Os tricolores, ao que parece, realmente se acham no direito de ocupar o lado direito do Maracanã e ontem compareceram ao estádio, infiltrando-se na nossa torcida, em dia de jogo do Vasco.
A turma pó de arroz vaiou Julio dos Santos desde a escalação (que foi um dos melhores do time na partida até o momento de sua saída) e na condição de tricolores, entendedores de nado sincronizado, mas não de futebol, tiveram dificuldade de compreender quando, vez por outra, apertado pela marcação, o meia tocou uma ou outra bola para trás. Ele que pôs duas vezes Nenê na cara do gol em condições de arremate, ele que serviu diversas bola a Madson, ele que se não vinha bem em outros jogos, ontem foi injustamente perseguido pela horda tricolor.
Mas a manifestação pó de arroz de ontem já foi botafoguense em 2009. Após atuação tenebrosa da equipe cruzmaltina diante do time de General Severiano no jogo da eliminação do Estadual daquele ano, apanhando de 4 x 0 na partida semifinal da Taça Rio, a última da equipe na competição, parte da torcida do lado direito das tribunas aplaudiu efusivamente os atletas. Ontem, após o empate contra o Grêmio, terceiro colocado do Campeonato Brasileiro e segunda melhor defesa do certame, os atletas se uniram para acenar à torcida e ouviram da trupe tricolor, que já foi botafoguense, vaias.
Nas mídias sociais, a mesma parte camaleônica de nossa torcida gosta também de ser Flamengo, quando diz que o estadual nada vale e põe 12 pontos perdidos pelo clube no campeonato, em função da arbitragem (contra nenhum ganho) como algo menor porque seu totem, Eurico Miranda, está acima de qualquer instituição para eles. Perda ou diminuição de conquista do Vasco deve ser devidamente pontuada de acordo como nossos oponentes prescrevem.
Parte da torcida do Vasco torce contra Eurico Miranda e depois a favor do Vasco e ela própria criou uma fantasia para justificar suas sandices e atitudes oligofrênicas contra o clube, dizendo simplesmente o contrário. Que quem apoia Eurico Miranda põe o Vasco em segundo plano.
Não podemos nos esquecer que com o propósito de tentar o vice nas eleições ultimas do nosso clube o apelo final da chapa amarela foi resumido no seguinte dizer de seu candidato, para além de qualquer projeto mambembe ou inviável: “‘Sou o anti-Eurico. Tudo o que ele pensa, penso o contrário”
A condescendência e o ódio permitiram a que o clube fosse rebaixado institucionalmente e tivesse uma dívida aumentada em 400 milhões de reais aproximadamente (num mesmo período em que outros 400 milhões teoricamente entraram no clube). Resignação e tolerância levaram a isso.
Na atual gestão, falando apenas de futebol, o Vasco foi Campeão Carioca e, portanto, fez um trabalho exemplar até abril, juntando os cacos e mantendo os salários em dia.
O clube contratou um lateral e um volante dois dias após o título, um atacante entre a terceira e a quarta rodada e acreditou no técnico Campeão Estadual, hoje empregado no São Paulo e que fez razoável campanha na Ponte Preta até sair.
Com três empates e cinco derrotas seguidas no espaço de um mês e meio houve a troca de treinador e as aquisições de Andrezinho e Herrera. Em seguida veio Bruno Gallo.
Após a chegada do novo técnico, em seis partidas ocorreram três vitórias e três derrotas no Campeonato Brasileiro, uma última aposta em Dagoberto e aí sim uma demora para a contratação de outros nomes.
As vindas de Nenê e Jorge Henrique não coincidiram com a demissão de Roth, após os fiascos diante de Palmeiras e Corínthians. Naquele momento a mudança era necessária. Um centroavante deveria ter chegado junto, mais um volante inquestionável visto que o Vasco não tinha ainda em Diguinho um atleta em condições de fazer uma sequência na competição. Carecia ainda o time de alguns nomes para dar opção de substituição em outras posições, uns trazidos, outros não.
O Vasco perdeu tempo e pontos importantes contra Joinville e Coritiba. Quando trouxe Jorginho e Zinho para o comando o clube ainda não tinha um centroavante (Thales vivia péssimo momento), nem contava com um lateral esquerdo de confiança e acabou por iniciar o returno em meio a problemas, vistos de forma cabal contra Figueirense e Internacional-RS.
Mas, convenhamos. A contratação de Jorginho foi um coelho tirado da cartola no momento em que poucos queriam vir treinar o Vasco. Das 12 contratações feitas pelo clube para o Campeonato Brasileiro sete se encaixaram no time, na condição de titular ou primeira opção de banco (Diguinho, Julio Cesar, Andrezinho, Bruno Gallo, Nenê, Jorge Henrique, Leandrão). João Carlos e Bruno Teles ainda não estrearam (este último deveria ser o substituto natural de Julio Cesar ontem, mas não estava na relação devido provavelmente ao rodízio de atletas no banco, pois esteve relacionado contra o São Paulo), Riascos fez alguns gols (seis no total) mas caiu, Herrera evoluiu porém isso só será percebido quando seu esforço for traduzido em assistências ou gols e Felipe Seymour não disse a que veio. O técnico recuperou alguns atletas do plantel e quando contou com os novos contratados já em forma tornou o elenco mais coeso, modificou o panorama do Vasco na competição e só não houve a reversão total da situação do clube por inacreditáveis 9 (NOVE) pontos perdidos apenas no returno, oriundos de erros proporcionados pela arbitragem. Somados aos três pontos do turno temos um total de 12 a menos na tabela de classificação. Ou seja, ao invés de 30 o clube teria hoje 42 pontos no Brasileirão 2015.
As críticas pontuais foram feitas pelo Casaca!? Foram. Os elogios também? Sim. Identificamos o real inimigo do Vasco na competição? Da mesma forma. Desde a partida contra o Goiás falamos da arbitragem, após o time que vencera o Flamengo três dias antes pela Copa do Brasil ser operado em Goiânia.
A modificação da postura do Vasco no âmbito institucional parece ter incomodado a muitos, o título estadual idem, postar o mais queridinho de quatro também, consolidar a reação da equipe no Brasileiro, entretanto, pode causar até mesmo algumas tentativas de suicídio, tal é o sentimento de ódio, que não pode parar.
Fica aqui uma menção honrosa àqueles que não embarcaram na banana inflável furada pós jogo e calaram as vaias com aplausos ao esforço do time na partida, sabedores que o futebol jogado pelo Vasco hoje e já há algum tempo é de primeira divisão, diferentemente das arbitragens de quinta categoria, responsáveis por nos tirar pontos e vitórias aos cachos.
Sérgio Frias