sociais para as mais diversas finalidades, tentou causar danos irreparáveis ao Vasco, impedindo, no final das contas, a continuidade de reconstrução do clube, de seu patrimônio, e de seus expressivos resultados esportivos.

Por várias vezes, alguns canais de comunicação se referiram a eleição de ontem como uma mancha na história do Vasco. Isso claramente é uma conclusão vinda de falta de informação, ou costumeira má fé.

Por exemplo, algo que fizeram questão de omitir foi explicar como você pode ter impedido sócios legítimos, como Benfeitores Remidos, dos seus direitos a voto. Isso certamente gerou tristeza e revolta em sócios que pagaram suas mensalidades por décadas, ininterruptamente, e se viram impedidos em seu direito.

Mas, voltando ao caso atual, alegou-se simplesmente que aquele eleito na assembleia geral, deveria ser confirmado na eleição feita pelo Conselho Deliberativo. Informação superficial que serve apenas para confundir e brotar opiniões incoerentes, numa cadeia de eventos que prejudica a formação de opinião de torcedores, além do correto andamento de uma eleição.

Basta dizer que, embora as chapas tenham uma espécie de líder, que personifica as ideias do grupo candidato, seus nomes nada mais são que simbólicos e com caráter informativo ao eleitor, para que saiba a visão desta chapa. Nada mais que isso.

Nesta eleição, ocorre que duas das chapas opositoras decidiram dividir seus candidatos ao Conselho Deliberativo, formando um grupo único de candidatos, melhorando suas chances de vitória frente a chapa favorita. Se dividiram meio a meio, ou 60/40, pouco importa. O que interessa é que os 120 conselheiros empossados por essa chapa representavam, em realidade, duas chapas que iniciaram seus trajetos eleitorais de caminhos distintos, em cores bem diferentes.

A grande falha daqueles que noticiam é informar que o candidato em questão teria o direito de voto de todos os conselheiros eleitos pela sua chapa. Por motivos que não cabe aqui comentar, cada chapa pegou seus conselheiros e seguiu seu caminho.

A opinião destes conselheiros, somada a 30 da que terminou em segundo lugar em virtude da proibição de voto de sócios que não tiveram suas irregularidades comprovadas, além dos 150 conselheiros natos, formam a mente que elege os presidentes para o próximo triênio. Não custa lembrar, estes conselheiros natos dedicaram décadas de suas vidas ao Vasco, ajudando com sangue e suor a construir essa instituição.

Portanto, mesmo contrariando o que a imprensa desejava, o Conselho decidiu aquilo que considerou ser melhor para o Vasco. Negou a imposição de agências de notícias reais, fake, e também as agências reais que propagavam notícias fake.

O que o Vasco fez, além de eleger seus presidentes, foi reafirmar, mais uma vez em seus quase 120 anos, sua independência.

Doutrinando otários, fazendo deles bovinos

Mais de oito mil invadindo o estádio sem ingresso, nas ruas idosos caindo, crianças chorando, atropelamento, saque, roubo e pancadaria generalizada, tudo ao mesmo tempo e na tevê os apresentadores, repórteres e comentaristas não pediam punição imediata, não, nem se mostravam indignados contra um clube específico, nem contra um dirigente, muito menos contra um estádio. Concordavam todos, isto sim, que aquelas cenas lamentáveis, envolvendo milhares de pessoas com a camisa de um mesmo time, eram um problema grave, mas de toda a sociedade.

Passada a onda do cheirinho, sem mais possibilidades de título para o queridinho no campeonato, a mídia viu no fim do ano passado a chance de uma felicidade ainda maior, com o possível não acesso do Vasco. Só que não. A mídia então entrou 2017 enfatizando sempre que podia, com números, tentando até ironia, a diferença abissal que havia no momento entre o queridinho dela lá em cima, favorito a todos os títulos, inclusive Libertadores, e o Vasco, que lutaria única e exclusivamente, o ano todo, pra não ser rebaixado.

Não importava muito que ali, no comecinho de 2017, o Vasco estivesse há nove jogos sem perder para o rival, com seis vitórias e três empates, tendo eliminado o queridinho da mídia em dois mata-matas num mesmo ano, no Carioca e na Copa do Brasil. Não, nada disso importava e passou a importar menos ainda depois do fim do jejum do Flamengo contra o rival mais odiado, logo antes do carnaval, na semifinal da Taça Guanabara, numa vitória que, pro lado deles, na história do confronto, pode ser considerada clássica: um a zero com gol de pênalti duvidoso, maroto.

Mas não pra mídia, claro, que além de ratificar, garantir a nitidez do pênalti maroto, inovou na final da Taça, na primeira mostra dada pelo queridinho no ano de que mesmo com o supertime de supercraques superfavoritos a tudo, sem a ajudinha extra de sempre, não dava. Tendo ao fundo a imagem dos jogadores do Fluminense comemorando a vitória nos pênaltis, a emissora detentora de todos os direitos de transmissão, de todos os campeonatos à base, diz o FBI, de muita propina, não exibiu o escudo do time com a inscrição esperada, de campeão, não. Em vez disso exibiu na tela a lista de todos os campeões da Taça, por ordem de número de títulos, que mostrava em primeiro, em cima, altaneiro, o time que acabava de ser vice pela primeira vez no ano, no caso, o Flamengo.

A eliminação diante do Vasco na semifinal da Taça Rio, em meio à Libertadores, foi considerada quase benéfica para o queridinho, ainda mais com o 0 a 0, sem derrota. E na final ainda mais desvalorizada pelo absurdo do regulamento, com a vitória cruzmaltina sobre o Botafogo dentro da casa deles, nem antes nem depois de Luis Fabiano, tendo desencantado fazendo o gol do título, erguer o troféu, em nenhum momento a emissora investigada exibiu a lista de todos os campeões da Taça, que mostraria em primeiro, no alto, o Vasco, e em segundo, o Flamengo.

E na final do campeonato, depois de ter quase ignorado a simulação de um árbitro, assunto no mundo inteiro, pra gritar sobre um pênalti que nada valia, a mídia fez vista grossa a outro daqueles fatos inacreditáveis que só acontecem com o Flamengo. Com a vitória de 1 a 0 do Fluminense, o jogo se encaminhava pra decisão por pênaltis quando, lá pelos quarenta do segundo tempo, Réver subiu fazendo falta escandalosa no adversário, pra cabecear a bola que redundou no gol de Guerrero. O juiz não só não marcou nada, como vibrou com o gol ilegal validado por ele, cerrando e balançando o punho rapidinho no calor do momento, sem conseguir se conter com a bola estufando a rede.

Enquanto isso, sem dar a menor importância aos sentimentos indisfarçáveis do árbitro, a mídia comemorava, repetia confiante, feliz, o que já havia feito seis, sete vezes antes de eliminações quase todas vexaminosas de seu queridinho na Libertadores. E de novo não deu outra. Gol do San Lorenzo no último minuto, gol de Casalbé pro Furacão no solo sagrado do Chile, e o Flamengo estava eliminado na fase de grupos do torneio pela terceira vez seguida, a quinta no total, recordista absoluto, entre os brasileiros, neste quesito.

Nisso o jornal com o mesmo nome da emissora suspeita de corrupção, sonegação e otras cositas más já tinha publicado o guia do Campeonato Brasileiro, iniciado havia menos de duas semanas. E além das previsões alvissareiras, de favoritismo absoluto para o seu queridinho, o guia do jornal falava também até em título e disputa lá em cima, mirando a Libertadores, pelo menos nos subtítulos das páginas destinadas ao Botafogo e ao Fluminense. Quanto ao Vasco, só se falava de briga contra nova queda, de dificuldades à vista, muitas, de rebaixamento.

Por si só histórica, tal edição do guia do jornal movido a passaralhos tem ainda uma sutil alteração em relação às de campeonatos anteriores, pero muy significativa. Como se sabe, pela milionésima vez a Justiça decidiu que um time que correu da decisão não pode ser declarado campeão só porque a imprensa diz isso. Depois de pleitear o título só pra ele esgotando todos os recursos, o queridinho da mídia perdeu o último recurso pra pleitear a divisão do título. A não ser que o clube peça agora à Justiça assim, na boa, pelo menos um terço do campeonato, só pra dizer por aí que é hexa, sabe cumé…, se isso não acontecer, acabou, finito.

Terminou a contenda na Justiça e sumiu, assim, o asterisco na lista de campeões nacionais publicada anualmente no guia. Não há mais a explicação em letra miúda, lá embaixo, sobre o motivo de num ano haver dois campeões assinalados, mas a lista continua com os dois campeões de sempre, o queridinho ainda hexa por birra, desejo irrefreável ou demagogia, e danem-se os fatos, a fuga do quadrangular final, a Justiça.

O asterisco agora aparece em outra lista, a dos campeões sulamericanos, ou da Libertadores, como prefere colocar a mídia em geral, inclusive o citado jornal, que se apega à nomenclatura diversa dos torneios (como se o Brasileirão já não tivesse sido João Havelange, Taça de Prata, Ouro, Copa Brasil ou Robertão) e à ordem alfabética pra manter o Flamengo acima do Vasco, cada qual com um título. E embaixo, ele, o asterisco, a avisar em letra pequenininha que o Vasco foi campeão dos campeões sulamericanos em 1948.

Em 1996, a Conmebol reconheceu oficialmente o campeonato sulamericano de 48 do Vasco e como mostra cabal de que o nível do título não ficava um milímetro abaixo da principal competição do continente (historicamente, como primeiro campeonato continental da história, 48 vale mais que qualquer Champions League da vida), incluiu o clube entre os participantes da Supercopa dos Campeões da Libertadores, um ano antes de o Vasco conquistar também a Taça e com ela o bicampeonato continental, sem ajuda do juiz e no ano do centenário.

O curioso é que, ao contrário do asterisco da lista dos campeões brasileiros, referente a 87, que sempre transformou o três do Flamengo em quatro, depois o quatro em cinco e por fim o cinco em seis, o asterisco de 48 não transforma o 1 do Vasco na lista de campeões continentais em 2. Imagina, botar o queridinho embaixo, o desavisado que fizesse isso certamente estaria sujeito a broncas do editor ou até quem sabe, já que por lá se manda tanta gente embora, a toda hora, a uma demissão, quiçá por justa causa.

Mas falávamos do guia, sobre o Vasco lutando só pra não ser rebaixado, e como mostra o texto anterior publicado aqui neste blog, as previsões sombrias do jornal começaram a se tornar furadas cedo, na primeira metade do primeiro turno do campeonato, com o time com aproveitamento de campeão em casa, arrecadando, enchendo São Januário homenageado na camisa, pelos seus noventa anos. Aí veio o jogo contra o queridinho da mídia e o atentado ao nosso caldeirão, com a mídia indignada, fazendo cara de raiva não pra quem incitou a violência nas redes sociais, com objetivos eleitoreiros, muito menos para o policial que postou nas mesmas redes a foto dele com a camisa do Flamengo, ao lado do vídeo dele se divertindo a valer no gramado de São Januário, deixando o pau comer solto e dando tiros a esmo no meio da arquibancada lotada.

A revolta dos apresentadores, editores, repórteres e comentaristas, as fisionomias sérias, pedindo punição severa, eram todas destinadas ao Vasco, ou na figura do presidente do clube, ou na de seu estádio, cuja segurança era questionada a cada parágrafo do noticiário. Mas mesmo com tudo isso, mesmo sem torcida, sem estádio, sem pênalti marcado o Vasco com Martin Silva no gol e Anderson Martins na zaga voltou a brigar pela vaga na Libertadores, estilhaçando de vez, já na primeira metade do returno, as bolas de cristal que só viam rebaixamento.

Os mesmos especialistas que previam antes pro Vasco a luta ferrenha contra a queda passaram a dizer que só com G9 o time chegaria a Libertadores, e alguns deles criticavam abertamente o excesso de vagas pra principal competição do continente, como se a Conmebol estivesse deixando entrar qualquer um. Um deles, ao vivo, citou por duas ou três vezes, no mínimo, na reta final e depois de terminado o campeonato, o aproveitamento de menos de 50% do Vasco como exemplo da tal banalização do torneio.

O Vasco tem menos de 50% de aproveitamento e está na Pré-Libertadores, dizia o especialista, e nas três ou quatro vezes em que disse isso o jornalista não lembrou que com aproveitamento idêntico, e isso somente graças a mais um pênalti estranho, no último minuto, aliás parecido com aquele cometido por Everton Ribeiro em São Januário, obviamente não marcado, com o mesmo número de pontos e de vitórias que o Vasco, o Flamengo não está na Pré-Libertadores, mas na fase de grupos.

Vice-campeão da Copa do Brasil profissional e da Copa do Brasil sub 20 no mesmo ano, o queridinho da mídia favorito a todos os títulos terminava o campeonato com a mesma pontuação do futuro virtual rebaixado, e os jogadores rubro-negros se abraçavam, comemorando efusivamente o pênalti caído do céu, estranho, muito estranho, que lhes garantia o sexto lugar e a calma necessária, diziam, pra vencer, enfim, pela primeira vez na história, uma final continental contra um grande clube estrangeiro. Só que não.

O Flamengo perdeu para o Independiente a decisão da Copa Sulamericana e se tornou o maior vice de copas secundárias da América, vice da Supercopa dos Campeões da Libertadores em 93 e 95, vice da Mercosul em 2001 e, agora, vice da Sulamericana, vice de todos os tipos de torneios secundários já inventados no continente, tetra vice, assim como na Copa do Brasil. E na noite da final, no entorno das modernas e semiabandonadas instalações do Novo Maracanã, o que se viu foi a barbárie, algo muito, mas muito além do caos orquestrado no velho e querido São Januário. Mais de oito mil invadindo o estádio sem ingresso, nas ruas idosos caindo, crianças chorando, atropelamento, saque, roubo e pancadaria generalizada, tudo ao mesmo tempo e na tevê os apresentadores, repórteres e comentaristas não pediam punição imediata, não, nem se mostravam indignados contra um clube específico, nem contra um dirigente, muito menos contra um estádio. Concordavam todos, isto sim, que aquelas cenas lamentáveis, envolvendo milhares de pessoas com a camisa de um mesmo time, eram um problema grave, mas de toda a sociedade.

Quanto ao Vasco, depois de prever rebaixamento e ver o time conquistar uma impensável, pra ela, vaga na Libertadores, a mídia não exaltou o feito conquistado com São Januário em sua melhor forma após a punição, abarrotado, feito extraordinário segundo os próprios prognósticos dela. Em vez disso tem preferido concentrar o noticiário sobre o clube na política, a mostrar o quanto será difícil, muito difícil a trajetória do time em torneio tão complicado, em meio ao imbróglio eleitoral que jamais poderia prosperar sem a ajuda providencial dela, a mídia.

E se existe mesmo alguém que sinceramente torça para o Vasco e não está feliz com o ano terminado, com essa campanha desde já histórica, por todos os obstáculos criados, por todas as previsões furadas, pelos pênaltis não marcados; se vascaínos de fato preferem seguir a pauta da mídia e acham que tá tudo errado com o time de volta à Libertadores com Martin Silva no gol, Breno e Anderson Martins na zaga, Paulinho prestes a estourar, já tendo decidido muito mais este ano do que a nova joia superfaturada da Gávea, e ainda Evander, Mateus Vital, Guilherme etc, com Nenê de maestro e cia; se tantos e tantos torcedores comentam nas redes, alguns até que não são fakes, preocupados mesmo em tirar o presidente pra botar no lugar o grupo político que deixou o clube insolvente, rebaixado duas vezes, fazendo dessa forma, direitinho, a vontade da mídia anti-vascaína; se há torcedores do Club de Regatas Vasco da Gama que querem o bem do time e ainda assim não perceberam o momento, a iminência de disputar a Libertadores com um bom técnico, uma boa equipe, e iniciando a caminhada, setenta anos depois da primeira conquista, no mesmo Chile; se esse tipo de torcedor prefere reclamar, acreditando na tal da mídia, então, com todo o respeito, só se pode chegar à conclusão de que este sincero vascaíno é um otário, e de otário pra bovino, só falta o mugido.

Fonte: pautaevasco.blogspot.com.br

Sobre bolas de cristal estilhaçadas

Setenta anos depois de 1948, vinte anos depois de 1998, o Vasco estará de volta à Libertadores em 2018. Torcida, jogadores, dirigentes e comissão técnica se abraçaram ao apito final contra a Macaca, num São Januário com recorde de público, mais de 22 mil pessoas celebrando e a mídia, alguns especialistas que previram a luta ferrenha contra o rebaixamento já lançavam ali seus prognósticos, dizendo que o time precisaria de muitos, muitos reforços, que o elenco, pra disputar uma Libertadores, era limitado.

No início, no primeiro minuto do campeonato teve o pênalti marcado contra o Vasco, estreando contra o campeão e fora de casa. Jomar não tocou no adversário, mas narrador, comentarista, repórter, todos concordaram que tinha sido pênalti mesmo, assim como o puxão que Yago Pikachu levou dentro da área uns dez minutos depois, este não marcado e logo esquecido, porque o time levou o segundo, o terceiro e o quarto. Quatro a zero Palmeiras e toda a mídia esportiva afirmava, em unanimidade rodrigueana: o Vasco vai brigar pra não ser rebaixado.

A declaração do presidente do clube, de que o time iria pras cabeças, virou meme e fez a festa de especialistas, mas não por muito tempo, porque logo na segunda rodada, contra o Bahia, entrou em campo um senhor nonagenário. Homenageado na camisa, pelos 90 anos completados neste 2017, São Januário, lotado, viu a vitória sobre o Tricolor baiano com gols do mesmo Pikachu do pênalti não marcado e de Luis Fabiano, fazendo o seu de número 400.

No jogo seguinte, ainda mais abarrotado, o velho e elegante estádio que, espero, jamais virará arena viu novo gol do Fabuloso, abrindo o placar, depois o festival de pênaltis pro Fluminense virar e então o petardo de Manga Escobar, que em seu jogo de glória com a camisa cruzmaltina deu ainda o passe pra que Nenê, no minuto final, virasse de novo o placar. Êxtase, delírio, loucura em São Januário que, depois da derrota maluca para o futuro campeão, veria ainda o time ganhar do Sport com Fabuloso marcando o primeiro, de novo ele, e o segundo de Douglas Luiz, mais recente joia milionária da base.

Contra o Avaí, Nenê arrancou pela esquerda pra dar o gol da vitória a Pikachu, na pequena área, e no jogo seguinte em São Januário, contra o Atlético Goianiense, o camisa 10 garantiu os três pontos em cobrança perfeita de falta. Em seis jogos, o Vasco conseguia a quinta vitória no gramado inigualável em história do estádio que não é só templo, nem somente caldeirão ou solo sagrado, é tapa na cara. Somado ao primeiro ponto fora, contra o Coritiba, esse desempenho em casa levou o Vasco, na décima primeira rodada, à sexta colocação, dentro da pré-Libertadores.

Então veio o jogo contra o Flamengo em São Januário, mas antes vieram as mensagens nas redes sociais incitando a violência dentro do estádio, e os ensaios de protestos contra o Corinthians e o Avaí. A política de sempre, a divisão criada, incitada e alimentada pela mídia que sempre torceu contra, sempre torcerá, não importa o presidente. Um grupo político quer voltar a presidir o Vasco, o mesmo grupo que em seis anos e meio de administração deixou o clube com dívidas triplicadas, água cortada, ginásio abandonado, alojamentos da base destruídos e duas vezes, como nunca antes deles na história, rebaixado.

Seis anos e meio porque tal grupo político, com o mesmo candidato atual, simplesmente não marcou as eleições no tempo determinado. Protelou o próprio mandato com a ajuda do Judiciário estadual por seis meses e, nesse período, assinou confissões e mais confissões de dívidas milionárias. A mídia soube disso e chegou a divulgar, sim, mas não nos títulos das matérias, porque na mesma entrevista coletiva sobre o estado em que o clube foi deixado, o atual presidente anunciou a candidatura à reeleição. Motivo dado, portanto, pra que a mídia varresse as denúncias pra debaixo do tapete de seus comentários e continuasse a apoiar incondicionalmente o grupo político que deixou o Vasco em tal estado lastimável, pré-falimentar, e que agora, de novo nos tribunais, quer voltar.

Ninguém na mídia achou estranho o comportamento dos policiais militares, que costumam partir pro confronto munidos de cassetetes, escudo e gás de pimenta, distribuindo cacetadas pra debelar logo qualquer confronto na arquibancada, mas não em São Januário. No estádio nonagenário homenageado na camisa, a PM ficou no meio do gramado, olhando e lançando suas bombas, deixando o pau cantar livre na arquibancada e só aumentando o barulho de guerra, de bomba, o terror descrito pelas fisionomias sérias dos apresentadores, não direcionadas à Polícia Militar nem à oposição, claro que não, mas à vítima de tudo aquilo, ao Vasco.

Nenhum jornalista incomodou o autor das mensagens incitando a violência em São Januário, nenhum repórter ou editor sequer se preocupou com o policial que postou nas redes sociais o vídeo dele mesmo se divertindo à beça atirando, do gramado, bombas de efeito moral no meio da arquibancada lotada. Não houve pena ou voz que cogitasse a possibilidade de todo o ocorrido em São Januário naquele Vasco x Flamengo ter sido provocado pelo grupo político que teria sérias dificuldades eleitorais no fim do ano, se o time continuasse daquele jeito e acabasse, imagina só, na Libertadores.

Não, nem uma suspeita foi levantada contra os aliados enquanto a mídia montava sua tese com a firmeza de um andaime enferrujado, engolindo de um talo, sem pestanejar nem questionar, as denúncias mastigadinhas dos órgãos oficiais. E logo apareceu um promotor parceiro, aliás, um que aparece a toda hora, o mesmo que há dez, onze anos, pediu a destituição da mesma diretoria atual do Vasco por um motivo muito importante, no caso a quantidade de pontos de venda de ingressos. Surgiu esse promotor em cena pedindo de novo a destituição da mesma diretoria, e junto pedindo a interdição de São Januário para todo o sempre, o que nos leva a imaginar qual seria o próximo passo de tão dileto promotor, onipresente nas páginas e telas da imprensa. Pediria ele, por algum motivo tão importante quanto a quantidade certa de pontos de venda de ingresso, pediria ele a demolição do estádio?

O STJD não agasalhou os desejos do promotor, mas impôs pena dura ao Vasco, que primeiro ficou sem seu estádio e empatou com o Santos no Nilton Santos vazio, empatou com o Palmeiras e perdeu do Atlético Paranaense e do Cruzeiro jogando em Volta Redonda. Depois voltou a São Januário vazio pra ganhar do Grêmio com show da torcida do lado de fora, ela que repetiu a dose contra a Chapecoense, no empate com gol espírita que hoje, com a classificação deles pra Liberta e também a nossa, faz todo o sentido.

Nesse tempo difícil o time perdeu também Luis Fabiano, lesionado até o fim do campeonato, e chegou a ficar perto da zona de rebaixamento. Relegada à primeira rodada, e mais nada, a bola de cristal unânime da mídia prevendo a luta contra o descenso esteve a dois, três pontos de voltar a fazer sentido. Os especialistas, com certo ar de alívio, retomavam com força as projeções sombrias para o time, que não vencia há cinco jogos quando Ramon acertou no ângulo pra decretar a segunda das duas vitórias, no turno e no returno, contra o velho freguês das Laranjeiras.

Em seguida veio o show da torcida do lado de fora de São Januário vazio contra o Grêmio, com o gol da vitória de Mateus Vital pra confirmar a ascensão da base vascaína, que se fez presente no momento mais difícil da campanha. Thalles, com um golaço, seu segundo e último no campeonato, teve seu canto do cisne na vitória inédita sobre o Vitória no Barradão, antes de se perder de vez na vida, abandonando um talento nato de goleador pelos prazeres da carne, do “crime”. No mesmo jogo Paulo Vítor fez o terceiro e Guilherme, além da jogada para o gol de Thalles, fez o quarto, sacramentando a única goleada do time, solitária vitória por mais de um gol de diferença em 38 jogos.

Contra o Galo, no Horto, quem brilhou foi Paulinho, que no primeiro gol recebeu bela enfiada de Escudero e no segundo, passe perfeito depois de arrancada fenomenal de Guilherme. E ungido pela sábia simplicidade de Valdir Bigode, Nenê deixou as vaidades de lado pra guiar a garotada na reta final, sendo ele, o veterano de 36 anos, o jogador mais decisivo. Nenê fez o gol da vitória contra o Botafogo, deu as assistências, batendo falta ou escanteio, para os gols de Paulão contra o Cruzeiro, de Breno contra o Vitória e do gol contra do Coritiba, e cobrou com perfeição mais uma falta pra dar a vitória contra o Santos na Vila Belmiro, depois do golaço de empate de Evander.

No jogo final, nosso maestro ainda teve a classe de dispensar o único pênalti marcado para o time em todo o campeonato, porque depois de cinco, seis não assinalados, ali já não precisava, já era tarde. Nenê jogou na trave e deixou os gols da vitória contra a Ponte Preta para o futuro, primeiro pra Paulinho, e depois pra Mateus Vital, ambos com a participação do melhor em campo na última rodada, o mesmo Pikachu do pênalti ignorado contra o Palmeiras, autor do gol inaugural da campanha contra o Bahia, no gramado inigualável em história de São Januário.

Setenta anos depois de 1948, vinte anos depois de 1998, o Vasco estará de volta à Libertadores em 2018. Torcida, jogadores, dirigentes e comissão técnica se abraçaram ao apito final contra a Macaca, num São Januário com recorde de público, mais de 22 mil pessoas celebrando e a mídia, alguns especialistas que previram a luta ferrenha contra o rebaixamento já lançavam ali seus prognósticos, dizendo que o time precisaria de muitos, muitos reforços, que o elenco, pra disputar uma Libertadores, era limitado.

Fonte: pautaevasco.blogspot.com.br