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Morre Vivinho, o homem dos três chapéus

Era a quarta rodada do Campeonato Brasileiro de 1988. Após três vitórias consecutivas contra o saco de pancadas Flamengo, Goiás e Atlético-PR, ambos fora de casa, chegara a vez do confronto diante da Portuguesa de Desportos em São Januário. Dia 11 de setembro de 1988.

Depois de um primeiro tempo ruim da equipe, esta sairia perdendo pelo marcador de 1 x 0 (Gol de Toninho, que viria a atuar no Vasco oito anos depois).

Com apenas um minuto da etapa complementar Vivinho recebeu lançamento de Mazinho e já na grande área, com passos quase de dança, aplicou três chapéus consecutivos nos defensores da lusa  e tocou no canto de Waldir Peres, empatando o jogo. O placar final seria de 4 x 2 Vasco, completando o marcador Leonardo, Sorato e William, em cobrança de falta, descontando para a Lusa novamente Toninho.

Pouco depois o Vasco registrou o fato com uma placa, eternizando o magnífico lance protagonizado por Vivinho.

Revelado pelo Uberlândia-MG, o atleta já havia se mostrado decisivo por seu time em 1984 quando marcou no estádio Parque do Sabiá o gol que daria a conquista da Taça de Prata para o clube mineiro em disputa contra o Remo, na primeira partida final. A vitória por 1 x 0 em casa mais o empate em 0 x 0 no Pará deram o caneco ao clube do triângulo mineiro e oportunizaram a que o Uberlândia disputasse a Taça de Ouro do mesmo ano, em pleno andamento, já na terceira fase e curiosamente no grupo no qual o Vasco também estava, junto a Coritiba e Fortaleza.

Pouco mais de dois anos depois, por indicação do treinador à época, Claudio Garcia, Vivinho foi trazido pelo Vice-Presidente de futebol, Eurico Miranda, junto a uma leva de nomes desconhecidos do grande público, como Carlos Augusto, do Taubaté, Gilmarzinho, do Rio Verde,  Tuíco, do Paulista-SP, entre outros. A manchete do jornal “O Globo” referente ao Vasco, datada do dia 20 de agosto de 1986, não deixa dúvidas de como era encarada pela mídia a vinda do atleta para o Gigante da Colina: “Vasco se reforça com desconhecido: Vivinho”

O atacante estreou como titular no Vasco no início de 1987 e em duas partidas, contra Nacional-AM (em Manaus) e Ceará, no estádio de São Januário, marcou três gols decisivos que fizeram o time cruzmaltino se classificar para os play-offs do Campeonato Brasileiro de 1986.

Em clássicos Vivinho fez 2 gols contra o Botafogo, 2 gols contra o Fluminense e 1 gol contra o Flamengo, além de várias assistências. No Rio, Bangu, Goytacaz, Campo Grande, Portuguesa, Cabofriense, Volta Redonda, Porto Alegre (hoje Itaperuna) e Olaria foram vazados por ele em partidas oficiais.

Ainda marcaria em clássicos interestaduais contra Corinthians, Palmeiras, Cruzeiro e Grêmio. E deixaria sua marca no Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil (além de Nacional-AM, Ceará e Portuguesa de Desportos, já citados) em Sport, Santa Cruz, Criciúma, Vitória-BA e Coritiba, tendo sido contra o time paranaense o último tento consignado pelo já saudoso Vivinho, no Campeonato Brasileiro de 1989.

Bicampeão Carioca (1987 e 1988) e Campeão Brasileiro em 1989, Vivinho ainda participou das campanhas de seis conquistas internacionais e uma interestadual, o Torneio Cidade de Juiz de Fora em 1987, além de duas Taça GB (1987 e 1990), uma Taça Rio (1988) e o Terceiro Turno do Campeonato Carioca de 1988, vencidos pelo Vasco. Tanto na decisão da Taça Rio, contra o Fluminense, quanto do Terceiro Turno, contra o Flamengo, ele deixou seu gol nas vitórias cruzmaltinas por 2 x 1 e 3 x 1, respectivamente.

Campeão da Copa TAP-EUA em 1987, da Copa Ouro-EUA em 1987, Tricampeão do Troféu Ramon de Carranza (1987/88/89) e ainda Campeão do Torneio de Metz-FRA em 1989, Vivinho foi decisivo para o Vasco em cinco das seis conquistas.

Na Copa TAP marcou o gol inaugural do Vasco diante do Benfica naquela decisão (o Vasco venceria por 3 x 0).

Na Copa de Ouro marcou o primeiro gol vascaíno na decisão frente ao Rosário Central-ARG, vencida pelo Vasco por 2 x 1.

No Torneio de Metz marcou o gol do Vasco contra o time da casa na partida que levaria o Vasco à final do torneio (o placar final foi de 1 x 1 e nos pênaltis o Vasco venceu por 9 x 8).

Mas foi no Torneio Ramon de Carranza que sua marca ficou mais evidente. Marcou o primeiro do Vasco na decisão do título de 1988 contra o Atlético de Madrid (2 x 1 foi o placar final) e também na decisão de 1989 outro, o segundo, contra o Nacional-URU, na vitória vascaína por 2 x 0.

Vivinho foi convocado para a Seleção Brasileira em 1989, tendo marcado inclusive um dos gols do Brasil na vitória sobre o Paraguai por 2 x 0 em amistoso disputado em Teresina, no Piauí. Diga-se de passagem um belo gol de cabeça.

No ano de 1990, como titular e reserva participou de 10 jogos no Campeonato Estadual e dois na Taça Libertadores da América. Naquele mesmo ano fez suas últimas três assistências para gol com a camisa do Vasco, todas servindo a Tita, que marcou contra Campo Grande, em São Januário pela Taça GB, Nova Cidade, no mesmo estádio, na Taça Rio, e Itaperuna, no campo do adversário, também no segundo turno.

Imprevisível, rápido, decisivo. Vivinho deixa saudade aos torcedores que o viram jogar, desde já. Que descanse em paz sob os aplausos da torcida vascaína.

Casaca!

 

11 comentários sobre “Morre Vivinho, o homem dos três chapéus

  1. Me deu muitas alegrias.

    Seu nome diz tudo: Estará sempre VIVO, ou melhor, VIVINHO na história do VASCO e ao lado de DEUS.

    Que DEUS conforte os familiares.

  2. Fez dois gols nas duas primeiras rodadas do brasileiro de 89, depois perdeu vaga na selevasco e praticamente não jogou mais. Além do gol contra o Coritiba, fez o gol da vitória contra o Cruzeiro na primeira rodada, no Mineirão. O gol ganharia muito em importância no final da fase de classificação, porque só um time se classificava para a grande decisão e, no fim das contas, o Vasco terminou apenas um ponto à frente do Cruzeiro.

    Fica aqui a homenagem deste torcedor que tinha 15, 16, 17 anos em 87, 88 e 89, e que, iniciando os passos de torcedor “independente”, na época em que começou a ir sozinho nas partidas, assistiu in loco, no Maraca ou em São Januário, grande parte dos gols citados pelo texto, contra o Botafogo dando drible da vaca no goleiro, contra o fru iniciando a virada da final da Taça Rio, contra o time do apito abrindo o show de Sorato na vitória acachapante na final do terceiro turno e, sim, contra a Portuguesa empatando aquela jogo com o gol dos três lençóis. Eu estava lá na arquibancada, onde hoje fica a extensão das sociais (ex-espaço premium ou vip ou coisa parecida), e confesso que gritei duas vezes “passa a bola!”, no segundo e no terceiro lençóis no bravo Capitão, volante que jogaria ainda uns 25 anos pela Portuguesa…

    Obrigado por tudo Vivinho, e desculpe a bronca de torcedor impaciente, adolescente, durante os três lençóis…

  3. Um dos grandes jogadores daquele timaço de 88 que, para mim, ainda é o melhor Vasco que vi jogar. Lembro que foi dele o gol de empate já no finzinho do jogo decisivo da Taça Rio de 88, uma virada sensacional contra o Fluminense (pedra no sapato na época), após chute do Romário dentro da área que o goleiro Paulo Victor soltou nos pés do Vivinho. No lance seguinte o garoto Bismarck virou o jogo pro Vascão.

    Valeu, Vivinho!

  4. Luiz Edmundo,
    Faco das suas, as minhas palavras!
    E tem mais: esse campeonato brasileiro de 1988 foi mais um dos que o Vasco não ganhou mas terminou com mais pontos que o campeão, que nesse ano foi o Bahia!! Perdemos nas 4as de final para o flor!! ( nessa época era foda ganhar deles!! a bola não entrava!!)

  5. O ano era 1988 e o Vasco fazia uma bela campanha, ficando em 1º lugar, na 1º fase.
    Fui a esse jogo e me lembro bem. Infelizmente, a TV mostra o 1º chapéu meio pela metade. Uma pena.
    Um belo gol, que lhe valeu uma placa em São Januário. Descanse em paz.

  6. Caro Luiz Edmundo, a maior injustiça que já vi até hoje no futebol foi e eliminação do Vasco em 88 do brasileiro ( O Bahia foi campeão) naquele jogo pro florminenC. Como é o futebol… o flor caiu diante do Bahia (bem mais fraco que o Vasco). O Washington (que naquele tri deles não marcou um gol nas finais e nem na final de 84 – fraco) era filho de uma amiga da minha mãe lá na BA, eu vi o Washington lá e nem consegui olhar pra cara dele com raiva com mais de 15 anos de pois dele fazer aquele gol nojento que tirou a gente. Era nojento o flor nos anos 80.

  7. Também, o regulamento desse Brasileirão de 88 era bem esdrúxulo, né?

    Como é que o Vasco, com 1000 pontos a mais que o Fluminense, vai para o mata-mata, perde a primeira por 1 a 0, ganha a segunda por 2 a 1 (com gol da vitória no último minuto) e ainda tem que jogar uma prorrogação para definir o classificado? Uma vitória para cada lado, mesma diferença de gols, deveria ter sido classificado o melhor posicionado na fase de classificação.

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