Coluna do Torcedor
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51 anos de Vasco, suor e sangue

Assim como todo mundo, não consigo me recordar como nasci. Me contaram que foi no Méier, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, mas não foi no Hospital Salgado Filho. Nasci na rua Cônego Tobias, mais precisamente no número 80. Em uma garagem decorada de bandeiras Cruzmaltinas da casa do Dr. Guilherme.

Sou fruto do casamento do Vasco e a revolução. Onde a honra de lutar contra a opressão do estado, a favor da liberdade, da democracia e misturado com a indignação de 11 anos sem conquistar um título estadual, corriam nas veias.

No Maracanã fui batizado. O saudosismo pelo meu bairro de origem saia de cena pra divulgar em faixa branca de letras pretas, um nome composto de impacto que deu tremedeira em muita gente.

Daí em diante, tive muitos amigos que se dividiram em gerações e um bom tempo depois em famílias. Inimigos fiz muitos mais, mas não me arrependo. Nesse mundo o preço de defender os anônimos que carregam a cruz é esse, desde o século XII.

Depois do Méier, já morei em Cavalcante, Piedade, São Cristovão e a 3 anos estou de volta ao Centro. Porém, nesse país continental passou até ficar difícil de contar quantas casas eu tenho. Portugal, Estados Unidos e outros países eu desembarquei, e me firmei.

Em pleno 2021, muitos não entenderam o sentido do que vim fazer nesse mundo. Alguns gritam e cometem atrocidades em meu nome, outros me disputam como se eu pudesse ser patrimônio de alguém, mas no fundo eu entendo. Na verdade, esses não me conhecem!

Sei que ando sumido há seis anos, mas a cada ano que passa, vejo maior o clima hostil entre os vascaínos, principalmente dentro do quadro social. Isso desrespeita todo sangue derramado em unidade pela defesa dos vascaínos, que preguei como ideal nesses 51 anos. Judicializações e golpes contra o estatuto, contrariaram toda a luta jovem pela liberdade de expressão, que fui forjado.

Nesse 51° aniversário, só tenho a desejar que tenham mais respeito pelo Vasco, pois foi pelo Vasco que homens de honra morreram nas ruas.

Até breve,
A Força

Texto: Pedro Sampaio / Sócio estatutário do CRVG

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