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Vasco: o primeiro campeão da América – 68 anos da conquista

 

“A façanha do Vasco foi a maior jamais realizada por clube brasileiro. Nenhuma outra se lhe pode sequer comparar […] por isso a conquista do título de campeão sul-americano dos campeões pertence tanto a ele quanto ao football brasileiro” (FILHO, Mario. Críticas e Sugestões. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 16 de março de 1948, p. 2)

“Viva o Vasco! Gritam assim cariocas, paulistas, mineiros, baianos, brasileiros de todos os recantos. Viva o Vasco! Gritam assim flamenguistas, palmeirenses, são-paulinos, atleticanos, torcedores de todos os clubes do Brasil. Porque o Vasco, vencendo o torneiro de Santiago do Chile, nacionalizou a sua conquista. Pela primeira vez o futebol brasileiro ganhou um título no estrangeiro! (Mundo Esportivo, São Paulo, 18 de março de 1948, p. 7)

“E com esse resultado o Vasco sagrou-se campeão invicto do primeiro torneio sul-americano de campeões. Uma vitória verdadeiramente notável, honra para o football brasileiro” (O Globo, Rio de Janeiro, 15 de março de 1948, Ed. vespertina, p. 1)

“O Brasil bem merece glórias assim. Coloco o Torneio dos Campeões no mesmo plano de qualquer sul-americano entre seleções. Sou ‘fan’ particular do football brasileiro e estou satisfeito com o brilhante feito do Vasco em Santiago em Santiago” (Álvaro Gestido, campeão olímpico de 1928 e da Copa do Mundo de 1930 pelo Uruguai. O Globo, Rio de Janeiro, 16 de março de 1948, Ed. vespertina, p. 12)

“A Associação Brasileira de Imprensa, sempre atenta a todas as festas que assinalam tanto os triunfos da inteligência como os da vida desportiva na sua mais alta expressão, não pode deixar de compartilhar com o maior entusiasmo as manifestações vibrantes do regozijo público pela vitória grandiosa que vem de alcançar denodadamente o grêmio da Cruz de Malta nesta parte do hemisfério, conquistando o título de campeão invicto num certame glorioso de campeões. Esse acontecimento equivale à consagração de nossa indisputada primazia no esporte continental. Cordiais saudações” (MOSES, Herbert. Presidente da Associação Brasileira de Imprensa. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 18 de março de 1948, p. 3)

El título, el más honroso que club alguno pudo obtener por la supremacía del balompié continental, quedó en el mejor equipo; el más parejo, el más rendidor: el que con su FUTBOL MODERNO ha pasado a revolucionar el ambiente futbolístico de America Latina, colocándose a la vanguardia por sobre los demás. Y que conste, que de golpe, superó al argentino; este muy técnico, lleno de grandes figuras, pero con exceso de preciosismo, que como resultado final, es improductivo. […] Al nombrar futbol brasileño y argentino y hacer un parangón tan audaz, si quiere lo hacemos demostrando hechos: en este campeonato se reunieron los clubes campeones de los respectivos países participantes y el mejor fue: VASCO DE GAMA (El Siglo, Santiago de Chile, 15 de março de 1948, p. 1)

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Capa da revista oficial do Campeonato Sul-Americano de Campeões (1948)

No contexto histórico do pós-Segunda Guerra Mundial, impulsionado por um Chile que procurava se inserir melhor no cenário internacional, surgiram as condições favoráveis para a criação da primeira competição a nível continental da América. Neste dia 14 de março de 2016, completam-se 68 anos da conquista do “I Campeonato Sudamericano de Campeones” (Campeonato Sul-Americano de Campeões) pelo CR Vasco da Gama, um título obtido de forma invicta. Podemos ainda nos referir a referida competição como “Campeonato Sul-Americano de Clubes Campeões de Futebol”. O evento foi organizado pelo Club Social y Deportivo Colo-Colo, cujo presidente era Robinson Alvarez Marín, com apoio e participação da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) através de seu presidente, o chileno Luis Valenzuela.

“El chileno Luis Valenzuela, presidente de la Federación de Chile desde 1937 y de CSF desde el 15 de enero de 1939, fue quien hizo realidad esos anhelos. En su tercera presidencia en Colo Colo, Robinson Álvarez manifestó su decisión de organizar, en Santiago la Copa de Campeones de América. Durante febrero y marzo de 1948 se llevó a cabo el torneo con los clubes coronados de 1947. Vasco da Gama (Brasil) se consagró campeón”
(Site Oficial da CONMEBOL. A respeito da organização do Campeonato Sul-Americano de Campeões)

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Luis Valenzuela (Chile) – Presidente da Conmebol de 1939 – 1955

A vitoriosa campanha no Sul-Americano de 1948 transformou-se na primeira conquista de um título por um clube brasileiro fora do território nacional. A Seleção Brasileira, inclusive, somente conseguiria vencer uma competição fora do país em 1952, nos Jogos Pan-Americanos, que também teve como sede o Chile. Como a história demonstrou com o passar dos anos, o feito vascaíno “abriu as portas” para uma longa trajetória de vitórias do futebol brasileiro no exterior e de títulos internacionais para o “país do futebol”. Através do êxito obtido neste campeonato, o Vasco tornou-se o primeiro clube campeão continental no mundo e, consequentemente, o Primeiro Clube Campeão da América. Com o intuito de fazermos uma singela recordação desta conquista histórica, vamos expor algumas informações.

O Campeonato e a Conquista da América

Em 1947, o Vasco tornava-se mais uma vez Campeão Carioca invicto, era a base da Seleção Brasileira e da seleção carioca. O “Expresso da Vitória” consolidava-se como a maior equipe do país, alcançando vitórias para além do Rio de Janeiro. As façanhas vascaínas espraiavam-se pela na América do Sul e Europa.

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O Ministro da Educação Nacional, de Portugal, o Sr. Fernando Pires de Lima, entrega a Lelé, capitão do Vasco, a Taça Centenários, como prêmio pela vitória do Vasco por 4×3 sobre o combinado português B.S.B. (Benfica-Sporting-Belenenses)

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Troféus conquistados pelo Vasco na excursão à Europa no ano de 1947

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Campeão Carioca de 1947 (invicto)

Em decorrência da qualidade de seu elenco, da sua força no cenário esportivo brasileiro frente a outras equipes, pelo fato de ainda não existir um campeonato de caráter nacional e o campeão carioca ser enxergado internacionalmente como um digno representante do futebol do Brasil, o Vasco recebeu no dia 18 de dezembro de 1947 o convite oficial para participar do Campeonato Sul-Americano de Campeões. Em visita a sede de São Januário no dia seguinte (19), o presidente do Colo-Colo, o Sr. Robinson Alvarez Marín, estabeleceu um acordo definitivo com o presidente vascaíno, Cyro Aranha, selando a participação do Vasco no torneio.

O campeonato possuía formato de pontos corridos. Os sete clubes participantes se enfrentariam em turno único e quem somasse mais pontos seria o campeão. Todos os jogos seriam disputados no Estadio Nacional, localizado em Santiago de Chile, capital do referido país. Os seguintes clubes foram selecionados:

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Colo-Colo: Campeão chileno de 1947.

Emelec: Campeão equatoriano de 1946 (Não houve campeonato de 1947, pois, esteve suspenso em decorrência do Campeonato Sul-Americano de Seleções, cuja sede foi o Equador. A equipe do Emelec foi base de sua seleção nacional, em decorrência disso, foi convidada a participar pelo anfitrião Colo-Colo.

Litoral: Campeão de La Paz em 1947.

Municipal: Vice-Campeão peruano de 1947 (O campeão peruano, Atlético Chalaco, estava com várias baixas em seu elenco devido a contusões. Dessa forma, não conseguiu enviar uma equipe para o torneio. O forte conjunto do Municipal, que ficou apenas 1 ponto atrás do Chalaco, foi reforçado por elementos de outras equipes peruanas e convocado para representar o seu país no “Torneio dos Campeões”).

Nacional: Campeão uruguaio de 1947.

River Plate: Campeão argentino de 1947 (“La Maquina” havia conquistado os campeonatos de 1942/1943, 1945 e 1947).

Vasco: Campeão Carioca (invicto) de 1947.

Os vascaínos partiram de avião no dia 07 de fevereiro de 1948, fizeram uma parada na Argentina (Buenos Aires) e desembarcaram na capital chilena no domingo (8). A delegação vascaína era uma verdadeira “embaixada brasileira” e estava composta desta forma:

Chefe: Diogo Rangel

Subchefe (delegado): Major Octavio Póvoa

Médico: Almicar Giffoni

Treinador: Flávio Costa

Massagista: Mário Américo

Cozinheiro: Laudelino de Oliveira

Árbitro: Alberto da Gama Malcher

Locutores: Luiz Mendes (Rádio Globo) / Oduvaldo Cozzi (Rádio Mayrink Veiga)

Jornalista: Hélio Fernandes (O Cruzeiro)

Jornalista: Ricardo Serran: (O Globo)

Jornalista: José Araújo (Diário da Noite)

Jornalista: Paulo Medeiros (Diário Carioca)

Convidada: Maria Gomes de Almeida

 

Atletas:

Ademir Marques de Menezes / Ademir

Albino Friaça Cardoso / Friaça

Augusto da Costa / Augusto

Danilo Faria Alvim / Danilo

Dimas da Silva / Dimas

Djalma Bezerra dos Santos / Djalma

Ely do Amparo / Ely

Fausto Barcheta / Barcheta

Francisco Aramburu / Chico

Ismael Caetano / Ismael

Jorge Dias Sacramento / Jorge

Manoel Marino Alves / Maneca

Moacir Rodrigues da Silva / Moacir

Moacyr Barbosa / Barbosa

Nestor Alves da Silva / Nestor

Ramón Roque Rafagnelli / Rafagnelli

Wilson Francisco Alves / Wilson

 

O Vasco possuía fama de vencedor, dentro e fora do Brasil. Porém, não era apontado como uma das equipes favoritas por parte da crônica internacional. Chilenos, uruguaios e argentinos esperavam que o poderoso River Plate (“La Maquina”), o Nacional ou mesmo o próprio Colo-Colo se sagrassem como primeiro campeão do continente. Os dois primeiros tinham o favoritismo por representarem os países (Argentina e Uruguai) que possuíam as melhores seleções nacionais da América. A seleção argentina já havia vencido 9 títulos do Campeonato Sul-Americano de Seleções (Copa América) e a seleção uruguaia, além de possuir 8 títulos sul-americanos, havia conquistado as Olimpíadas de 1924 e 1928, e a primeira Copa do Mundo, em 1930. Por sua vez, o Brasil tinha apenas 2 títulos do Campeonato Sul-Americano de Seleções (1919-1922), ambos conquistados no Rio de Janeiro. No que se refere ao Colo Colo, a expectativa era a de que o fato de ser o anfitrião do campeonato pudesse pesar a favor do clube chileno.

O Vasco precisou enfrentar o descrédito por conta de insucessos internacionais da seleção brasileira e de clubes brasileiros em competições e amistosos anteriores, e também encarar o olhar racista para com uma equipe vascaína recheada de craques negros, mulatos e brancos que constituíam uma equipe sui generis. A despeito das desconfianças e da “torcida contra”, o Vasco “partiu para o título e venceu”. O “Expresso da Vitória” fez história e conquistou o campeonato de forma invicta, demonstrando para o mundo a evolução do futebol brasileiro. Foram 6 jogos, com 4 vitórias e apenas 2 empates. No Chile, o Vasco obteve a glória de ser eternamente o Primeiro Campeão da América e levou para casa 8 troféus (1 troféu do campeonato, 6 troféus por ter sido a melhor equipe em campo e 1 troféu por ter sido a equipe com melhor defesa da competição). Confira a descrição dos jogos e dos troféus conquistados pelo “Gigante da Colina”:

Partida – CR Vasco da Gama 2×1 Club Deportivo Litoral
Data: 14/02/1948
Local: Estadio Nacional de Chile, Cidade: Santiago de Chile
Árbitro: Carlos Leeson
Público pagante: 36.024
Renda: CPL$699.305,00
Vasco: Barbosa, Augusto (Rafagnelli) e Wilson; Ely, Danilo e Jorge; Friança, Maneca (Ismael), Dimas (Djalma), Lelé e Chico.
Litoral: Gafure (Millan), Arraz e Bustamante; Vargas, Valencia e Ibanez; Sandoval, Rodriguez, Caparelli, Gutierrez e Orgaz .
Gols:
Vasco – Lelé (8′, 68′)
Litoral – Caparelli (69′)

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Imagens da revista Estadio (Chile)

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Troféu “PARQUE ROSEDAL – TORTILLERO”

2ª Partida – CR Vasco da Gama 4×1 Club Nacional de Football
Data: 18/02/1948
Local: Estadio Nacional de Chile, Cidade: Santiago de Chile
Árbitro: Higinio Madrid
Público pagante: 45.728
Renda: CLP$919.490,00
Vasco: Barbosa, Wilson e Rafagnelli; Ely, Danilo e Jorge; Djalma, Maneca, Friaça, Ademir (Ismael) e Chico.
Nacional: Paz, Raul Pini e Tejera; Gambetta (Talba), Rodolfo Pini e Cajiga; Castro, Wálter Gomez, Mari, José Garcia e Orlandi.
Gols:
Vasco – Ademir (11’), Maneca (68’), Danilo (71’), Friaça (89’)
Nacional – Walter Gómez (25’)

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Imagens da revista Estadio (Chile)

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Troféu “ESTABELECIMIENTOS ORIENTE”

3ª Partida – CR Vasco da Gama 4×0 Club Deportivo Municipal
Data: 25/02/1948
Local: Estadio Nacional de Chile, Cidade: Santiago de Chile
Árbitro: Julio White
Público pagante: 17.233
Renda: CLP$379.914,40
Vasco: Barbosa (Barcheta), Wilson e Rafagnelli; Ely, Danilo e Jorge; Djalma, Maneca (Dimas), Friaça, Lelé (Ismael) e Chico.
Municipal: Suárez, Cavadas e C. Perales; Calunga, Castilho e Cellis (Ruiz); Loret de Mola (Navarrete), Mosquera (López), Drago, Guzmán e Torres.
Gols:
Vasco – Lelé (12’), Friaça (57’, 65’), Ismael (61’)

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Imagens da revista Estadio (Chile)
Troféu “MALTERIA CONTINENTAL”

4ª Partida – CR Vasco da Gama 1×0 Club Sport Emelec
Data: 28/02/1948
Local: Estadio Nacional de Chile, Cidade: Santiago de Chile
Árbtitro: Higinio Madrid
Público pagante: 36.376
Renda: CLP$744.725,40
Vasco: Barbosa, Augusto e Rafagnelli; Ely, Danilo e Jorge; Djalma, Maneca (Dimas), Friaça, Lelé (Ismael) e Chico (Nestor).
Emelec: Arias, Henríquez e Zurita; Ortiz (Riveros), Alvarez e Mendoza I; Fernández, Jiménez, Alcívar, Yépez e Mendoza II.
Gol: Ismael (46’)

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Imagens da revista Estadio (Chile)

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Troféu “MUSALEM HERMANOS”

5ª Partida – CR Vasco da Gama 1×1 Club Social y Deportivo Colo-Colo
Data: 07/03/1948
Local: Estadio Nacional de Chile, Cidade: Santiago de Chile
Árbitro: Carlos Paredes
Público pagante: 37.569
Renda: CLP$816.760,40
Vasco: Barbosa, Augusto e Wilson; Ely, Danilo e Jorge; Djalma, Maneca (Lelé, depois Maneca), Friaça, Ismael e Chico (Nestor).
Colo-Colo: Fernández, Fuenzalida (Urroz) e Pino; Machuca, Miranda e Muñoz; Castro( G. Clavero), Farías, Infante (Lorca), Varela e López
Gols:
Vasco – Friaça (67’)

Colo-Colo – (35’)

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Imagens da revista Estadio (Chile)

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Troféu “CAFÉ CASA DO BRASIL – LA DOMA”

6ª Partida – CR Vasco da Gama 0x0 Club Atletico River Plate
Data: 14/03/1948
Local: Estadio Nacional de Chile, Cidade: Santiago de Chile
Árbitro: Nobel Valentini
Público pagante: 58.717
Público presente (estimativa): 70.000
Renda: CLP$1.628.403,00
Vasco: Barbosa, Augusto e Wilson (Rafagnelli); Ely, Danilo e Jorge; Djalma, Maneca (Lelé), Friaça (Dimas), Ismael e Chico.
River Plate: Grizetti, Vaghi e Rodríguez, Iácono (Méndez), Rossi e Ramos (Ferrari); Reyes (Muñoz), Moreno, Di Stéfano, Labruña e Loustau.

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Imagens da revista Estadio (Chile)

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Troféu “PRESIDENTE JUAN PERÓN”

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Troféu “BAND & SALAS”, fornecido ao Vasco por ter sido a melhor defesa do campeonato

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Equipe que entrou em campo no jogo decisivo contra o River Plate

Da esquerda para a direita:
Diogo Rangel (Chefe da delegação), Maneca, Chico, Friaça, Augusto, Danilo, Ely, Jorge, Ismael, Wilson, Barbosa, Djalma e Flávio Costa (treinador).
Fonte: CR Vasco da Gama. Boletim Mensal de Informações aos Associados, agosto de 1948, p. 14

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TROFÉU DO CAMPEONATO: “TAÇA AMÉRICA DEL SUR
(Um condor-dos-andes, ave típica dos Andes chilenos, em bronze, doado pelo presidente do Chile, Gabriel Gonzales Videla)

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RECEPÇÃO APOTEÓTICA DA TORCIDA AOS “CAMPEÕES DO CONTINENTE”

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 “Duzentas mil pessoas aclamaram os heróis da jornada de Santiago”
(Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 18 de março de 1948, p. 5)

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Boletim Mensal de Informações aos Associados, abril de 1948, p. 1

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Exposição inaugurada em 03 de agosto de 1948. Os troféus conquistados pelo Vasco no Chile

O Campeonato Sul-Americano de Campeões representou a utilização do futebol como instrumento de integração sul-americana, assim como já ocorria em outras competições organizadas a nível de seleção (Campeonato Sul-Americano de Seleções, atual Copa América) ou em disputas menores a nível de clube (como, por exemplo, a Copa Atlântico). Entretanto, o campeonato de 1948 foi além e estabeleceu um marco na direção de se diminuir as distâncias físicas, culturais e ideológicas com a aproximação de diversos povos através do encontro entre clubes de diferentes países do continente americano que pratiquem o futebol.

Embora questões estruturais e disputas política tenham contribuído para que demorasse mais alguns anos para que houvesse um amadurecimento institucional das entidades esportivas responsáveis pelo futebol sul-americano no sentido de buscarem estabelecer um campeonato regular que definisse o campeão da América, o evento pioneiro no Chile tinha “plantado a semente”. Em 1958 decidiu-se retornar a disputa de um campeonato entre os melhores clubes do continente, cujo vencedor enfrentaria o campeão europeu pela posse de um título interclubes (Copa Européia/Sul-Americana). No dia 02 de agosto de 1959, durante um congresso da CONMEBOL em Caracas (Venezuela), oficializou-se a criação de um novo campeonato, a “Copa de Campeones de América” (Copa dos Campeões da América), posteriormente chamada de “Copa Libertadores de América” (Copa Libertadores da América), cuja primeira edição realizou-se em 1960 e atualmente denomina-se Copa Bridgestone Libertadores.

O Vasco, no ano de 1996, reivindicou a participação na Supercopa dos Campeões da Libertadores, um torneio entre aqueles que já haviam conquistado a Libertadores da América, ou seja, tinham sido campeões continentais. Dessa forma, por ter sido o primeiro campeão da América, em 1948, o clube desejava ter o seu direito respeitado e disputar a competição. O Comitê Executivo da CONMEBOL, órgão máximo desta entidade, reconheceu a verdade histórica e permitiu que o Vasco participasse da Super-Copa de 1997, reafirmando e reconhecendo de uma vez por todas que o Campeonato Sul-Americano de Campeões foi um torneio continental precursor da atual Libertadores, de mesmo patamar e objetivo, qual seja: definir o Campeão da América.

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Reconhecimento oficial da CONMEBOL

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O Globo, 21 de junho de 1997, Rio de Janeiro, Ed. matutina, p. 31

Os vascaínos e vascaínas devem se orgulhar por serem atualmente bicampeões da América. O primeiro título foi conquistado no Cinquentenário do Vasco (1898-1948), o Campeonato Sul-Americano de Campeões, e o segundo título foi obtido no ano do Centenário do Clube (1898-1998), a Copa Libertadores da América. Dessa forma, em uma data tão emblemática como a de hoje, é mais do que justo recordarmos e fazermos tanto uma pequena homenagem àqueles dirigentes e jogadores que lutaram em prol do engrandecimento de nossa instituição, quanto ressaltarmos a importância desta conquista vascaína para a história do Vasco e do futebol brasileiro.

Viva o Vasco!

Texto: Walmer Peres Santana (Historiador)
Centro de Memória do CR Vasco da Gama

Fonte: Site CR Vasco da Gama

7 comentários sobre “Vasco: o primeiro campeão da América – 68 anos da conquista

  1. Parabéns ao site CR Vasco da Gama!!!

    Fotos espetaculares reproduzidas de periódicos e revistas chilenas da sensacional conquista do Vasco no Primeiro Sul-Americano de Futebol. Emocionou-me rever Chico, Augusto, Barbosa, Ely, Danilo, Ademir, Maneca e outros astros gigantescos entre os maiores craques do futebol brasileiro de todos os tempos.

    Valeu!!!!

  2. Sensacional!
    Uma riqueza de informações e detalhes que valorizam ainda mais a conquista.
    Que sonho seria se esta história estivesse exposta para visitação dos nossos torcedores.
    Que sonho seria ter um memorial dedicado a estas conquistas. Recuperando os troféus, as imagens, disponibilizando acesso a um material digitalizado.
    Que beleza seria recuperar o brilho natural do Bronze desse Condor do lindo do troféu do título.
    Tenho certeza que os Vascainos abraçariam sem pestanejar.

    Mais uma vez Parabéns Walmer.

  3. Foi uma conquista, mas sempre estranhei que a imprensa, em especial a imprensa mulamba, desse pouco]destaque., com a inveja de sempre!

  4. Acho que está na hora de movimentarmos para legalização do bi-mundial de futebol 53-57.

    Eu, por exemplo, já não necessito muito pois me considero bi-mundial, mas seria bem vindo o reconhecimento pela FIFA. Sérgio, está lendo isso? Que tal? Abraços.

  5. É MUITO LINDO ver tudo coletado, ORGANIZADO, e RELEMBRAMOS isso TODOS os anos COMEMORARMOS essa CONQUISTA e esse feito ÉPICO e transmitir a FAÇANHA de GERAÇÃO a GERAÇÃO !

    O nosso PRÓXIMO passo será obter o reconhecimento do BI-MUNDIAL de 53/57 !

  6. Excelente matéria.
    Mas concordo com o Paulo Senior que, estando já o reconhecimento de Sul-Americano de 1948 sacramentado, é hora de partir para os de 1953 e 1957.
    No caso do título de 1953, eu entendi do comentário do Sérgio Frias no último programa do Casasa (o 667 do dia 14/03/2016) , que no caso do de 1953, a Diretoria do Vasco só se movimentará depois de haver o reconhecimento ao título do Fluminense de 1952. Gostaria de perguntar ao Sérgio se entendi direito.
    Em tempo: foi extremamente feliz, neste mesmo programa do Casaca, o comentário do Sérgio ressaltando que alguns clubes (como Botafogo) venceram a Copa Conmebol (outro torneio da Conmebol até 1997) e mesmo assim jamais tiveram o direito de participar da Supercopa. Direito que foi dado apenas aos campeões da Libertadores e ao Vasco campeão-sulamericano de 1948, o que mostra que a Conmebol não só reconheceu o título de 1948 mas que reconheceu a paridade histórica do mesmo em relação à Libertadores.
    Digo isso pois já vi elementos da imprensa tentando dissociar o título de 1948 da Libertadores e tentando colocar o Sul-Americano de 1948 como um “torneio sul-americano qualquer”. Um foi o Gilmar Ferreira do Extra, em matéria de 2011 que o Casaca já repudiou muito bem. Outro foi o são-paulino Rodrigo Bueno, que bolou o Ranking Folha de SP de Clubes colocando o Sul-Americano de 1948 muitíssimo abaixo da Libertadores como se fosse não um precursor da mesma mas sim um torneio secundário. E depois o mesmo jornalista foi para a ESPN em cujo site escreveu um texto sobre a Libertadores novamente diminuindo o reconhecimento dado ao título.
    Por fim, eu gostaria de perguntar se a Diretoria tem algum plano para tentar o reconhecimento do título de Paris de 1957. O Jacques Ferran, jornalista francês do L’Equipe que criou a Copa dos Campeões da Europa, ainda está vivo e ano passado deu uma entrevista ao GloboEsporte confirmando que o Sul-Americano do Vasco foi o inspirador da Copa dos Campeões. Ele trabalhou no L’Equipe com Jacques Goddet, administrador do Estádio Parc des Princes na época do Torneio de Paris de 1957, e que bolou com João Havelange a criação da Copa Intercontinental um ano depois da conquista do Vasco em Paris. Creio que ele seria uma boa fonte de informação sobre o impacto do Torneio de Paris. Se ele confirmar a importância do Torneio, não haverá quem poderá negá-la. Nem UEFA, nem CONMEBOL, nem FIFA.

  7. O SULAMERICANO DE CLUBES CAMPEÕES DE 1948 ERA A LIBERTADORES DA ÉPOCA COMO AS COPA RIO/RIVADAVIA DE 51/52/53 E COPA PARIS 57/58/59 ERAM O MUNDIAL DE CLUBES DA ÉPOCA , O VASCO TAMBEM É O ÚNICO DO RJ BICAMPEÃO INTERCONTINENTAL [ MUNDIAL ] DE 53/57 . ABRAÇOS .

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